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segunda-feira, 22 de abril de 2024

São Jorge, mártir (século IV)

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 
*Artigo da redação da revista Ave Maria


‘Os exemplos de todos os mártires nos primeiros séculos eram convites aos não cristãos à conversão e, nos séculos seguintes, quando o Batismo começou a ser ministrado às crianças, estimulava os cristãos a redescobrirem o valor desse Sacramento, encarnando com seriedade o Evangelho na vida pessoal e da comunidade.

São Jorge é um mártir do século III ou IV, certamente antes do Édito de Constantino. Sabemos que existiu uma antiquíssima igreja, construída em sua honra, em Lidda-Diospolis, Palestina. Exceto o fato de ter existido, nada mais sabemos de certo sobre esse santo e devemos nos contentar com aquilo que foi descrito em sua passio (atas do sofrimento) a respeito de seu martírio, historicamente incerta, escrita – diz-se – por seu ajudante de nome Pasicrate.

Segundo esse autor, Jorge era originário da Capadócia e tornou-se oficial do exército. Convertido ao cristianismo, renunciou a seu ofício e, quando foi preso por causa da fé, enfrentou com firmeza o martírio.

A lenda do dragão

À sua figura foi ligada a famosa lenda do dragão, que vale a pena ser contada, pois no imaginário popular queria significar que então a força desarmada do cristianismo estava para triunfar sobre a violência desumana do mal.

Próximo da cidade, havia um lago do qual de tempos em tempos saía um horrível dragão que, com seu hálito fétido, matava muitas pessoas inocentes.

Para aplacar sua ira era necessário lhe oferecer vítimas humanas e uma vez coube ao rei do lugar dar-lhe em alimento a própria filha. Mesmo profundamente entristecido, levou-a até o lago, acompanhado por uma multidão de pessoas aos prantos.

Quando o dragão saiu das águas para agarrar a jovem, encontrou ao seu lado um cavaleiro, Jorge, que lhe pôs uma corrente ao pescoço e entregou-o à jovem. Iniciou-se a procissão de volta para a cidade : caminhava a filha do rei e ao seu lado o corajoso cavaleiro, levando preso à corrente o monstro que se tornou manso como um cordeiro.

Quem permaneceu na cidade, ao ver o dragão acorrentado e então inofensivo teve medo, fechava a porta e espiava pela janela entreaberta o insólito espetáculo. O cavaleiro garantia a segurança a todos, afirmando que ele viera em nome de Cristo para libertar a cidade do dragão e anunciar a todos a salvação por meio do Batismo. O povo percebeu o significado do acontecimento e, a começar pela princesa e sua família, pediram o Batismo, deixando para sempre as práticas de escravidão às quais se submetiam até aquele momento.

O culto

O culto a São Jorge foi e continua sendo um dos mais difundidos no mundo cristão em todos os lugares. Sua imagem de cavaleiro com o dragão sob seus pés se de um lado alimenta a fantasia popular, de outro instrui também os analfabetos, infundindo nos cristãos a confiança na proteção divina também nos momentos mais difíceis da vida. Na Idade Média, São Jorge se tornou protetor dos cavaleiros e, de maneira particular, dos cruzados; numerosas igrejas foram dedicadas a ele. Devido a São Jorge, o reino da Geórgia e os reis da Inglaterra, a começar por Ricardo Coração de Leão, quiseram que ele fosse o patrono da casa real e de suas terras.

O imperador Constantino ergueu uma igreja em Constantinopla em homenagem a São Jorge. Entre os povos eslavos sua figura é muito apreciada.

Ainda hoje é incontável o número de igrejas católicas e ortodoxas dedicadas a ele, em todas as partes do mundo. Talvez a função histórica desses santos envoltos em lendas seja a de recordar ao mundo um só pensamento muito simples, mas fundamental : o bem, mesmo que demore, vence sempre o mal e a pessoa sábia nas escolhas fundamentais da vida não se deixa jamais enganar pelas aparências.’


Fonte : *Artigo na íntegra

https://revistaavemaria.com.br/sao-jorge-martir-seculo-iv.html


sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Local de culto de primeiros cristãos danificado na Síria

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)


‘O conflito na Síria não ceifa somente milhares de vidas e destrói a infra-estrutura do país, mas afeta também o patrimônio histórico-arqueológico. Um relatório divulgado há poucos dias pelo Instituto das Nações Unidas para a Formação e a Pesquisa confirma, que entre os lugares destruídos ou violados pela guerra, está a 'domus ecclesiale' de Dura Europos, um dos mais antigos locais de culto cristão conhecido.

A construção não é uma igreja, como conhecemos nos moldes atuais, mas uma habitação em que, ainda na época helenística – antes do Edito de Constantino – os cristãos se reuniam para as suas celebrações, reservando ao culto somente algumas salas, maiores que as outras.

Dura Europos era uma florescente cidade da Síria Oriental, fundada pelos Seleucides, mas abandonada posteriormente à ação das areias do deserto, em 256 d.C., após a conquista dos persas. Uma importante campanha de escavações realizada entre os anos 20 e 30 do século XX trouxe à luz a cidade, sendo batizada então como ‘Pompéia do deserto’. Entre as edificações descobertas - junto a uma magnífica sinagoga repleta de afrescos - está aquela que tornou-se o ponto de referência por excelência do local : a ‘domus ecclesiale’.

A parte superior da casa manteve suas características de habitação. Mas na parte inferior, por volta do ano 230 d.C., uma pequena sala capaz de comportar não mais do que 60 pessoas, passou a ser usada como local de culto cristão. Os afrescos encontrados nas paredes testemunham este fato : as primeiras representações que conhecemos do Bom Pastor, da cura do paralítico e de Jesus junto a Pedro que caminha sobre as águas.

A idéia de uma igreja separada das casas ganhou corpo somente após o ano 313, quando o Imperador Constantino concede a liberdade de culto com o Edito de Milão.

Conservada intacta por séculos pela areia do deserto, este testemunho histórico das primeiras comunidades cristãs sofre sérios danos com a guerra na Síria. Desde 2011, nenhum arqueólogo aventurou-se a colocar os pés em Dura Europos, localizada na zona controlada pelos rebeldes, e nos últimos meses, dominada pelo ‘Califado’.

Imagens de satélite revelam a existência de buracos nas edificações, sugerindo ação de saqueadores. ‘As paredes da edificação ainda são visíveis, portanto, nem tudo foi destruído’, observa o relatório da agência da ONU.


Enquanto incialmente os saques na Dura Europos eram atribuídos, ao menos em parte, a pessoas do local - explica a Agência da ONU - mais recentemente foram feitos por bandos armados de cerca 300 pessoas, alguns falam de mil, que se pensa não serem sírios’’.


Fonte :
* Artigo na íntegra de http://www.news.va/pt/news/local-de-culto-de-primeiros-cristaos-danificado-na

sábado, 12 de julho de 2014

Santo Henrique

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)



Nasceu na Baviera em 973; sucedeu a seu pai no governo do ducado e mais tarde foi eleito imperador. Distinguiu-se por seu zelo em promover a reforma da vida da Igreja e a atividade missionária. Fundou vários bispados e enriqueceu mosteiros. Morreu em 1024 e foi canonizado pelo papa Eugênio III, em 1146.


A Liturgia das Horas e a reflexão no dia de Santo Henrique :

Ofício das Leituras

Segunda leitura
De uma antiga Vida de Santo Henrique
(MGH, Scriptores 4, 792-799)        (Séc.XI)

Garantiu para a Igreja os bens da paz e da tranquilidade
Este santíssimo servo de Deus, depois de ter sido sagrado rei, não se contentou apenas com as preocupações do reino temporal. Mas, querendo obter a coroa da imortalidade, decidiu combater pelo sumo Rei, a quem servir é reinar. Para tanto, dedicou a maior solicitude na promoção do culto divino, enriquecendo as igrejas com diversas doações e oferecendo-lhes toda sorte de ornamentos e alfaias sagradas. Fundou nos seus domínios o bispado de Bamberga, dedicado aos príncipes dos apóstolos São Pedro e São Paulo e ao glorioso mártir São Jorge, confiando-o à jurisdição especial da Santa Igreja Romana. Queria assim prestar à primeira Sé da cristandade a honra que lhe é devida por direito divino, e dar maior firmeza à sua fundação, colocando-a sob tão elevado patrocínio.

Este homem piedosíssimo se empenhou cuidadosamente em garantir para a sua nova Igreja os bens da paz e da tranquilidade. Para que isto fique evidente aos olhos de todos, tendo em vista os tempos futuros, incluímos aqui o testemunho de uma carta sua :

Henrique, rei por divina clemência, a todos os filhos da Igreja, tanto aos futuros como aos presentes. As determinações salutares da Palavra sagrada nos ensinam e advertem que, abandonando os bens temporais e rejeitando as vantagens terrenas, tenhamos em mira alcançar as mansões eternas, que permanecem para sempre nos céus. Pois a glória presente, enquanto a possuímos, é passageira e vã, a não ser que pensemos simultaneamente na glória eterna do céu. Contudo, a misericórdia de Deus providenciou para o gênero humano um remédio eficaz, ao estabelecer que uma parcela da pátria celeste fosse adquirida com os bens terrenos.

Por conseguinte, não nos esquecemos da clemência divina e nem desconhecemos que fomos elevados ã dignidade real por uma escolha gratuita da misericórdia de Deus. Eis por que julgamos conveniente não apenas ampliar as igrejas construídas por nossos antecessores, mas também edificar, para maior glória de Deus, outras novas igrejas e enobrece-las com generosas dádivas da nossa devoção. Por esta razão, não fechando os ouvidos aos mandamentos do Senhor e prestando obediência aos conselhos divinos, desejamos colocar desde já, no céu, os tesouros que recebemos da riqueza e da generosidade de Deus; lá os ladroes não os desenterram nem roubam, nem a ferrugem ou a traça os destroem. Assim, ao pensarmos nos bens que lá vamos agora acumulando, que o nosso coração esteja sempre voltado para o céu, pelo desejo e pelo amor.

Por isso, queremos que todos os fiéis saibam que o lugar chamado Bamberga, parte de nossa herança paterna, foi elevado a sede e sólio episcopal. Aí se perpetuará a memória nossa e de nossos pais, e será oferecido sem cessar o sacrifício da salvação por todos os que professam a verdadeira fé’.


Fonte :
‘In Liturgia das Horas III’, 1421, 1422