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sábado, 1 de fevereiro de 2025

Reflexão para Festa da Apresentação do Senhor no Templo

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 
*Artigo da Pia Sociedade Filhas de São Paulo (Paulinas)


‘A data de hoje lembra o cumprimento, por Maria e José, de um preceito hebraico. Quarenta dias após dar à luz, a mãe deveria passar por um ritual de ‘purificação’ e apresentar o filho ao Senhor, no templo. Desde o século IV, essa festa era chamada ‘Purificação de Maria’.

Com a reforma litúrgica (1960), passou-se a valorizar o sentido da ‘apresentação’, oferta de Jesus ao Pai, para que seu destino se cumprisse, marcando em consequência a aceitação por parte de Maria do que o Pai preparara para o fruto de sua gestação. A data passou a ser lembrada então como a da ‘Apresentação do Senhor’.

No templo, a família foi recebida pelo profeta Simeão e pela profetiza Ana, num encontro descrito por São Lucas no seu evangelho :

‘Assim que se completaram os dias da purificação conforme a Lei de Moisés, levaram o Menino a Jerusalém para apresentá-lo ao Senhor, segundo está escrito na Lei do Senhor, que ‘todo varão primogênito será consagrado ao Senhor’ e para oferecerem em sacrifício, segundo o que está prescrito na Lei do Senhor, um par de rolas ou dois pombinhos.

Havia em Jerusalém um homem justo chamado Simeão, muito piedoso, que esperava a consolação de Israel, e o Espírito Santo estava nele. Pelo Espírito Santo foi-lhe revelado que não veria a morte antes de ver o Cristo Senhor. Movido pelo Espírito, veio ele ao templo e, ao entrarem os pais com o Menino Jesus, também ele tomou-o em seus braços, bendizendo a Deus, e disse : ‘Agora, Senhor, já podes deixar teu servo morrer em paz segundo a tua palavra, porque meus olhos viram a tua salvação, que preparaste ante a face de todos os povos, luz para iluminação das gentes e para a glória do teu povo, Israel’’.

José e Maria estavam maravilhados com as coisas que se diziam de Jesus. Simeão os abençoou e disse a Maria, sua Mãe : ‘Este Menino será um sinal de contradição, para ruína e salvação de muitos em Israel; e uma espada atravessará a tua alma para que se descubram os pensamentos de muitos corações’. (Lc 2,22-35).

Ambos, Simeão e Ana, reconheceram em Jesus o esperado Messias e profetizaram o sofrimento e a glória que viriam para Ele e a família. É na tradição dessa profecia que se baseia também a outra festa comemorada nesta data, a de Nossa Senhora da Candelária, ou da Luz, ou ainda dos Navegantes.’

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://www.vaticannews.va/pt/igreja/news/2020-02/reflexao-domingo-festa-apresentacao-do-senhor-no-templo.html

sábado, 1 de fevereiro de 2020

Apresentação do Senhor no Templo

 Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 

‘Na narração que nos deixou a peregrina Etéria sobre a estada dela em Jerusalém (séc. IV), há uma referência também a respeito da festa do dia 2 de fevereiro. Ela não diz o nome, mas nos informa que no quadragésimo dia após a manifestação do Senhor sobre a terra se celebra uma grande solenidade. Fazem uma grande procissão até ao Anástasis (que os latinos chamam de Santo Sepulcro) e tudo acontece numa grande alegria, como na Páscoa. Acrescenta ainda que, em seguida, o bispo faz a leitura e o comentário do Evangelho de Lucas (2:21-39) que ainda hoje é lido nas Igrejas do Oriente e do Ocidente no dia 2 de fevereiro.

Por essa descrição podemos entender quão antiga e solene (significativa a alusão de Etéria à Páscoa) seja a festa que o Missal Romano atual intitula de ‘Apresentação do Senhor’ ao passo que o Oriente bizantino chama de Hypapántê, que significa ‘Encontro’ Com efeito, na adoração dos Reis Magos tudo tinha acontecido na intimidade da Sagrada Família, ao passo que em 2 de fevereiro se festeja o primeiro encontro público, no Templo de Jerusalém, do Verbo de Deus com o seu povo, bem representado pelo justo Simeão e pela profetisa Ana. Encontramos o nome Hypapántê também em antigos calendários romanos e é rico de interpretações, porque há também um encontro entre o Antigo e o Novo Testamento.

Desde a sua origem, a festa é cristológica, mas, no decorrer dos séculos, assumiu um colorido mariano : na Igreja romana a festa era chamada também de ‘Purificação da Virgem Maria’...

O ícone da festa do Encontro nos apresenta todas as personagens de quem fala a liturgia; a reevocação plástica da cena tem sempre um andamento processional. Simeão está sobre um estrado que evidencia a sua dignidade, mas, quase na mesma linha, vemos José com as duas pombinhas e Maria. Do lado oposto vemos Ana. Às vezes o pequeno Jesus está nos braços de Maria Santíssima num gesto de entregá-lo ao velho Simeão, mas não é incomum o caso em que é o mesmo Simeão que segura o Menino Jesus nos braços e inclina-se para ele numa atitude de profunda adoração, tendo sido iluminado pelo Espírito sobre a misteriosa identidade daquele menino. A tenda, no fundo, indica que a cena se desenvolve num interior, no Templo.

A ‘procissão’ que se fazia em Jerusalém por ocasião dessa festa e da qual a peregrina Etéria, no séc. IV, nos deixou o testemunho, até hoje se conserva no Ocidente onde, um pouco mais tarde, foi acrescentada a bênção das velas. Alguns estudiosos (entre os quais Baumstark) acham que ela se originou de uma procissão lustral praticada na antiga Roma (a ‘amburbale’), embora se trate apenas de uma conjectura, não é de todo infundada. No Oriente bizantino não se faz a procissão nem se abençoam as velas, mas a riqueza de textos próprios (mais de sessenta), tão cheios de referências bíblicas e de poesia orante, permite aos fiéis penetrar o significado profundo e perene da festa do Encontro. Também para nós deve ser um novo encontro com ‘Aquele que, após ter dado a Moisés o livro da Lei, se submete à Lei, tendo-se feito semelhante a nós no seu amor para com os homens’ (das Vésperas). Um encontro novo com a Mãe de Jesus e nossa, para a qual os hinógrafos têm expressões belíssimas :

Ó Sião, acolhe Maria, a porta do céu :
ela é semelhante ao trono dos Querubins
e sustenta o Rei da glória.
A Virgem é uma nuvem de luz que traz o Filho feito carne,
nascido antes da estrela da manhã...

Simeão abençoando a Virgem Maria, Mãe de Deus,
viu profeticamente nela os sinais da paixão.

Na alegria, como no sofrimento, Maria permanece a primeira colaboradora na obra da redenção.


Fonte :

domingo, 1 de fevereiro de 2015

Um grande sinal

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 *Artigo de Dom Alberto Taveira Corrêa,
Arcebispo Metropolitano de Belém do Pará

  
‘Por convocação do Papa Francisco, a Igreja Católica celebra um Ano dedicado à Vida Consagrada, no qual voltamos os nossos olhos para os homens e mulheres que foram chamados pelo Senhor à radicalidade de vida dos chamados Conselhos Evangélicos da Pobreza, Castidade e Obediência, para serem sinais dos valores definitivos da Partilha, do Amor indiviso e da Oblação da liberdade por amor a Deus e ao próximo. Em nossas Igrejas Particulares, Arquidioceses, Dioceses e Prelazias, resplandecem luminosos os pontos de presença da vida religiosa consagrada. De forma especial na Amazônia, foi através de gerações de religiosos e religiosas que a vida de Igreja se organizou e se consolidou. No dia da Apresentação do Senhor, em torno do Papa Francisco e pelo mundo todo, renova-se a consagração destas pessoas preciosas aos olhos de Deus e de todos os cristãos. Com velas acesas, simbolizando a entrega de suas vidas e o reconhecimento do grande sinal que representam, louvamos a Deus por estes irmãos e irmãs e pedimos o fortalecimento de suas disposições para o serviço do Reino de Deus.

Sabemos que a plenitude da vida acontecerá quando Deus for ‘tudo em todos’ (Cf. 1 Cor 15, 28). A pessoa chamada à vida consagrada é ‘apressada’! Deseja viver, desde já, a realidade do Céu. Faz votos públicos de entrega de sua vida ao Senhor, plena liberdade. Basta ver a imensa lista de santos e santas, passando dos mais conhecidos, como São Francisco de Assis, Santo Antônio, São João Bosco e outros, até chegar aos que continuamente são apresentados à Igreja e ao mundo, nas beatificações e canonizações, como testemunhas qualificadas, que atestam a validade permanente do Evangelho. Há poucos dias, o Papa Francisco canonizou Padre José Vaz, um sacerdote religioso imbuído de grande espírito missionário e dedicação aos pobres.

Quando tantos põem sua segurança nas posses e a elas se apegam, os consagrados a Deus querem relativizar o ídolo do ‘ter’ a qualquer custo, assumindo um estilo de vida simples e pobre, confiando-se à Providência de Deus. São homens e mulheres livres em relação às coisas, para ajudar a todos com a lição da partilha e da comunhão dos bens. Aceitam construir a própria vida e ajudar as pessoas a edificar a própria existência com os meios simples e pobres.

São pessoas que vivem ‘ao pé da letra’ a recomendações de São Paulo proclamadas pela Liturgia da Igreja neste final de semana : ‘O homem não casado é solícito pelas coisas do Senhor e procura agradar ao Senhor. O casado preocupa-se com as coisas do mundo e procura agradar à sua mulher e, assim, está dividido. Do mesmo modo, a mulher não casada e a jovem solteira têm zelo pelas coisas do Senhor e procuram ser santas de corpo e espírito. Mas a que se casou preocupa-se com as coisas do mundo e procura agradar ao seu marido’ (1 Cor 7, 32-34). Tais pessoas olham para frente e para o alto e querem amar a todos, com os sentimentos do coração de Cristo. Renunciam a constituir uma família própria, para testemunhar a vida em comunidade e um amor efetivo a todos, sem reservas. Livres em relação aos afetos, para que reine o amor de Deus, derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado (Cf. Rm 5, 5).

Olhando para Cristo, que se fez obediente até a morte, e morte de Cruz (Cf. Fl 2, 6-8), oferecem a oblação da própria liberdade, prontos para ouvir a voz de Deus, que expressa sua santa vontade que liberta e salva a todos. São pessoas livres de si mesmas, pelo voto de obediência.

Estes são homens e mulheres que aceitaram serem sinais de Deus em todos os tempos. Em alguns casos, sua dedicação fundamental é a contemplação, como nos muitos mosteiros de várias ordens e congregações masculinas e femininas, verdadeiros para-raios de oração diuturna pela Igreja e pelo mundo. Outras pessoas estão presentes nas atividades pastorais, de forma ativa e dedicada, animando as Comunidades, formando catequistas, incentivando as vocações ou na animação bíblica de grupos e comunidades. Muitos religiosos e religiosas estão nas Escolas confessionais e públicas, apaixonados pela educação das novas gerações. Que dizer das pastorais sociais, como a Pastoral da Criança, da Saúde e outras áreas marcadas pelo testemunho que chega às raias do heroísmo. Em nosso país, tantos viveram tal testemunho até o derramamento do próprio sangue, mártires da verdade do Evangelho.

Onde encontram os religiosos e religiosas as forças necessárias à sua consagração? O fundamento de suas vidas está na escolha radical do seguimento de Jesus Cristo, em que reconheceram um ‘ensinamento novo, dado com autoridade’ (Cf. Mc 1, 21-28). Decidiram ser discípulos missionários de Jesus. O Mestre descoberto os arrastou para estradas antes impensáveis! Abraçaram a causa do Evangelho, fazendo dela o ideal de sua existência, prontos a edificar uma nova família de irmãos, para serem sinais que atraem homens e mulheres de todas as idades.

O Ano da Vida Consagrada quer chegar, de forma especial, aos adolescentes e jovens, rapazes e moças, em tempo de opções vocacionais. Deus tem um olhar pessoal e intransferível para cada cristão, e este olhar tem o nome de vocação. Convido todos os jovens a se confrontarem com a Palavra de Deus que escutam na Santa Missa, descobrindo-a como dirigida especialmente a eles. Provoco com força e ternura tantos deles que experimentam no mais profundo do coração a inquietação, que os conduz a buscarem a liberdade das coisas, dos afetos e de si mesmos, para se lançarem na maravilhosa aventura do seguimento radical de Jesus Cristo.

Aos religiosos e religiosas e outras pessoas que se consagram na profissão dos Conselhos Evangélicos, chegue o estímulo à fidelidade crescente ao Senhor, no amor a Ele e a todos os homens e mulheres de todas as idades e situações sociais, que suplicam a luminosidade do grande sinal. Olhem para Maria, aquela que é toda revestida da Palavra de Deus, o ‘Grande Sinal’ que realiza plenamente a vocação da Igreja (Cf. Ap 12, 1-6). Nela está o dever ser que a Igreja e o Mundo esperam das pessoas consagradas.


Fonte :
* Artigo na íntegra de http://www.basilicadenazare.com.br/noticias/view/1740/um_grande_sinal_por_dom_alberto_taveira_correa


sábado, 1 de fevereiro de 2014

O melhor para Deus e o próximo

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)


* Artigo de Dom Alberto Taveira Corrêa,
arcebispo de Belém do Pará,
reflete sobre as escolhas diárias

‘Nossa vida é feita de escolhas diárias, que se renovam e se aperfeiçoam de acordo com os valores que norteiam nossos passos. Maria e José foram confrontados com o plano de Deus, para ir atrás de suas indicações. Anjos, sonhos e fatos foram a linguagem usada pelo Eterno Pai para se manifestar àquelas pessoas tão simples quanto profundas em sua profissão de fé. É que faziam parte de uma raça de gente sadiamente teimosa, que não tinha perdido a esperança, qual farol a iluminar os rumos da história. Mas tiveram sempre a magnífica margem de liberdade, para optarem por Deus e por sua vontade. O que impressiona é que nunca regatearam com o Senhor! Antes, deram sempre e cada vez mais o que tinham de melhor!

O tesouro de suas vidas e da humanidade, o Menino Jesus, foi levado ao templo de Jerusalém, para ser apresentado ao Senhor, conforme estava escrito na lei (Lc 2,22-40). Um casal muito simples, levando a oferenda dos pobres, um par de rolas ou dois pombinhos, pode passar despercebido diante de todos, menos de Simeão e Ana, idosos cheios de sabedoria, confiantes nas promessas de Deus, que enxergam longe e veem dentro! Sendo justos e piedosos, trazem a profecia na boca! Identificam a prometida visita de Deus ao seu templo e são capazes de fazer festa pelo homem-menino que chega, cumprindo todas as leis humanas e religiosas, mas sabem que ali está o verdadeiro Menino-Deus! Brotam de seus corações o hino, a profecia e o anúncio, quando Ana se põe a falar do menino “a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém” (Lc 2,38). Ao mesmo tempo, o realismo da fé professada faz com que Simeão anuncie o mistério da dor e da contradição, que cercaria a vida daquela criança e de sua mãe: “Este menino será causa de queda e de reerguimento para muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição – uma espada traspassará a tua alma! – e assim serão revelados os pensamentos de muitos corações” (Lc 2, 34-35).

A bênção de Simeão a Maria e José não lhes poupa um futuro cheio de dificuldades e contradições. No entanto, os dois não esmorecem e continuam sua magnífica aventura, que incluiria, ao lado de muitas alegrias, perseguição, fuga para o Egito, discernimento contínuo dos passos a serem dados, trabalho, dificuldades e lutas cotidianas, fidelidade no escondimento de Nazaré, lugar de gente briguenta! No meio de tudo isso, “o menino crescia, tornava-se forte, cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava com ele” (Lc 2, 40).

Nossa vida não é muito diferente. A escolha do seguimento de Jesus não funciona como uma vacina ou defesa automática frente aos desafios da existência humana. Deus nos concede as graças necessárias, no momento certo, mas não toma conta de nossa vida como se fosse um servo à nossa disposição, ou, quem sabe, um operador de um controle remoto que, à distância, monitorasse todos os nossos passos. E não vale, diante do Deus verdadeiro, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, pretender exigir direitos ou recompensas, inclusive aquelas que hoje as pessoas chamam “sonhos de consumo”. Seu amor é infinito e muito maior do que nossas limitadas pretensões! Não, Deus nos concede o precioso dom da liberdade, permitindo-nos tecer a trama da existência, com uma história pessoal construída em primeira pessoa. Liberdade e responsabilidade!

No uso do precioso dom da liberdade, Deus nos desafia a escolher em primeiro lugar a resposta ao seu amor! Amar a Deus sobre todas as coisas, manter-se fiel a suas promessas, mesmo quando a limitada lógica humana nos conduz a outras direções. Acreditar que Ele é o Senhor da história, malgrado todas as contradições com que convivemos. Fidelidade aos mandamentos, amor à Igreja de Jesus Cristo, na qual se realiza o Reino do Senhor, não buscar atalhos quando o verdadeiro Caminho (Cf. Jo 14,6) se revela diante de nossos olhos! Bonito, sim! Mas, desafiador e difícil! Trata-se de escolher o melhor e não o mais fácil!

Sendo Deus escolhido como Senhor de nossas vidas, sabemos que amá-lo significa cumprir seus mandamentos. Na escolha, amar a Deus passa na frente, mas na sua vontade, o amor ao próximo é o que se pode fazer de melhor, também porque “nós amamos, porque ele nos amou primeiro. Se alguém disser: ‘Amo a Deus’, mas odeia o seu irmão, é mentiroso; pois quem não ama o seu irmão, a quem vê, não poderá amar a Deus, a quem não vê. E este é o mandamento que dele recebemos: quem ama a Deus, ame também seu irmão” (1 Jo 4, 20-21). Sim, a melhor escolha, para nossa realização pessoal e para a realização do plano de Deus é deixar que o próximo passe na frente!

Surge natural a pergunta: “E eu, como é que fico nesta história?” O grande desafio é escolher o melhor e não o mais agradável no momento! Deus não se deixa vencer em generosidade e responde com amor e realização a todos os que entram nesta verdadeira voragem de amor! Na história da humanidade e na vida da Igreja, há uma verdadeira constelação de homens e mulheres que fizeram escolhas diferentes para melhor, que se decidiram a dar a vida, inclusive no martírio, e a testemunhar, uns com os outros, o amor recíproco, com frutos de realização e felicidade para si e para os outros. Priorizar o serviço aos outros, enxergar o bem comum na sociedade, olhar ao redor para ver as iniciativas a serem tomadas, buscar com intensidade o bem das pessoas! Trata-se da revolução silenciosa, da qual participaram Maria e José. E traziam nos braços aquele que pode mudar e efetivamente muda o mundo.

Em todas as Igrejas, neste final de semana, se realiza a procissão das velas. Levá-las acesas em nossas mãos significa que desejamos seguir o caminho da virtude, para chegar à luz que não se apaga, Jesus Cristo. Para muitas pessoas, termina o período de férias e se retoma o ritmo de trabalho. Vale a pena aceitar o desafio de iluminar nosso dia a dia com uma luz diferente, com escolhas e prioridades novas, a fim de nosso mundo “velho de guerra” encontre no Menino de Belém, de Jerusalém, de Nazaré ou de todas as nossas vidas sua graça e as forças necessárias para realizar o plano de Deus. Para tanto, cada um de nós escolha hoje o que é melhor!’
  

Fonte :


quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

A FESTA DAS LUZES

Por Maria Vanda (Ir. Maria Silvia, Obl. OSB)





Este artigo foi gentilmente cedido por Dom João Evangelista Kovas, OSB, monge beneditino do Mosteiro de São Bento de São Paulo.


             A celebração mais importante do calendário litúrgico de fevereiro é a Festa da Apresentação do Senhor ou festa das luzes. Ela faz memória da apresentação do menino Jesus por seus pais Maria e José a Deus no Templo de Jerusalém, 40 dias após o seu nascimento, como era prática entre os judeus. Por isso, a festa é celebrada no dia 2 de fevereiro, 40 dias após 25 de dezembro.

            Todo o filho primogênito deveria ser apresentado e consagrado ao Senhor. Essa era uma obrigação do Povo de Deus. Devem ser consagradas todas as primícias ao Senhor, desde as primícias da colheita ao primeiro filho masculino nascido do casal. Assim, se conservaria na memória do povo sua consagração fundamental: um povo especialmente escolhido dentre todos os povos das nações para ser a propriedade particular de Deus, viver em sua presença, cumprindo seus mandamentos, e por ele ser abençoado e protegido. 

            Quando Maria e José chegam ao templo com o menino, aproxima-se Simeão, profeta anônimo do Senhor, mas a quem foi dado reconhecer o messias esperado por Israel para libertação definitiva do povo. É nesse momento de encontro que Simeão toma o menino nos braços e proclama: “Agora, Senhor, conforme sua promessa, podes deixar o teu servo partir em paz, porque meus olhos viram a sua salvação, que preparaste diante de todos os povos: luz para iluminar as nações e glória do teu povo Israel.” (Lc 2,29-32). 

            Na celebração da festa das luzes, a assembléia cristã está posicionada fora da igreja, onde se dá a bênção das velas e a partir de onde todos se dirigem ao interior da igreja, em procissão, com as velas acesas. A procissão segue com a aclamação: “Vamos em paz ao encontro do Senhor!” Trata-se da assembléia cristã, o novo povo de Deus, que ele reuniu dentre uma multidão de nações, para constituir um só povo em seu filho Jesus. A luz de Cristo brilha em todos nós, a fim de que o mundo seja iluminado pela Palavra do Senhor, que continua conclamando a todos, para reconhecer, como Simeão, a luz das nações, a salvação de Deus para todos os povos: Jesus Cristo Nosso Senhor. 

            A festa das luzes consagra o novo Povo de Deus. Cristo que é a luz, ilumina o povo desde o interior, nos corações. Pela fé, aderimos à Palavra do Senhor e colocamos a mesma Palavra em prática: na vida cotidiana e na liturgia. Ela é o ato de adesão fundamental, pelo qual todo o nosso ser é consagrado ao Senhor – nossa vida é a primícia das primícias que podemos oferecer a Deus. Na liturgia, o ato de consagração da fé se renova e saímos iluminados pela luz de Cristo. É como se disséssemos com Simeão ao Senhor que estamos prontos para o momento derradeiro dessa vida, a morte, porquanto vimos a sua salvação. Ela ilumina nosso coração e ilumina a multidão dos povos reunidos na Igreja de Cristo. Cumpre-se já a promessa definitiva de Deus. Tudo em nossa vida se torna definitivo, porque estamos na presença de Deus. Vivemos já o momento derradeiro, no qual o Filho de Deus foi manifestado ao mundo. 

            Por isso, se diz que a liturgia é um momento escatológico; um momento no qual são reveladas as últimas coisas. A nossa vida continua nesse mundo, porém ela não é mais a mesma, foi transformada por Cristo. Quando um fiel é batizado, o sacerdote diz: “receba a luz de Cristo!” E justamente o cristão é chamado a iluminar o mundo que ainda jaz nas trevas da morte. O cristão triunfa da morte. Pode morrer, mas ela não acrescenta, nem tira nada do cristão, porque a sua maior riqueza é o próprio Cristo. O cristão que recebeu a luz de Cristo no batismo não a perde mais. Pode renegá-la, não vivendo a sua fé, expressão dessa luz. Mas a todos que a receberam e a cultivam reconhecendo nela sua maior riqueza, esse é o consagrado do Senhor. A morte não o rouba da vida, pois o fiel tem a verdadeira vida no coração.

            Deus é fiel em sua promessa: a Luz que ilumina todos os povos é Jesus Cristo, a salvação de Deus destinada desde a fundação do mundo àqueles que o recebem de coração sincero e o celebram na assembléia do seu povo reunido. Por isso, todas as vezes que o povo cristão se reúne para a liturgia, ele celebra a luz do Senhor e se consagra a Deus, a fim de que seja luz no mundo e receba em si o dom maior da salvação.