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quinta-feira, 7 de agosto de 2025

São José, Padroeiro da Boa Morte

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 
*Artigo do Padre Mauro Negro, OSJ

 

‘Quando falamos de ‘ladainha’, na espiritualidade e na devoção, falamos de um conjunto de títulos, de qualidades ou de percepções que se tem de alguém ou de uma situação. É conhecida a ladainha lauretana, que é a de Nossa Senhora. Temos as ladainhas dos santos, dos mártires, do sagrado coração de Jesus etc. Existe também a ladainha de São José. Falaremos agora do título de São José, Padroeiro da Boa Morte.

A ladainha de São José tem o título de ‘Padroeiro dos Moribundos’ ou ‘Agonizantes’. Moribundo é aquele que está às portas da morte, em agonia, em sofrimento. É a pessoa que está na espera, serena ou não, de que sua vida termine. A devoção popular identificou esse ‘padroeiro dos moribundos’ com ‘padroeiro da boa morte’. Por que ‘boa morte’?

A morte pessoal, para a maioria das pessoas, não é algo ‘bom’. Nós encontramos um texto ligado a São José, chamado História de José, o carpinteiro. É um dos famosos evangelhos apócrifos e conta, de modo narrativo, a história dele. É Jesus que conta a história de seu pai e Ele se concentra no momento da morte de José.

Nesse texto apócrifo, quando José está para falecer, Jesus vem ao seu encontro e Maria, esposa de José e mãe de Jesus, está lá. Jesus e Maria, ao lado de José, acompanhando-o nos momentos finais de sua vida. A ‘boa morte’ é o fato de estar entre Jesus e Maria, acompanhado e amparado por eles.

Esse texto mostra Jesus contando aos seus discípulos a vida, as dificuldades, as crises, os esforços, alguns atos heroicos de seu pai na Terra, José. Em certo momento, aparece o tentador, chamado ali de demônio, visto apenas por Jesus. Ele deseja tomar a alma de José e começa uma luta tremenda entre Jesus e o demônio pela alma e a salvação de José. Essa luta se reflete no sofrimento de José, que entra em agonia. Ele fica agitado, angustiado, com espasmos. Ao seu lado está Jesus, que luta com o tentador que deseja possuir José e levanta histórias falsas sobre ele. Jesus defende José e a presença de Maria dá segurança na luta que acontece.

Finalmente, Jesus vence o demônio e José pode morrer sossegado. Isso tudo veio da presença de Jesus e Maria ao seu lado. Assim, José é visto como padroeiro da boa morte.

A piedade cristã recorre a São José para pedir que ele atenda os que estão no limite entre a vida e a morte. Existem quadros, aliás, que causam impacto pelas expressões dos personagens, mostrando a situação da morte de José, geralmente um idoso, deitado com Maria e Jesus ao seu lado, segurando suas mãos ou sua cabeça.

O episódio da morte de José não se encontra na Bíblia, mas no Evangelho apócrifo que indicamos. Ele entrou na devoção cristã como uma forte esperança de que Deus não deixa, de modo algum, o justo sem apoio e segurança, inclusive na hora da morte. Vem daí a invocação da ladainha ‘Padroeiro dos Moribundos’ ou a devoção de ‘Padroeiro da Boa Morte’.

Se a nossa morte pessoal é um problema para cada um de nós, a ressurreição de Cristo, celebrada na Páscoa, é a esperança. Para quem tem fé é a certeza da vida em Cristo. José, Padroeiro da Boa Morte, dos Moribundos ou Agonizantes, é um sinal da esperança que devemos ter nesse momento.’

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://revistaavemaria.com.br/sao-jose-padroeiro-da-boa-morte.html

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Padroeiros

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 Europe_Patron_saints_Mosaic
*Artigo de Cardeal Dom Orani João Tempesta, O. Cist.,
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ


Podemos nos perguntar : por que uma arquidiocese, diocese, paróquia e cidade possuem seu padroeiro? A palavra padroeiro evoluiu de patronariu, patronus, ‘patrono’, aquele que protege, que defende, e sua forma feminina é mesmo ‘padroeira’ e não palavra que tenha em seu radical o correspondente feminino mater, mãe. Patrono, orago ou padroeiro é um santo ou anjo a quem é dedicada uma localidade, povoado ou templo, arquidiocese ou diocese, capela, Igreja etc.

Existem diversas passagens bíblicas que mostram a existência de anjos protetores que velam pelo destino de um povo, lugar ou igreja, e aqui quero citar três pelo menos : ‘ainda disse ele : Sabes por que eu vim a ti? Agora tornarei a pelejar contra o príncipe dos persas (um anjo); e, saindo eu, eis que virá o príncipe da Grécia (um anjo)’ (Dn 10, 13.20). ‘Naquele tempo se levantará Miguel, o grande príncipe, que se levanta a favor dos filhos do teu povo; e haverá um tempo de tribulação, qual nunca houve desde que existiu nação até aquele tempo; mas naquele tempo livrar-se-á o teu povo, todo aquele que for achado escrito o teu povo, todo aquele que for achado no livro’ (Dn 12, 1).

Com o Cristianismo, temos o conceito de que os anjos e santos continuam intercedendo pelos vivos, isto já era algo comum entre os primeiros cristãos, segundo os registros dos séculos II e III. Os santos escutam nossas orações, pois veem a Deus face a face, são semelhantes a Ele (1 Jo 3, 2), o Espírito tudo os pode revelar (1 Cor 2, 9-10), já que irão julgar o mundo (1 Cor 6, 2). A intercessão deles por nós é o maior serviço que prestam a Deus, pois os santos hão de julgar o mundo (Mt 19,28), (1 Cor 6,2).

Os santos, por serem invocados por muitos cristãos de um determinado local, passaram a ser tidos como protetores desses lugares, tornando-se assim padroeiros ou oragos. É daí que vem a tradição de colocar um santo como padroeiro de uma cidade, arquidiocese, diocese, prelazia, paróquia e quase-paróquia, bem como nas comunidades eclesiais. É claro que nos primeiros séculos não tínhamos já as divisões territoriais eclesiásticas tal qual temos hoje.

A data que marca a escolha do padroeiro para as catedrais, igrejas ou localidades é o século VII. A partir desse século quase todas as igrejas começam a organizar-se no sentido de elegerem os seus padroeiros, sendo escolhidos, em primeiro lugar, naturalmente, as figuras do Divino Salvador e da Virgem Maria, seguidos dos Santos Mártires.

Em documentos da Idade Média, é usual o nome de uma localidade ser antecedido do nome do padroeiro, datando dessa época o processo da constituição das paróquias formadas em núcleos sociais, a assinalar a vida comunitária e religiosa das populações. Símbolo da fé do povo e sinônimo de proteção à comunidade paroquial – a delimitar, por vezes, o próprio território que lhe cabe, como guardião das terras e dos seus respectivos habitantes, o santo padroeiro significa o amparo e o confidente, o protetor, aquele que, por sua intercessão junto de Deus, tem a faculdade e a missão de defender e obter para quem a ele recorre, o louva e nele confia, as graças pedidas em oração e voto de promessa – particularmente nas alturas mais precisas e difíceis da vida de cada um.

Devido a isso temos um santo como padroeiro de uma cidade, arquidiocese, diocese, prelazia, paróquia e quase-paróquia. Em caso de cidade podemos citar :

O Rio de Janeiro, que tem como o seu santo padroeiro São Sebastião : soldado do Império Romano no final do séc. III e início do séc. IV. Sebastião sofreu o martírio em Roma, em virtude da sua fidelidade a Cristo e à Igreja. Em 1565, foi escolhido como padroeiro de nossa cidade, para cujos fiéis é modelo de fé, coragem, constância e disponibilidade. São Sebastião foi um grande missionário do seu tempo, levando o nome de Jesus a todos, fortalecendo os que estavam cansados e abatidos pela perseguição religiosa daquela época.

No caso de arquidiocese podemos citar a vizinha Arquidiocese de Niterói, que tem como padroeiro São João Batista : no dia 24 de junho, a Igreja celebra a solenidade litúrgica do nascimento de João Batista, ‘o maior dos profetas’, que foi enviado ‘para preparar os caminhos do Senhor’. Ele e a Virgem Maria são os únicos em que a liturgia lembra o nascimento. Os demais santos são comemorados no dia da morte, mas João é comemorado duas vezes : no nascimento e no seu martírio, celebrado em 29 de agosto.

Em caso de paróquia, podemos citar : a paróquia de São Jorge e as várias igrejas dedicadas a São Jorge espalhadas pelo mundo, particularmente dentro de nossa Arquidiocese : um soldado cristão do Império Romano no século IV. Quando o imperador Diocleciano declarou perseguição aos adeptos do cristianismo, Jorge protestou e acabou sendo torturado pela insolência. Ele morreu decapitado em 23 de abril de 303, mas sua história foi contada em diversas cidades do Império Romano pelos soldados que estavam em missão. Foi assim que ele ganhou sua fama e virou são Jorge, o santo guerreiro. Essa é, em teoria, a história verdadeira, conforme é contada pela Igreja Católica. Mas a história do santo também está envolvida em algumas lendas piedosas.

Contudo, quando falamos de padroeiro, estamos remetendo aqueles que são protetores e intercessores do povo, de uma comunidade ou de toda uma cidade. No nosso caso, queremos pedir ao nosso padroeiro São Sebastião que interceda por sua cidade e seus habitantes, e sua vida seja de exemplo para todos nós. Que, seguindo a Cristo como seguiu São Sebastião, possamos ter dentro de nossas fronteiras amor, compaixão, misericórdia e paz a cada lar. A Paz esteja com todos!’


Fonte :