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segunda-feira, 7 de abril de 2025

Melodia Suave

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

*Artigo de Ricardo Abrahão 


‘‘Veio um furacão tão violento que despedaçava os montes e quebrava os rochedos diante do Senhor; mas o Senhor não estava no vento. Depois do vento veio um terremoto; mas o Senhor não estava no terremoto. Depois do terremoto veio um fogo; mas o Senhor não estava no fogo. Depois do fogo ouviu-se uma brisa suave.’ (1Rs 19,11-12)

Um bom músico não é aquele que faz malabarismos sonoros, os quais são consequências de questões neurológicas cognitivas. O músico que de fato faz bela arte é aquele que tem o que há de mais precioso na vida humana : a escuta! Saber escutar os sons e classificá-los é o que mais caracteriza um ouvido sensível e humilde. O ouvido humilde é simples : aceita o som como ele é.

A humanidade está se esquecendo, cada vez mais, de escutar. É preciso aprender a escutar, a investir nos processos de escuta. A Igreja – sempre mestra na escuta – transmite a nós de geração em geração um legado incalculável sobre a escuta, a música, a oração e a contemplação. Então, de imediato, surge uma pergunta : por que há tanto barulho nas igrejas? O que anda acontecendo com nossas músicas? Há um ensinamento no Evangelho que nos responde olho no olho : conhece-se uma árvore pelos frutos que ela dá.

O fruto da oração é o silêncio interior, uma melodia suave capaz de preencher todo o ser de sua própria existência como criatura legítima do amor do Pai, do Filho e do Espírito Santo e, por isso, Jesus diz que não somos mais servos e sim seus amigos e irmãos. Jesus é o caminho perfeito para a escuta do amor do Pai. O barulho nas igrejas é resultado da busca de um Deus na tempestade, no terremoto, no fogo. É uma tentativa vã de convencer o outro sobre a existência de um Deus que ainda não foi encontrado no silêncio interior. É preciso subir o monte da humildade como Elias, da busca, do conhecimento. 

Ao escutar melodias profundas como o canto gregoriano, os motetos de Palestrina, os sons sublimes de Bach e os tons salmódicos da Igreja, o coração humano encontra a essência do divino pulsando no peito. É preciso cantar a liturgia com o pulsar da brisa suave. Anselm Grün, em seu livro As exigências do silêncio, comenta sobre os pensamentos do mestre Eckhart dizendo ‘Em cada um de nós existe um lugarzinho onde o silêncio é completo, um lugar livre do ruído dos pensamentos, livre das preocupações e desejos. É um lugar em que nós mesmos nos encontramos inteiramente em nós. Esse lugar, que não é perturbado por nenhum pensamento, é para Eckhart o que existe de mais precioso no homem, o ponto onde o verdadeiro encontro entre Deus e o homem pode ocorrer. A esse lugar do silêncio nós precisamos avançar. Não temos necessidade de criá-lo, ele já existe, apenas está obstruído por nossos pensamentos e preocupações. Quando desobstruímos em nós esse lugar do silêncio, poderemos encontrar Deus assim como ele é’.

A única música verdadeiramente litúrgica é aquela que abre nossos corações para encontrarmos Deus assim como Ele é! Escute com amor!’

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://revistaavemaria.com.br/melodia-suave.html

segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

Musicalidade e Esperança

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 
*Artigo de Ricardo Abrahão 


‘A arte da escuta atravessa a história humana e desloca o homem a elaborar seus instintos auditivos de sobrevivência, transformando a mesma escuta na mais sublime capacidade interior, o sentimento. Foi numa noite silenciosa, calma, que pessoas simples ouviram um coro angélico cantar ‘Gloria in excelsis Deo et in Terra pax hominibus bonae voluntatis’. A música celestial só pode ser ouvida por aqueles que, de um modo ou de outro, aproximam-se da humildade. Não foi difícil aos pastores o encontro com o Menino Jesus, bastou a eles seguir a melodia dos anjos para reconhecerem a grande esperança acolhida pela manjedoura na gruta de Belém.

Noite silenciosa! Noite santa! O encontro sublime entre a maior humildade e o maior louvor! A criação parou para escutar a esperança. Quem se propõe a músico litúrgico se coloca à disposição de trabalhar com os sons em função da esperança. Um músico narcisista não oferece nada além do que sua incapacidade de sentir esperança. Não é uma simples questão de entendimento. O ponto central da melodia cristã é o sentimento, uma experiência delicada com o Espírito Santo. Temos testemunhado muitos ‘entendidos’ no Evangelho que mais criam conflitos do que esperanças.

A musicalidade da esperança é infalível e inconfundível porque conforta o coração, acalenta sonhos, toca a oração profunda e transforma tudo em caridade. A esperança é uma melodia interior que transcende tempo e espaço e, como a Estrela Guia, leva-nos à manjedoura da humildade onde o Amor incarnatus est nos aguarda para abraçar-nos para sempre. 

Que o Natal de Jesus seja a melodia que nunca cessa de cantar o amor em nossos corações! Feliz Natal!’

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://revistaavemaria.com.br/musicalidade-e-esperanca.html

segunda-feira, 11 de março de 2024

O silencio melodioso de São José

 Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)


*Artigo de Ricardo Abrahão 

‘A música católica em sua origem é expressão do silêncio de Deus. Sem amorosa compreensão sobre o silêncio de Deus, a ação do Espírito Santo encontra dificuldades para ser bem entendida. 

Os sons encantam a vida e o coração. O maior trabalho do cristão consiste em conquistar um coração puro e ser manso e humilde como Jesus, exatamente onde reside o ponto central da expressão : música do coração! No entanto, há muita confusão sobre o tema. Cantar a liturgia com o coração não é colocar para fora nossas emoções particulares, muitas vezes fundamentadas em ilusões, vaidades e afetos narcisistas. Não! Cantar a liturgia é estar despojado de si mesmo e mergulhado no silêncio de Deus. A liturgia garante a escola da Eucaristia na celebração e no coração e, como exorta o Papa Bento XVI na Exortação Apostólica Sacramentum Caritatis, ‘a melhor catequese é a liturgia bem celebrada’ (64). Alguns sons levam ao vazio e alguns silêncios à iluminação. O silêncio de Deus é a plenitude do Espírito Santo. São João da Cruz resume a voz do Pai em uma única palavra : ‘Uma palavra disse o Pai, que foi seu Filho; e di-la sempre no eterno silêncio e em silêncio ela há de ser ouvida pela alma’.

O silêncio de São José é a referência sonora a todo músico católico. Quem se empenha em acolher de todo o coração o exemplo de São José não encontrará dificuldade alguma em entender e amar o silêncio de Deus e cantará o Magnificat mergulhado no entendimento de Maria Santíssima. São José escutou e abraçou o coração de Maria fazendo do lar de Nazaré verdadeira harmonia do coro dos anjos. Quanto se defende entre ideologias e conceitos o valor da família. Quanto barulho! Bastaria aprender a ser pai e esposo como São José e transformar o lar em ressonância de paz, o que serve também aos sacerdotes e superiores religiosos muitas vezes tão ruidosos e sem o espírito de oração; pouco ou nada aprenderam do silêncio de Deus. 

Para ser pai e mãe suficientemente bons é preciso aprender com São José e Maria Santíssima. É necessário silêncio, silêncio interior. Silenciar afetos egoístas. Se um lar deseja ser cristão, necessita escutar com sabedoria. Só Deus sabe o que é melhor aos filhos em um lar e aos fiéis na Igreja. A criatura não está aqui para fazer sua vontade própria, mas a vontade de Deus. É preciso promover a escuta do silêncio de Deus para que o Espírito Santo atue na vida de cada um. Pais, sacerdotes e superiores devem tomar o máximo cuidado com a língua e com a voz proveniente do egoísmo. O Espírito Santo não atua no coração ensurdecido.

São José conduziu a Sagrada Família e zelou pela mãe e pelo Filho nas pautas da partitura de Deus. Seja ele nosso regente, o arranjador da nossa música interior e a escola de harmonia sagrada rumo ao silêncio de Deus! Cante seu hino em nossos corações :

‘Te, Ioseph, celebrent agmina caelitum,

te cuncti resonent Christiadum chori,

qui, clarus meritis, iunctus es inclitae,

casto foedere Virgini’

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://revistaavemaria.com.br/o-silencio-melodioso-de-sao-jose-2.html