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quarta-feira, 19 de outubro de 2022

Schevchuk: a sexualidade está sendo usada como arma, como instrumento de desprezo e humilhação

 Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 
*Artigo de Sviatoslav Schevchuk,

Pai e Primaz da Igreja Greco-Católica Ucraniana

 

Queridos irmãos e irmãs em Cristo!

Hoje é terça-feira, 18 de outubro de 2022, e pelo 237º dia o povo ucraniano está em uma batalha desigual, mas indomável, defendendo sua liberdade e independência na sangrenta guerra iniciada pelo agressor russo contra nossa pátria.

No último dia - e na noite de ontem -, na Ucrânia foi mais uma vez um dia de terrorismo russo. O inimigo lançou 10 ataques de mísseis no território de nossa Pátria, 58 ataques aéreos e 60 bombardeios de sistemas de disparos múltiplos. 35 centros habitados da Ucrânia, nossas cidades e povoados, foram afetados. E acima de tudo ontem à tarde e esta noite a Ucrânia sofreu com esses chamados drones kamikaze.

Ontem, nossa Kyiv foi gravemente atingida. No centro da cidade, no distrito de Shevchenkiv, em consequência dos ataques desses drones, ao menos quatro pessoas morreram. E entre eles estava uma mulher grávida que morreu abraçada com o marido. Também houve ataques em Odessa e Dnipro. Ontem à noite, nossa sofredora Mykolayiv foi bombardeada duas vezes. Neste momento, há uma morte confirmada de pelo menos uma pessoa.

Mas a Ucrânia está de pé! A Ucrânia está lutando! A Ucrânia está rezando!

Nestes dias, vocês e eu dirigimos nossa atenção e nossas orações à família ucraniana, a esta união de amor inseparável, fecunda e fiel entre um homem e uma mulher. O Senhor Deus deseja que a família ucraniana, a família de qualquer povo ou nação, seja um oásis de amor. Porque o amor dá vida e o amor é necessário para o crescimento e desenvolvimento da pessoa humana. Mas em condições de guerra, vemos que a família, como oásis de amor, encontra-se num mar de violência, num mar de malícia que destrói uma pessoa.

A violência, os assassinatos em massa que vemos hoje na Ucrânia são simplesmente terríveis. Mas uma das características dessa guerra – que provavelmente ficará na história como uma guerra de violência particular contra a esfera íntima de uma pessoa – será caracterizada por uma certa arma que a Rússia usa contra a Ucrânia : a sexualidade está sendo usada como arma, como instrumento de desprezo e humilhação da pessoa humana. Temos um grande número de casos horríveis de estupro em massa. Temos casos em que meninas e mulheres engravidaram de seus agressores. Pode-se imaginar o quanto essa violência contra a esfera íntima de uma pessoa fere a família ucraniana, o quanto fere a dignidade de homens e mulheres. Destrói o que o Senhor Deus criou por amor.

Hoje, somos obrigados a fazer de tudo para garantir que a família esteja livre de violência. Se a família, como oásis de vida e amor, não for protegida de todo tipo de violência, então, aparentemente, não resistirá. Façamos juntos todo o possível para que nossos homens e mulheres se amem, e o ocupante russo nunca invada a família ucraniana com uma terrível face de violência.

Ontem recebemos uma boa notícia. 108 mulheres ucranianas foram libertadas do cativeiro russo! Agradecemos ao Senhor Deus por essas mães e mulheres salvas, pelo fato de poderem retornar às suas casas nativas, às suas famílias nativas. Mas hoje, vamos todos cercar essas mulheres com nossa atenção, amor e oração. Vamos aquecê-las com o calor de toda a nossa nação. Porque os fatos de violência contra as mulheres no cativeiro russo, que eles contam, apenas partem o coração e fazem o sangue ferver em nossas veias.

Ó Deus, Tu és um Deus de amor, Tu és um Deus de misericórdia. Pelo poder do Teu amor, ajuda-nos a derrotar o mal e a violência no meio desta guerra! Ó Deus, olha com atenção especial para a família ucraniana, protege este oásis de vida e amor que criaste para a felicidade humana! Ó Deus, abençoe a família ucraniana! Ó Deus, abençoe os soldados ucranianos, meninas e meninos que estão fazendo tudo hoje para expulsar a guerra e seus mensageiros de nossa Pátria! Ó Deus, abençoe a Ucrânia com Sua justa paz!

Que a bênção do Senhor esteja sobre vocês por meio de Sua graça e amor pela humanidade,  agora e para todo e sempre, amém!

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!’


Fonte : *Artigo na íntegra

https://www.vaticannews.va/pt/igreja/news/2022-10/ucrania-mensagem-arcebispo-greco-catolico-kiev-237-dia-guerra.html

domingo, 16 de agosto de 2015

Estado Islâmico justifica estupros generalizados ‘em nome de Deus’

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)


 *Artigo de Rukmini Callimachi,
Do ‘New York Times’


 Intepretação distorcida do Alcorão é utilizada com escravas sexuais yazidi

‘Momentos antes de estuprar a menina de 12 anos, o combatente do Estado Islâmico (EI) tomou o tempo de explicar que o que estava prestes a fazer não era um pecado. Já que a garota era adepta de uma religião diferente do Islã, o Alcorão não apenas lhe dava o direito de estuprá-la — ele encorajava isso, insistiu o jihadista. Após amarrar suas mãos e amordaçá-la, ele se ajoelhou ao lado da cama e se prostrou em oração antes de consumar o ato sexual. Quando acabou, se ajoelhou para orar de novo, cercando o estupro com atos de devoção religiosa.

— Eu fiquei dizendo que estava machucando, para ele parar por favor. Ele disse que segundo o Islã ele pode estuprar uma infiel, que isso o deixa mais perto de Deus — disse ela em uma entrevista ao lado da sua família no campo de refugiados para o qual escapou após 11 meses cativa.

O estupro sistemático de mulheres e meninas da minoria religiosa yazidi se entranhou na organização e na teologia radical do EI no ano que se passou desde que o grupo anunciou que decidira reviver a instituição da escravidão. O comércio de mulheres yazidis criou uma infraestrutura permanente, com uma rede de armazéns onde as vítimas são mantidas, salas de exibição onde elas são inspecionadas e vendidas e uma frota de ônibus usada para transportá-las.

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Um total de 5.270 yazidis foram sequestrados no ano passado, e ao menos 3.144 ainda são mantidos cativos, de acordo com líderes da comunidade. Para negociá-los, o EI desenvolveu uma detalhada burocracia de escravidão sexual, incluindo contratos de venda registrados por cortes islâmicas. A prática também se tornou uma ferramenta para recrutar homens de sociedades muçulmanas profundamente conservadoras, onde sexo casual é tabu e namoros são proibidos.

Um crescente número de memorandos internos e discussões teológicas estabeleceu diretrizes para a escravidão, incluindo um manual divulgado pelo Departamento de Pesquisa e Fatwas (decretos religiosos) no mês passado. Repetidamente, as lideranças do EI enfatizam uma leitura seletiva do Alcorão que não apenas justifica a violência, mas que celebra cada ataque sexual como espiritualmente benéfico, e até virtuoso.

— Todas as vezes que ele vinha me estuprar, ele rezava. Ele ficava dizendo que era ibadah (adoração religiosa)— diz uma menina de 15 anos capturada no Monte Sinjar ano passado e vendida para um combatente iraquiano de 20 e poucos anos, de quem escapou após nove meses com a ajuda de contrabandistas. — Ele dizia que o estupro era sua oração. Eu dizia : ‘O que você está fazendo comigo é errado e não vai te aproximar de Deus’. E ele dizia : ‘Não, é permitido. É halal (permitido pela religião)’.


  
Conquista Calculada

A introdução da escravidão sexual sistemática pelo EI data de agosto de 2014, quando seus combatentes invadiram as vilas no flanco sul do Monte Sinjar, no Norte do Iraque, lar dos yazidis, uma minoria religiosa que representa menos de 1,5% da população do país. Os sobreviventes dizem que homens e mulheres foram separados logo após a captura. Homens e meninos mais velhos eram executados; as mulheres, meninas e crianças eram levadas embora em camionetes. Depois, eram mantidas em confinamento por dias ou meses, e então enviadas em grupos menores a outras partes do Iraque e da Síria, onde eram vendidas como escravas.

— O ataque ao Monte Sinjar foi tanto uma conquista sexual quanto territorial — diz Matthew Barber, um especialista em yazidis da Universidade de Chicago.

Relatórios detalhados da Human Rights Watch e da Anistia Internacional chegaram à mesma conclusão sobre a natureza do tráfico sexual.

— Foi algo 100% planejado. Falei por telefone com a primeira família que chegou a Mossul, e o local já estava preparado para eles. Havia colchões, pratos e talheres, comida e bebida para centenas de pessoas — diz Khider Domle, um ativista comunitário yazidi.

Da mesma maneira que passagens da Bíblia foram usadas séculos mais tarde para apoiar o tráfico de escravos nos EUA, o EI cita versos específicos do Alcorão ou a Sunna — as tradições baseadas nas falas e atos do profeta Maomé — para justificar o tráfico humano. Estudiosos da teologia islâmica se dividem sobre a interpretação.

— No meio no qual o Alcorão surgiu, havia a prática difundida de homens terem relações sexuais com mulheres que não eram livres. Não era uma instituição religiosa, era apenas como as pessoas faziam as coisas — diz Kecia Ali, professor de religião na Universidade de Boston e autor de um livro sobre escravidão.


Cole Bunzel, professor de teologia islâmica na Universidade de Princeton, discorda, apontando a numerosas referências à frase ‘aquelas que sua mão direita possui’ no Alcorão, que por séculos foi interpretada como ‘mulheres escravas’.

— Você pode argumentar que essas passagens não são mais relevantes e hoje são aberrações. Mas o EI argumentaria que essas instituições precisam ser revividas, porque era isso que o profeta e seus companheiros faziam — diz.’


Fonte :