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sábado, 6 de setembro de 2025

Curiosidades da Bíblia: A Galileia na época de Jesus

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

*Artigo do Padre José Inácio de Medeiros, CSsR

 

‘Por Galileia se denomina a região do norte de Israel, também conhecida como ‘Galil’ em hebraico. A área é rica em história e cultura, com importância religiosa para judeus, cristãos e muçulmanos. Atualmente, a maior parte da região faz parte do Distrito Norte de Israel, se estendendo do Mar Mediterrâneo até o Mar da Galileia ou Lago de Tiberíades. 

A região desempenhou papel central no ministério de Jesus, sendo o local onde ele passou grande parte de sua vida, onde pregou sua mensagem salvífica, escolheu os discípulos e realizou muitos de seus milagres. Por isso mesmo, a Galileia é mencionada em diversas passagens bíblicas como no evangelho de Lucas (Lc 4,14-21). 

Jesus voltou para a Galileia, com a força do Espírito, e sua fama espalhou-se por toda a redondeza. Ele ensinava nas sinagogas, e todos o elogiavam. Jesus foi à cidade de Nazaré, onde se havia criado. conforme seu costume, no sábado entrou na sinagoga e levantou-se para fazer a leitura. Deram-lhe o livro do profeta Isaías. Abrindo o livro, Jesus encontrou a passagem onde está escrito : ’O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção, para anunciar a Boa Notícia aos pobres; enviou-me para proclamar a libertação aos presos e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos 19e para proclamar um ano de graça do Senhor.’ Em seguida Jesus fechou o livro, o entregou na mão do ajudante, e sentou-se. Todos os que estavam na sinagoga tinham os olhos fixos nele. Então Jesus começou a dizer-lhes : ‘Hoje se cumpriu essa passagem da Escritura, que vocês acabam de ouvir.’

Principais características da Galileia

Do ponto de vista geográfico, a Galileia se caracterizava por suas férteis colinas, pelos vales agrícolas e proximidade com o Mar da Galileia que também era chamado de Lago de Genesaré ou Lago Tiberíades.

A região era bem ativa do ponto de vista econômico com colônias de pescadores, com vilas de agricultores e artesãos desempenhando papel importante na vida cotidiana e na sustentação da sociedade. O Mar da Galileia era fonte de sustento para os moradores locais, especialmente pescadores como Simão Pedro e André, que se tornariam discípulos de Jesus.

Culturalmente era uma região diversificada, sofrendo influência das culturas judaica, grega e romana. Após a conquista realizada por Alexandre, o Grande, da Macedônia, a região passou por um acelerado processo de helenização, porém, a maioria da população galileia mantinha suas tradições religiosas e culturais.

Por causa dessa miscigenação a região também era conhecida como ‘Galileia dos Gentios’ por ter uma população mista, incluindo judeus e não judeus. 

No contexto religioso, os galileus eram geralmente vistos como judeus, porém, mais simples e menos rigorosos em comparação com seus compatriotas da Judeia, especialmente aqueles de Jerusalém, onde o Templo estava localizado. Isso contribuiu no preconceito carregado por Jesus e seus apóstolos, uma vez que muitos líderes religiosos judeus da época olhavam com desprezo para os galileus. A expressão que aparece no evangelho ’Pode vir algo bom de Nazaré?’ (João 1,46) reflete essa discriminação.

No dia seguinte, Jesus decidiu partir para a Galileia. Encontrou Filipe e disse : ‘Siga-me.’ Filipe era de Betsaida, cidade de André e Pedro. Filipe se encontrou com Natanael e disse : ‘Encontramos aquele de quem Moisés escreveu na Lei e também os profetas : é Jesus de Nazaré, o filho de José.’ Natanael disse : ‘De Nazaré pode sair coisa boa?’ Filipe respondeu : ‘Venha, e você verá.’

Nazaré, o pequeno povoado onde Jesus cresceu após sua família retornar do exílio no Egito, apesar de ser formada por gente trabalhadora, era uma localidade obscura e sem grande importância política ou religiosa.

Politicamente a Galileia estava sob a administração de Herodes Antipas, que governava como tetrarca sob a autoridade do Império Romano. Ele era conhecido por sua lealdade aos romanos e por suas obras de construção, incluindo a fundação da cidade de Tiberíades, que dele recebeu esse nome em homenagem ao imperador Tibério.

A Galileia e o ministério de Jesus

Durante seu ministério, Jesus concentrou grande parte de sua atividade na Galileia, especialmente nas cidades e vilarejos ao redor do Mar da Galileia, como Cafarnaum, Betsaida e Magdala. Cafarnaum, cidade de Pedro, tornou-se um centro importante de suas atividades, sendo descrita nos Evangelhos como sua ‘própria cidade’ (Mt 9,1). Ali, ele pregou nas sinagogas, curou doentes e convidou seus primeiros discípulos. O Sermão da Montanha, um dos discursos mais kerigmáticos de Jesus, provavelmente ocorreu em algum lugar nas colinas galileias próximas ao mar.

No tempo de Jesus a Galileia era também marcada por movimentos messiânicos e por revoltas ocasionais contra o domínio romano. Essa atmosfera alimentava a expectativa messiânica que pode ter influenciado a recepção de Jesus na região, com muitos galileus vendo nele a esperança de libertação mais política que espiritual. No entanto, a mensagem de Jesus sobre um Reino de Deus não violento e espiritual contrastava com as aspirações de muitos que esperavam ver surgir um líder político para libertar Israel.

A Galileia não se transformou apenas no cenário geográfico do ministério de Jesus, mas também num contexto social, cultural e político que moldou sua interação com a população, criando o pano de fundo de suas mensagens. A região, com sua diversidade e dinamismo, proporcionou o ambiente no qual Jesus proclamou sua mensagem de amor, compaixão e transformação, deixando um impacto duradouro na história e na fé cristã.’

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://www.vaticannews.va/pt/igreja/news/2025-08/curiosidades-biblia-galileia-epoca-jesus.html

domingo, 31 de agosto de 2025

Curiosidades da Bíblia: A cidade de Nínive

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 

*Artigo do Padre José Inácio de Medeiros, CSsR

 

‘A cidade de Nínive é uma das mais antigas e populosas da antiga Assíria. Localizada na Mesopotâmia, no atual Iraque, foi uma poderosa e importante metrópole da antiguidade. Localizada na margem leste do rio Tigre, defronte da moderna cidade de Mosul, Nínive se desenvolveu sob os reinados dos reis Senaqueribe e Assurbanípal no século VII a.C, mas depois entrou em decadência sendo sucessivamente dominada.

No tempo de sua glória o profeta Jonas, do reino de Israel que viveu por volta do século VIII a.C. foi chamado por Deus e enviado à Nínive para clamar pela sua conversão, alertando seus moradores do iminente castigo divino.

‘A palavra do Senhor foi dirigida a Jonas, filho de Amitai, dizendo : Levanta-te, vai à grande cidade de Nínive, e clama contra ela, porque a sua malícia chegou até à minha presença.  E levantou-se Jonas, e foi a Nínive, segundo a palavra do Senhor’. Ora, Nínive era uma cidade muito grande, de três dias de caminhada.

E começou Jonas a andar pela cidade, e pregando... E os homens de Nínive creram em Deus; e proclamaram um jejum, e vestiram-se de saco, desde o maior até ao menor.

Esta palavra chegou também ao rei de Nínive; ele levantou-se do seu trono, tirou suas vestes reais, e cobriu-se de saco, e sentou-se sobre cinza. E fez uma proclamação que se divulgou em Nínive, dizendo : Nem homens, nem animais, nem bois, nem ovelhas provem coisa alguma, nem lhes dê alimentos, nem bebam água; Mas os homens e os animais sejam cobertos de sacos, e clamem fortemente a Deus, e convertam-se, cada um do seu mau caminho, e da violência que há nas suas mãos. Quem sabe se se voltará Deus, e se arrependerá, e se apartará do furor da sua ira, de sorte que não pereçamos?

E Deus viu as obras deles, como se converteram do seu mau caminho; e Deus se arrependeu do mal que tinha anunciado lhes faria, e não o fez (Jonas, cap. 03).

Glória e decadência de Nínive

As conquistas dos assírios os levaram a formar uma das grandes civilizações da antiguidade, que se estendia até os vales dos rios Tigre e Eufrates. Suas cidades mais importantes estavam situadas no território do atual Iraque.

Seu poder dependia quase que inteiramente da força militar. O rei era o comandante-em-chefe do exército e dirigia as campanhas militares. Embora fosse monarca absoluto, na realidade os nobres e cortesãos que o rodeavam, assim como os governadores que nomeava para administrar as terras conquistadas, tomavam frequentemente decisões em seu nome, por isso, as ambições e intrigas foram sempre uma ameaça para a vida do governante. Essa debilidade na organização e na administração do império será a maior responsável pela sua desintegração e colapso.

O fim do império ocorreu no ano de 612 a.C., quando o exército, comandado por seu último rei foi derrotado por uma coligação militar formada pelos caldeus e medos, povos vizinhos ao Reino Assírio. Com a derrota a cidade de Nínive foi destruída e todo o Império Assírio caiu sob a dominação do Segundo Império Babilônico.

O império foi se reergueu a partir de 1.300 a.C. perdurando até 612 a.C., legando à história características, como sua ‘máquina de guerra’ que compreendia a provável formação do primeiro exército que devia sua eficiência à sua organização funcional. Foi através dele que os assírios conseguiram submeter várias civilizações da Mesopotâmia. Os métodos de tortura e o destino dos derrotados como a prática do empalamento dos adversários colocavam medo em seus inimigos.

Entre seus governantes dois são mais destacados por levarem a civilização ao apogeu :

Senaqueribe (704–681 a.C.) : Sob seu reinado, Nínive foi transformada em uma das maiores cidades do mundo antigo, com um sistema avançado de aquedutos, jardins, palácios e templos. Ele construiu um imenso palácio, conhecido como o ‘Palácio sem Rival’, decorado com relevos detalhados que narravam suas campanhas militares e feitos.

Assurbanípal (668–627 a.C.) : O neto de Senaqueribe, Assurbanípal, é famoso por ter criado uma das primeiras bibliotecas do mundo, a Biblioteca de Nínive. Esta coleção monumental de tábuas de argila, escrita em escrita cuneiforme, continha textos literários, científicos e administrativos, incluindo a épica de Gilgamesh.

Descobertas Arqueológicas

Entre 1845 e 1851, foram realizadas várias escavações que revelaram os restos da antiga cidade de Nínive, trazendo à luz seus palácios, a grande muralha que cercava a cidade, portas monumentais e a famosa Biblioteca de Assurbanípal.

Atualmente, o sítio arqueológico de Nínive se encontra ameaçado tanto por conflitos regionais quanto por atividades humanas, como a expansão urbana de Mosul. A destruição causada pelo Estado Islâmico, que danificou partes significativas do local, representa uma perda irreparável para o patrimônio histórico global. No entanto, esforços contínuos de arqueólogos e historiadores visam preservar o que resta deste testemunho da antiga civilização assíria.

Nínive, portanto, permanece como um símbolo da ascensão e queda das grandes civilizações, mostrando tanto a grandiosidade da história humana quanto a fragilidade de seu legado.’

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://www.vaticannews.va/pt/igreja/news/2025-08/curiosidades-biblia-cidade-ninive.html

terça-feira, 29 de agosto de 2023

Sonhar

 Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 
*Artigo do Padre Fernando Domingues,

Missionário Comboniano


Sonhar parece ser uma das coisas que só os seres humanos conseguem fazer. Sonhamos durante o sono, e dizem que, entre outras coisas, é assim que o nosso espírito organiza as memórias do dia e cria em nós espaço vital para acolher e assimilar experiências novas; mas sonhamos também «de olhos abertos», quando imaginamos o futuro que gostaríamos de construir, e esse sonho gera em nós energias que nos tornam capazes de viver o momento presente animados pela alegria do futuro que nos espera. Sonhar, no sentido plenamente humano, tem que ver com a capacidade de viver o presente com as energias sempre novas dos sonhos que acalentamos e que vamos construindo. Assim, não surpreende que, na Bíblia, os sonhos sejam muitas vezes um dom especial que Deus concede para que as pessoas possam «ver» o futuro que Deus promete e para o qual nos vai conduzindo. Seria interessante folhear a Bíblia à descoberta dos muitos sonhos que lá se encontram, e do que eles significam. Consideremos alguns.

O sonho de Abraão. A dormir, ou acordado no meio da noite, Abraão ouve a voz de Deus, que o convida a olhar para as estrelas e a contá-las, se se atreve... «Assim será a tua descendência, numerosa como as estrelas do céu e como a areia nas praias do mar» (Gen 15,5-5). Para um homem que já começava a sentir o peso dos anos e a tristeza de uma vida sem descendência, Abraão descobre que Deus sonha mais alto e mais longe : será pai de um povo inteiro que Deus vai abençoar, e a sua vida já não será a de um nómada errante, mas a de um peregrino a caminho de uma terra prometida pelo próprio Deus.

O sonho de José. Recém-casado com Maria, vive um momento de confusão e de incerteza, enquanto ainda não viviam juntos. Que fazer com a sua esposa e com o bebé que cresce já no seu ventre! Deus fala-lhe num sonho : o que parece um problema é afinal uma nova possibilidade que o próprio Deus está a realizar; aquele menino será o messias que Deus há tanto tempo prometera ao seu povo, e o próprio José será o pai encarregado por Deus para ensinar ao Seu filho os caminhos da vida humana. Lendo os evangelhos, podemos intuir que muitas das palavras lindas que dizia sobre o Pai do Céu, Jesus as terá aprendido e visto realizadas no seu pai da terra.

O sonho de Pedro. Pedro estava a dormir a sesta em Jope. E no sonho, Deus mostra-lhe um lençol que desce do Céu repleto do que Pedro costumava pensar que eram criaturas imundas, impuras. E a voz de Deus que o convidava a comer. «Nunca», diz Pedro, «eu nunca aceitarei nada de impuro!» E Deus, «já não há criaturas – e muito menos pessoas impuras!» (cf. Atos 10,9-17). Com a morte e ressurreição de Cristo, toda a Humanidade é agora feita de filhos e filhas de Deus. Não tenhas medo de acolher a todos na comunidade dos discípulos de Jesus. Sabemos que, mais tarde, Pedro ainda terá hesitações a este respeito. Mas os sonhos de Deus apontam o caminho certo. E hoje, a Igreja aí está, feita de gente de todos os povos, línguas e nações da Terra.

Um dito africano reza que, no sono, fechamos os olhos do corpo, e abrimos os olhos do espírito, e vemos o que Deus nos quer mostrar em sonhos. É bom sonhar!’

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://www.combonianos.pt/alem-mar/opiniao/4/1001/sonhar/