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sábado, 27 de julho de 2024

Santa Marta (Século I)

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 
*Artigo da redação da revista Ave Maria


‘Não podemos falar de Marta sem nos lembrar ao mesmo tempo de sua irmã, Maria, e do irmão, Lázaro. Moravam em Betânia, uma aldeia a leste de Jerusalém, atrás do monte das Oliveiras, a poucos quilômetros da cidade santa.

Deviam ser de família economicamente abastada, pois puderam hospedar e dar de comer a Jesus e aos doze apóstolos quando estavam de passagem da Galileia para Jerusalém e nos últimos dias que antecederam a paixão de Cristo. Entre eles e Jesus existia uma amizade profunda, pois haviam aceitado totalmente a mensagem e a missão do Mestre e tinham colaborado com Ele, colocando à sua disposição seus bens. De sua parte, ‘Jesus queria muito bem a Marta, a sua irmã e a Lázaro’ como observa o evangelista João (cf. 11,5). São três os fatos evangélicos que lhes dizem respeito de maneira especial.

A raiz do amor

O evangelista Lucas (cf. 10,38-42), depois de ter relatado a estupenda parábola do bom samaritano para demonstrar quanto é necessário o amor concreto para com o próximo a fim de poder entrar no reino messiânico, apresenta uma simpática cena acontecida durante uma das estadas de Jesus na casa de Betânia.
Certo dia, Marta, como de costume, havia recebido com alegria a comitiva e, como boa dona de casa, pôs-se logo a preparar a refeição. Não era pouca coisa providenciar alimento para treze homens com apetite dobrado depois da longa viagem desde Jericó.

Maria, ao contrário, ‘sentada aos pés de Jesus, escutava sua palavra’ (v. 39). Marta em certo momento, chegou com muita confiança e disse : ‘Senhor, não te importas que minha irmã tenha me deixado sozinha no serviço? Diz, pois, a ela que me ajude’ (v. 40). Um pedido, podemos dizer, mais que legítimo. Jesus então respondeu : ‘Marta, Marta, tu te preocupas e te agitas com muitas coisas, mas uma só é necessária. Maria escolheu a melhor parte e esta não lhe será tirada’ (v. 41-42).

Jesus apreciava o amor concreto de Marta, mas teria preferido que, antes de começar os serviços da casa, tivesse ficado um pouco, também ela, a escutar a Palavra que lhe daria luz e sabedoria. Na tradição, Maria personificou a vida contemplativa e Marta, a ativa, às vezes injustamente contrapostas, pois a ação e a contemplação não estão em contradição, mas unidas intimamente entre si. Já Santo Agostinho diz que ninguém deve ser tão contemplativo que não o faça para a utilidade do próximo; nem tão ativo que não procure a contemplação de Deus. Na vida contemplativa, não nos deve atrair a quietude inerte, mas a busca e a descoberta da verdade como na vida ativa, não devemos amar a honra nesta terra ou o poderio, mas a fadiga. Por isso, o amor da verdade procura a contemplação, a necessidade da caridade aceita a ação. Chiara Lubich, falando às pessoas do nosso tempo, acrescenta : ‘Nós temos uma vida interior e uma vida exterior. Uma é florescência da outra, uma é raiz da outra, uma é da outra copa da árvore da nossa vida. A vida interior é alimentada pela vida exterior. Quanto mais eu penetro a alma de meu irmão, mais eu penetro Deus em mim, quanto mais eu penetro Deus dentro de mim, tanto mais penetro no irmão. Deus, eu, o irmão : é tudo um mundo, tudo um reino’.

A ressurreição de Lázaro

Outro fato que nos revela a família de Betânia aconteceu um pouco antes da Páscoa (cf. Jo 11,1-44). Lázaro estava gravemente enfermo e Jesus se encontrava na Galileia. As duas irmãs rapidamente mandaram um mensageiro dizer-lhe : ‘Senhor, eis que teu amigo está doente’ (v. 3), certas de que viria logo e o curaria, mas, quando Jesus chegou, Lázaro já tinha sido sepultado. Marta foi a primeira a perceber a chegada do Mestre. Correu a seu encontro e lhe disse : ‘Senhor se tivesses estado aqui meu irmão não teria morrido! Mas eu sei que tudo o que pedires a Deus, Deus te concederá’ (vv. 21-22). Jesus lhe garantiu que o irmão ressuscitaria. Maria lhe disse : ‘Sei que ressuscitará no último dia’ (v. 24).

A resposta de Jesus foi uma daquelas que dão fundamento à inaudita esperança cristã : ‘Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá e quem vive e crê em mim, não morrerá para sempre. Crês nisto?’ (vv. 25-26). A resposta foi uma sincera profissão de fé : ‘Sim, Senhor eu creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo, aquele que devia vir ao mundo’ (v. 27).
Maria, não sabendo da chegada de Jesus, estava em casa com parentes e amigos que tinham vindo de Jerusalém e de outras cidades vizinhas para consolar as duas irmãs. Marta voltou para casa correndo e lhe deu a notícia.

Falou-lhe às escondidas para impedir que seu encontro com o Mestre fosse perturbado pelas pessoas que pouco ou nada conheciam dele. Os parentes, vendo Maria sair de casa e pensando que fosse até o sepulcro para chorar, seguiram-na. Jesus com os apóstolos estavam esperando na estrada. Ele, depois de ter abraçado Maria e ter escutado sua queixa – ‘Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido’ –, ficou muito comovido, quis ser levado até o sepulcro e prorrompeu em prantos. Alguns dos presentes comentaram : ‘Vede como ele o amava!’; outros, ao contrário começaram a rir : ‘Aquele que abriu os olhos do cego não poderia também impedir que ele morresse?’ (v. 37).

Jesus – segundo o relato de João – ordenou que fosse retirada a pedra e Marta, pensando que quisesse ver o cadáver para última saudação, advertiu-o de que não era possível, pois estava sepultado havia quatro dias e já exalava mau cheiro. Jesus lhe disse : ‘Não te disse que, se cresses, verias a glória de Deus?’ (v. 40).
Retirada a pedra, podia-se ver, na cavidade do sepulcro, a figura imóvel do defunto, envolvido em um lençol funerário, bem amarrado com faixas e o sudário. Jesus, depois de fazer uma oração ao Pai, gritou em voz alta : ‘Lázaro, vem para fora!’ (v. 43). Aquele que estava morto voltou a viver neste mundo para a alegria das irmãs, em meio ao assombro das pessoas e, infelizmente, também para raiva das autoridades de Jerusalém, que não viam com bons olhos o profeta de Nazaré realizar milagres.

A cena da despedida

Para as duas irmãs e para Lázaro era um ceia festiva de agradecimento pelo milagre acontecido, sem saberem que seria a última ceia de Jesus na casa deles. O evangelista João observou o seguinte, ‘seis dias antes da Páscoa’ (12,1-8), portanto, poucos dias antes da morte de Jesus. Uma ceia preparada, como de costume, com muito esmero e dirigida, como de costume, com competência de quem recebe : ‘Marta servia’, comenta o evangelista.

Em certo momento, Maria apanhou da despensa da casa ‘uma libra de óleo perfumado de nardo legítimo, muito precioso, começou a espalhá-lo nos pés de Jesus e a enxugá-los com os cabelos, e toda a casa se encheu do perfume do unguento’ (v. 3).

Todos ficaram admirados : Maria havia gasto uma fortuna para demonstrar o amor que possuía pelo Mestre. Isso não agradou a Judas Iscariotes, que queria vender aquele perfume e conseguir pelo menos trezentos denários, talvez a quantia de um ano inteiro de salário. Disse que aquele dinheiro poderia ser usado para ajudar os pobres, mas o evangelista observa que dizia isso não porque ele se interessasse pelos pobres, mas porque era ladrão e, tendo a bolsa, furtava o que nela lançavam. De qualquer modo, sua observação não serviu para nada, pois o próprio Jesus tomou a palavra em defesa de Maria : ‘Deixai-a fazer, ela guardou este perfume para o dia de minha sepultura. Os pobres de fato sempre os tereis entre vós, mas a mim nem sempre me tereis’ (vv. 7-8). Essas são as informações que temos dos evangelhos. O que terá acontecido aos três depois da ressurreição de Jesus? Certamente terão feito parte da comunidade cristã, mas, não podemos dizer mais do que isso. É pura lenda que eles teriam ido para Marselha, onde Lázaro teria sido o primeiro bispo.

O culto a eles difundiu-se bastante em todo o Oriente e também em algumas regiões do Ocidente. O rito latino, tendo identificado erroneamente Maria com Madalena, nessa data só comemora Marta.’

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://revistaavemaria.com.br/santa-marta-seculo-i.html

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

História de Santa Marta no Vaticano - A casa do Papa

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 

O nome daquela que atualmente é a «casa do Papa» remonta à igreja e casa adjacente, antes hospital, entre 1538 e 1726, depois convento dos Trinitários, entre 1726 e 1874. Santa Marta que «ilumina São Pedro» (segundo um antigo ditado dos romanos) surgiu sob o pontificado de Paulo III, quando alguns domésticos dos Palácios Apostólicos pediram e obtiveram do papa a ereção de uma Fraternidade e de um pequeno hospital para os pobres enfermos palatinos residentes nos arredores da Basílica vaticana. Escreve Pedro Aliaga Asensio, acrescentando que o Papa Farnese consentiu e com o breve Ad Apostolicae dignitatis apicem (1538) erigiu o hospital com anexos capela e cemitério, intitulados a Santa Marta, retro tribunam novam Basilicae Principis Apostolorum de Urbe. A igreja foi edificada durante o século XVI, e o Papa Clemente VIII ampliou-a no início do século XVII. Entre as obras de arte sacra ali conservadas, é preciso recordar o veneradíssimo Crucifixo de terracota, obra de Alessandro Algardi, e o quadro que representa Santa Marta, realizado por Giovanni Baglione, trazido à Pinacoteca Vaticana em 1841 e substituído por outro, obra de Filippo Agricola.

Nos meados do século XVIII, o pequeno hospital encontrava-se no abandono quase total. O espanhol irmão Miguel de São José, procurador-geral dos Padres Trinitários descalços – mais tarde bispo de Guadix na Andalusia – pediu e obteve de Bento XIII a igreja e a casa de Santa Marta no Vaticano. Com um breve datado 11 de Dezembro de 1726, o edifício foi confiado aos Padres Trinitários Descalços da Congregação da Espanha «a fim de ser usado como ospitio commune para os religiosos hóspedes da mesma Ordem e de qualquer nação que viessem à Cidade de Roma», com a recomendação que os enfermos do Sagrado Palácio Apostólico fossem ao «hospital de Bonfratelli». No dia seguinte, os Padres Trinitários espanhóis do convento de São Carlino em «Quattro Fontane» tomaram posse da nova Fundação. Em 1728, o Capítulo Geral decidiu que Santa Marta passasse a fazer parte da Província italiana, intitulada a São João da Matha.’


Fonte :


segunda-feira, 28 de julho de 2014

Santa Marta

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

Marta guiando o tarasca 
(miniatura medieval francesa)

Era irmã de Maria e de Lázaro. Quando recebia o Senhor em sua casa de Betânia, servia-o com muita solicitude. Com suas preces, obteve a ressurreição do irmão.


A Liturgia das Horas e a reflexão no dia de Santa Marta  :

Ofício das Leituras

Segunda leitura
Dos Sermões de Santo Agostinho, bispo
(Sermo 103, 1-2. 6 : PL 38, 613.615)     (Séc.V)

Felizes os que mereceram receber a Cristo em sua casa
As palavras de nosso Senhor Jesus Cristo nos advertem que, em meio à multiplicidade das ocupações deste mundo, devemos aspirar a um único fim. Aspiramos porque estamos a caminho e não em morada permanente; ainda em viagem e não na pátria definitiva; ainda no tempo do desejo e não na posse plena. Mas devemos aspirar, sem preguiça e sem desânimo, a fim de podermos um dia chegar ao fim.

Marta e Maria eram irmãs, não apenas irmãs de sangue, mas também pelos sentimentos religiosos. Ambas estavam unidas ao Senhor; ambas, em perfeita harmonia, serviam ao Senhor corporalmente presente. Marta o recebeu como costumam ser recebidos os peregrinos. No entanto, era a serva que recebia o seu Senhor; uma doente que acolhia o Salvador; uma criatura que hospedava o Criador. Recebeu o Senhor para lhe dar o alimento corporal, ela que precisava do alimento espiritual. O Senhor quis tomar a forma de servo e, nesta condição, ser alimentado pelos servos, por condescendência, não por necessidade. Também foi por condescendência que se apresentou para ser alimentado. Pois tinha assumido um corpo que lhe fazia sentir fome e sede.

Portanto, o Senhor foi recebido como hóspede, ele que veio para o que era seu, e os seus não o acolheram. Mas, a todos que o receberam, deu-lhes capacidade de se tornarem filhos de Deus (Jo 1,11-12). Adotou os servos e os fez irmãos; remiu os cativos e os fez co-herdeiros. Que ninguém dentre vós ouse dizer : Felizes os que mereceram receber a Cristo em sua casa! Não te entristeças, não te lamentes por teres nascido num tempo em que já não podes ver o Senhor corporalmente. Ele não te privou desta honra, pois afirmou : Todas as vezes que fizestes isso a um dos menores de meus irmãos, foi a mim que o fizestes (Mt 25,40).

Aliás, Marta, permite-me dizer-te : Bendita sejas pelo teu bom serviço! Buscas o descanso como recompensa pelo teu trabalho. Agora estás ocupada com muitos serviços, queres alimentar os corpos que são mortais, embora sejam de pessoas santas. Mas, quando chegares à outra pátria, acaso encontrarás peregrinos para hospedar? encontrarás um faminto para repartires com ele o pão? um sedento para dares de beber? um doente para visitar? um desunido para reconciliar? um morto para sepultar?

Lá não haverá nada disso. Então o que haverá? O que Maria escolheu : lá seremos alimentados, não alimentaremos. Lá se cumprirá com perfeição e em plenitude o que Maria escolheu aqui : daquela mesa farta, ela recolhia as migalhas da palavra do Senhor. Queres realmente saber o que há de acontecer lá? É o próprio Senhor quem diz a respeito de seus servos : Em verdade eu vos digo : ele mesmo vai fazê-los sentar-se à mesa e, passando, os servirá (Lc 12,37).


Fonte :
‘In Liturgia das Horas III’, 1453, 1455