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terça-feira, 4 de março de 2025

Quarta-feira de Cinzas

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 
*Artigo da Vatican News


‘Desde o início (século II), os cristãos se preparavam para a Páscoa com dois dias de jejum e penitência. Depois, estas práticas foram estendidas para toda a Semana Santa. No ano 325, o Concílio de Nicéia, reconhecia a preparação da Páscoa por 40 dias, segundo o ‘modelo’ de Jesus, que passou 40 dias no deserto, sem contar os 40 anos do Povo de Israel no deserto e os 40 dias de jejum de Moisés, no Sinai ou de Elias no monte Horeb. No início, a Quaresma começava seis domingos antes da Páscoa : mas, visto que não se jejuava aos domingos, a coisa melhor, no século V, foi tirar a Quinta e Sexta-feira Santas do Tríduo pascal e considerá-las como Quaresma. Mais tarde, a Quaresma foi antecipada de quatro dias, chegando assim à atual Quarta-Feira de Cinzas. Com o início da Quaresma começava também a penitência pública para os que se sentiam culpados de pecados graves (apostasia, homicídio, adultério) : vestidos com roupas penitenciais e aspergidos de cinzas, eles passavam pelas cidades, quase como recordação da ‘expulsão do Paraíso’. Em fins do ano Mil, a prática da penitência pública foi diminuindo, mas foi mantida a imposição das cinzas a todos os fiéis. No século XII, começou o uso das cinzas obtidas das oliveiras do ano anterior.

‘Guardai-vos de fazer vossas boas obras diante dos homens, para serdes vistos por eles. Do contrário, não tereis recompensa junto de vosso Pai que está no céu. Quando, pois, dás esmola, não toques a trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem louvados pelos homens. Em verdade eu vos digo : já receberam sua recompensa. Quando deres esmola, que tua mão esquerda não saiba o que fez a direita. Assim, a tua esmola se fará em segredo e teu Pai, que vê no segredo, te recompensará. Quando jejuardes, não façais como os hipócritas, que gostam de rezar de pé nas sinagogas e nas esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade eu vos digo : eles já receberam sua recompensa. Quando orares, entra no teu quarto, fecha a porta e ora ao teu Pai em segredo; e teu Pai, que vê num lugar oculto, te recompensará. Quando jejuardes, não tomeis um ar triste como os hipócritas, que mostram um semblante abatido para manifestar aos homens que jejuam. Em verdade eu vos digo : já receberam sua recompensa. Quando jejuares, perfuma a tua cabeça e lava o teu rosto. Assim, não parecerá aos homens que jejuas, mas somente a teu Pai que vê em segredo; e teu Pai, que vê em segredo, te recompensará’ (Mt 6,1-6; 16-18).

Deserto

Quaresma é a partilha dos 40 dias de Jesus no deserto, tentado por Satanás. Talvez, imaginamos desertos clássicos, de areia e solidão, perigos e emboscadas. Mas, para nós, hoje, os desertos mais difíceis de enfrentar são o cansaço, as problemáticas ou aridez das nossas vidas. Assim, este tempo de graça, definido por Dom Tonino Bello como ‘escalada da vida’, ensina-nos a não escolher os atalhos dos compromissos fáceis, da desconfiança, do pecado, mas saber partilhar este tempo com Jesus, para aprender a dar as justas prioridades.

Oração, jejum, caridade

Aproveitar deste tempo para ouvir a Palavra de Deus e rezar é um convite para colocar Deus acima de tudo e de nós mesmos. Jejuar é renunciar a tudo o que nos satisfaz, mas não ao coração : a oração e a Eucaristia nutrem o coração e dão sentido à vida, porque o amor sacia a verdadeira fome e sede de viver e ser feliz. Se a oração abre o coração às coisas verdadeiras e o jejum nos educa a escolher o que realmente conta na vida, a caridade é sua consequência natural. Talvez, alguns acham que o ‘jejum da carne’ é fora de moda, mas, se pensarmos bem, não é o ‘abrir mão da carne’ que custa tanto, mas, acima de tudo, obedecer à Igreja, Mãe e Mestra, que nos convida a fazê-lo : isto representa toda a sua atualidade. Porém, além deste jejum, não devemos esquecer o jejum do egoísmo, da desconfiança, das falsas seguranças, do ódio, da indiferença...’

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://www.vaticannews.va/pt/feriados-liturgicos/quarta-feira-de-cinzas.html

domingo, 11 de fevereiro de 2024

Não somos eternos!

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

*Artigo de Rosa Maria Dilelli Cruvinel


Na Quarta-feira de Cinzas, inicia-se o Ciclo Pascal, o centro vital de todo o Ano Litúrgico. Essa celebração abre as portas para a Quaresma, um tempo de grandes oportunidades de graças de conversão e profundas transformações na alma humana, especialmente através da meditação dos mistérios da criação e da Redenção em Jesus Cristo, pois eles respondem a questões relativas ao sentido da vida.

Os gestos e as palavras presentes na Liturgia dessa celebração oferecem luzes que orientam para uma participação frutuosa. Na imposição do austero símbolo das Cinzas, cuja função é descrita no artigo 125 do Diretório sobre a Piedade Popular e a Liturgia : ‘O gesto de cobrir-se com cinza tem o sentido de reconhecer a própria fragilidade e mortalidade, que precisa ser redimida pela misericórdia de Deus’.

A primeira fórmula da Palavra na imposição das cinzas : ‘Recorda-te que tu és pó, e ao pó voltarás’ (Gn 3,19), também recorda ao homem sua origem e alerta sobre a brevidade de sua existência. Vais morrer! Tal pensamento angustia os corações endurecidos pelas vaidades deste mundo e serve como um alerta para que não percam a graça da salvação, pois ‘o tempo está abreviado’ e que ‘a figura deste mundo passa’ (cf. 1 Cor 7,29-31).

Eis uma verdade inevitável : a existência terrestre desde o princípio está destinada à morte. O nosso corpo é mortal! É justamente essa perspectiva desafiadora que leva o homem a tomar consciência de seu pecado. Essa condição o impulsiona a elevar um brado de esperança ao céu, pois no sacrário de sua consciência, sabe que lhe é reservado o dom da vida eterna. Ele não é apenas um corpo condenado à morte, mas é beneficiado com uma alma imortal, afirma o Papa Peregrino (João Paulo II, homilia da Quarta-feira de Cinzas, 08 de março de 2000).

Percebe-se, com isso, que meditar sobre a criação, lembrar de sua origem e de sua finitude, são atitudes decisivas que dão sentido e orientam a vida e o agir humano (cf. Catecismo da Igreja Católica, 282).

‘O Deus da criação revela-se como Deus da redenção, como Deus (…) fiel ao seu amor para com o homem e para com o mundo’, atesta o Papa João Paulo II (Redemptor Hominis, 9). A fidelidade de Deus perpassa toda a história da salvação. Deus ofereceu ao homem por diversas vezes seu perdão, sua Aliança. Na plenitude dos tempos, o amor de Deus chega ao extremo, no sacrifício redentor de Cristo. É no mistério pascal de Cristo que se realiza, enfim, a Nova e Eterna Aliança.

O apelo de Jesus proposto na fórmula opcional no gesto da imposição das cinzas : ‘Convertei-vos e crede no Evangelho’ (Mc 1,15), é um convite a que o homem experimente o amor do Senhor e se aproxime de Cristo com todas as suas inquietudes e incertezas, fraquezas e pecaminosidade, com sua vida e sua morte, incentiva o Papa João Paulo II. Este acrescenta que é preciso ter fé na Redenção, pois ela restitui definitivamente ao homem sua dignidade e o sentido de sua existência no mundo, sentido perdido em certa medida por causa do pecado. A ‘Redenção realizou-se no mistério pascal, que, através da cruz e da morte, conduz à ressurreição’, conclui o Papa Polaco (Redemptor Hominis, 10).

Essa estupenda obra de conversão e adesão a Cristo pela fé não é somente obra humana, é obra do Espírito Santo que produz um coração contrito, para responder ao amor misericordioso de Deus, que sempre ama primeiro.

Que o Espírito que continuamente assiste a Igreja possa suscitar sempre no coração dos homens e das mulheres aquela profunda estupefação a respeito do valor e dignidade do homem chamada Evangelho, isto é a Boa Nova de Jesus Cristo, a fim de produzir frutos de verdadeira conversão.’

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://revistaavemaria.com.br/nao-somos-eternos.html


segunda-feira, 4 de março de 2019

Reflexão para Quarta-feira de Cinzas

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 Rito da Imposição das Cinza na Basílica de Santa Sabina
*Artigo de Rodolfo Medeiros,
colunista do blog Acadêmicos Arautos



De fato, na Quarta-feira de Cinzas a Igreja nos convida à mudança de vida, uma conversão, abandonando tudo aquilo que nos afasta de Deus, ou seja o pecado, e a abraçarmos a prática das virtudes, dos mandamentos divinos.

A imposição das cinzas simboliza que tudo nessa vida é passageiro, e que devemos nos concentrar em alcançar aquilo que não passará nunca : a bem-aventurança eterna.

Por isso, aconselha-nos a Igreja um dia de jejum e abstinência, para nos ajudar a mortificar a carne e elevar o espírito às realidades celestes, as quais muitas vezes deixamos de lado. Entretanto, essa mortificação corporal também é um símbolo de algo maior e mais profundo, a mortificação da alma.

Com efeito, existem outras formas de jejum muito mais agradáveis a Deus do que a do alimento, por exemplo, o jejum das palavras. Quantas pessoas passam o dia todo falando de si mesmas, de suas qualidades, ou até mesmo de seus problemas… Que tal aproveitar esse período da Quaresma para mortificar o orgulho e a vaidade?

Outras não falam de si, mas sim dos outros, mas são sempre críticas, maledicências e muitas vezes até calúnia… A Quaresma pode ser uma excelente ocasião para ressaltarmos em público as qualidades dos outros.

Isso sem dúvida exige esforço e paciência consigo mesmo, pois mudanças como essas não se fazem do dia para a noite. Mas cumpre começar logo, e Deus nos ajudará.

Sendo Mãe, a Igreja ao mesmo tempo que nos pede um sacrifício – pequeno em comparação com o que Jesus sofreu por nós – Ela nos promete nesse período uma assistência especial do Espírito Santo. Basta darmos o primeiro passo, derramarmos a primeira gota de sangue, e quando menos esperarmos teremos alcançado a cura de um vício, de um defeito que há muito tempo carregávamos. É uma das coisas que podemos oferecer a Deus nesta Quaresma.’


Fonte :