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sábado, 16 de agosto de 2025

Irmãos segundo a Regra de São Bento

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

    

 *Artigo de Dom Jean-Pierre Longeat, OSB

ex-Presidente da AIM

 

‘Se existe uma dimensão que é importante para São Bento, é a da fraternidade. Na Regra, ele privilegia o título de ‘irmão’ para designar os membros da comunidade monástica. Em comparação, o título ‘monge’ é muito menos usado. Podemos recordar aqui as conclusões de Christine Mohrmann que, em seu tempo, mostrou esta recorrência em relação ao ideal da primeira comunidade cristã pelos primeiros ascetas cristãos, sob a guia do Evangelho, como expressa bem o prólogo da Regra. [1]

Toda vez que São Bento usa o título de irmão, ele é carregado de significado; não tem um mero papel funcional neste uso. Marca um ideal. A comunidade monástica é descrita como um exército fraterno no qual se exercita e se torna mais experiente na luta contra o espírito maligno (RB 1, 5). Esta caracterização do gênero valoroso dos cenobitas certamente não é neutra. Deve ser levada muito a sério, assim como a imagem da escola do serviço do Senhor, ou da oficina onde se exercita com os instrumentos das boas obras. Ao falar de um exército fraterno, São Bento enfatiza a importância de aprender a vencer as armadilhas do adversário e, para isso, de contar com a experiência daqueles ao lado de quem se combate.

O compromisso fraterno na comunidade

Depois que o irmão noviço emite sua profissão, ele se prostra aos pés dos irmãos, pois a consequência imediata de seu compromisso é justamente a de pertencer a este corpo fraterno onde continuará a lutar contra tudo o que possa servir de obstáculo ao mandamento do amor (RB 58, 23).

No início e no final da Regra, esta dimensão também é lembrada como uma questão importante. Nos primeiros parágrafos, São Bento exclama aos irmãos : ‘Que há de mais doce para nós, caríssimos irmãos, do que esta voz do Senhor a convidar-nos’ (Pr 19), e no capítulo 72, que pode ser considerado a verdadeira conclusão da Regra : ‘Ponham em ação castamente a caridade fraterna’ (RB 72, 8). É porque uma voz fraterna se dirigiu a nós com toda a doçura do amor, que nos colocamos a caminho em uma comunidade, a fim de aí trabalhar, em companhia de outros, a dinâmica da caridade.

Entre estas duas menções, podemos dizer que toda a Regra consiste em responder de forma muito concreta ao chamado recebido da voz muito convidativa do Senhor e a colocar em prática, castamente, os deveres do amor fraterno.

O Prólogo já menciona essa dupla dimensão da escuta e da prática do mandamento do amor : ‘Meus irmãos, quando perguntamos ao Senhor : ‘Quem é aquele que deseja a vida e quer desfrutar de dias felizes?’’ (Sl 33), ou ainda : ‘Quem habitará em tua casa, Senhor?’ (Sl 14), insiste São Bento : ‘Irmãos, escutemos a resposta do Senhor’. A voz daquele que nos fala nos convida a nos colocarmos a caminho e a agir com eficácia. É preciso, a fim de incentivar este processo, chamar os monges de caríssimos irmãos, como faz São Bento. Mas de qual fraternidade é feito o programa da vida monástica?

Uma comunidade de irmãos

Em primeiro lugar, a comunidade é constituída como um conselho de irmãos, cuja opinião o abade escuta regularmente. Esta é uma das características desta vida comum. Isto acontece em diferentes níveis : ou com toda a comunidade reunida, ou com um conselho de ‘sábios’ em torno do abade. Como a Regra nos lembra, é bom fazer tudo com conselho, e depois de feito não se arrependerá.

Estando os irmãos reunidos, será solicitado o parecer de cada um deles : isto é tanto um direito quanto um dever. Ninguém pode se eximir de tal solicitação. ‘Com toda humildade e respeito, os irmãos darão o seu parecer’ (RB 3, 4). Há aqui uma qualidade de escuta, de atenção e de consciência de que o parecer individual vale menos do que o comunitário. ‘Tudo está ligado, e o todo vale mais do que a parte’. É isto o que ocorre nos conselhos fraternos. Quando esta dimensão não intervém com suficiente regularidade na vida de uma comunidade, pode-se ter certeza da ameaça do perigo.

Uma fraternidade humilde

É necessário manter o propósito da humildade no coração, a fim de fomentar uma verdadeira comunidade de irmãos. No capítulo 7 sobre a humildade, diz-se que o irmão sábio (literalmente aquele que quer ser útil) repetirá para si mesmo, incessantemente em seu coração, a fim de estar vigilante sobre seus pensamentos : ‘Se me preservar da minha iniquidade, serei, então, imaculado diante do Senhor’ (7, 18). O pecado consiste essencialmente em virar as costas para Deus e querer agir somente por si mesmo. São Bento insiste : ‘Concluamos, irmãos, que devemos estar sempre vigilantes’. No final do capítulo 7, ele conclui : ‘Os irmãos suportam os falsos irmãos e abençoam aqueles que os amaldiçoam’ (7, 43). Assim como no Prólogo e na Regra como um todo, o convite inicial é uma escuta, uma vigilância à qual os membros da comunidade são chamados em toda fraternidade, da mesma forma, no final, eles estão em condições de amar seus inimigos, de suportar os falsos irmãos, de abençoar aqueles que os amaldiçoam, em outras palavras, de praticar perfeitamente o mandamento do amor. É impossível avançar de outra forma : a humildade nos conduz à uma disposição  de escuta, de atenção, de vigilância, para preservar nosso coração para seguir o Cristo em seu caminho pascal e para viver a comunhão fraterna, em verdade, como ele mesmo a viveu.

O belo testemunho de uma comunidade monástica no coração da sociedade vale sobretudo por causa desta capacidade fraterna que traz a graça da paz, da unidade e do amor.

Sob a guia de Cristo

O abade, que, por sua vez, tem a tarefa de manifestar a presença de Cristo no seio da comunidade, deve cuidar para que a inimizade fraterna não penetre no grupo. Ele permanece vigilante, especialmente com relação às suas próprias ações, que falam tanto e às vezes mais do que suas palavras. Verifica-se isto, particularmente, na qualidade de seu relacionamento com os irmãos, que ele abordará com humildade : ‘Viste o grão de palha no olho de teu irmão e não viste a trave no teu próprio’ (RB 2, 15).

A responsabilidade do abade é a mesma, não importa quantos irmãos ele tenha a seu cargo (RB 2, 38). Ele terá que responder pelo progresso ou pelo retrocesso de cada um, devido à vigilância que lhe cabe. O capítulo 64 traduz isto em uma fórmula lapidar : ‘O abade odiará os vícios e amará os irmãos’ (64, 11).

Os colaboradores do abade serão escolhidos geralmente com o conselho dos irmãos, como por exemplo, o prior (65, 15). Os decanos devem ser nomeados dentre os irmãos de boa reputação e vida santa (21, 1). No capítulo sobre o celeireiro, São Bento especifica a atitude fraterna que ele espera do responsável pela organização material do mosteiro : ‘Que o celeireiro não entristeça seus irmãos’ (31, 6); ‘que ele possa dar uma boa palavra quando um irmão lhe pedir algo desarrazoadamente’ (31, 7.13) e ‘que ele ofereça aos irmãos a parte estabelecida para cada um, de acordo com suas necessidades’ (31, 16).

São Bento tem, portanto, a preocupação de envolver os irmãos na escolha de seus responsáveis, e de possibilitar a vivência da fraternidade em todos os seus aspectos, de tal modo que ninguém se entristeça na casa de Deus.

O serviço fraterno

Pode-se dizer que é toda a comunidade que deve ter essa preocupação. ‘Que os irmãos se sirvam mutuamente’ (35, 1). Aqueles que entram em serviço a cada semana lavarão os pés de seus irmãos, imitando a Cristo na véspera de sua Paixão. A refeição e o serviço que ela implica são concebidos como momentos eucarísticos. Eles se referem aos ágapes que a primeira geração cristã realizava por ocasião da partilha eucarística.

Um cuidado especial é dado aos irmãos doentes que representam Cristo na comunidade de uma maneira muito especial (‘Fui enfermo e visitaste-me’ e ‘aquilo que fizestes a um destes pequeninos, a mim o fizestes’, RB 36, 2-3).

Mas há também uma grande atenção por parte de São Bento de que o serviço fraterno não crie nenhuma perturbação na comunidade : ‘Que os irmãos trabalhem sem murmurar’ (41, 5). É por isso que a organização deve ser bem temperada, há um tempo para tudo : trabalho, liturgia, leitura espiritual, vida fraterna... Um capítulo inteiro é dedicado a esta distribuição do tempo e, finalmente (48), toda a vida é dedicada a uma atividade de conversão com um encorajamento mútuo. Se por acaso houver algum irmão que sofra de desânimo (acédia), é preciso apoiá-lo, estar ao seu lado e ajudá-lo superar tal etapa (48, 18). Por outro lado, é também importante que haja momentos pessoais nos quais a relação fraterna não sirva como uma dispersão (48, 21). Se há irmãos mais frágeis, deve-se ter um cuidado especial para com eles, e uma atividade proporcional deve ser encontrada para eles, para que possam participar do esforço comum e, ao mesmo tempo, não sejam sobrecarregados ou levados a fugir de sua tarefa (48, 24).

É necessário zelar para que os serviços não sejam muito pesados : na cozinha, nas oficinas, na enfermaria, na hospedaria, na portaria... Se o porteiro precisar de ajuda, um irmão mais novo o ajudará (66, 5). Isto parece trivial, mas é uma dimensão que desempenha um papel importante na qualidade da vida cotidiana. Quando alguém está sobrecarregado de trabalho, não pode servir seus irmãos em boas condições.

E assim como o celeireiro deve tratar os objetos do mosteiro com todo cuidado como vasos sagrados do altar, assim o abade confiará todo esse material a irmãos confiáveis, e ele ficará atento para que, em cada semana, nada seja dispersado, a fim de que os irmãos que se sucedem nos serviços não tenham surpresas e possam contar com a confiabilidade dos outros.

Uma vida de busca

A Regra especifica que a fraternidade está enraizada na busca de um fundamento interior que pode ser encontrado na oração e na meditação.

Além do fato de que nada deve ser preferido à Obra de Deus, ou seja, à oração comum, São Bento pede que o tempo seja empregado no estudo do Saltério e nas leituras. Sabemos que os antigos monges empregavam parte do tempo memorizando os salmos, que são a matéria-prima do Ofício. Portanto, os irmãos que precisam são chamados a se dedicar a essa ocupação durante o tempo livre após as Vigílias celebradas durante a noite, esperando o Ofício da manhã (8, 3).

A leitura no coro é objeto de um cuidado especial. Ela não deve ser desempenhada por alguém que não conhece a arte da leitura (9). Também aqui há um sentimento de fraternidade que toca as raízes do que é revelado.

Correção fraterna

A Regra é baseada na confiança fraterna. A comunidade está organizada como uma equipe esportiva onde cada um desempenha seu papel e conta com os outros para desempenhar o seu.

E cabe principalmente ao abade exercitar a confiança fraterna, sabendo naturalmente o que ele pode pedir a um ou a outro. Por exemplo, em matéria de administração, ele a confiará a irmãos dos quais esteja seguro (32, 1), e verificará se não há problemas no cotidiano, especialmente na transferência de responsabilidades.

Mas não devemos ser ingênuos; no mosteiro, como em todas as sociedades, existem fraudadores e é necessário corrigir e acompanhar as suas tentações de tomada de poder.

Não se pode alcançar uma vida fraterna harmoniosa sem colocar em prática algumas normas. É por isso que São Bento prevê medidas que incentivam a reflexão pessoal sobre a própria conduta, o que permite a correção. Isto acontece especialmente no contexto de reuniões comunitárias diárias (liturgia, refeições). Um irmão culpado de uma falta pode ser temporariamente excluído da mesa comum ou da oração comum (24-29). Esta privação visa afirmar a vida fraterna como um bem superior aos desejos multiformes e desordenados de cada um. Hoje, vemos um fenômeno perturbador que leva alguns irmãos ou irmãs a se manterem separados por própria vontade, sem que isso seja considerado uma dificuldade ou uma provação. Estão felizes em cultivar sua própria diferença sem se preocupar com o bem comum e estão convencidos desse direito. Assim, os modos de correção fraterna adaptados à mentalidade contemporânea são tão difíceis de encontrar que acabamos por aceitar que eles quase não existem mais. Parece-me que este é um assunto que precisa ser aprofundado na vida de nossas comunidades, a fim de encontrar a maneira correta de agir.

A conclusão da Regra

No final de sua Regra, São Bento insiste muito na dimensão das relações fraternas. Ele pensa nos irmãos que partem em viagem, seja para perto ou longe do mosteiro. Ele pede que os irmãos sejam abençoados em sua partida e que se reze por eles quando retornam. Ele se preocupa em como lidar com a questão das coisas ordenadas que parecem estar além das possibilidades do irmão ao qual a ordem é dirigida. O processo do debate é notável (cf. 68).

Ele pede que ninguém bata ou puna outro irmão deliberadamente, mas que a correção fraterna seja regulada pelo abade e pela comunidade.

Acima de tudo, ele pede que os irmãos se obedeçam mutuamente (71). Portanto, que haja no mosteiro uma vontade de escuta recíproca e de agir de forma unida. E se um irmão irritou outro, ele deve imediatamente reconhecer seu erro e pedir perdão ali mesmo (71, 6).

São Bento resume sua preocupação em considerar a horizontalidade fraterna com esta fórmula lapidar : ‘Ponham em ação castamente a caridade fraterna’ (72, 8), isto é, que ninguém ouse se aliar a outro, nem bater em quem quer que seja.

Conselhos para viver a fraternidade

Apontamos aqui alguns conselhos da Regra que concretizam a relação fraterna.

A coisa mais importante para viver livremente a fraternidade é se desapegar de tudo e sentir-se dono de nada, e cuidar das necessidades de cada um, tanto de corpo quanto de alma.

Um diálogo necessário para a interpretação das ordens recebidas será integrado à vida fraterna, tornando sua execução ainda mais relevante, mesmo quando se trata de coisas que, à primeira vista, parecem impossíveis (68). Dessa maneira, os irmãos aprenderão a colocar em prática uma vontade comum que possa ser enraizada na vontade de Deus (71).

Naturalmente, serão evitadas, a todo custo, as vinganças pessoais que fariam arbitrariamente prevalecer a lei do mais forte : ninguém tomará decisões subjetivas e radicais a respeito dos outros irmãos; as decisões serão remetidas para os responsáveis (70). Mas, por outro lado, uma união mal-intencionada entre dois irmãos também deve ser evitada.

Os monges não devem se preocupar com sua aparência no que diz respeito ao vestuário, mas devem receber suas vestes da comunidade, sem preocupação de estilo ou cor, mas com um senso de moderação e, portanto, sem despesas excessivas (55).

Não deve haver monopolização dos dons provenientes do exterior ou do interior do mosteiro, mas se deve aceitar que sejam dados a outros a quem eles forem mais úteis.

Deve-se ter o cuidado de adotar interiormente a atitude permanente que marca o dia da profissão definitiva, quando o novo irmão se prostra aos pés de todos os outros e pede suas orações, a fim de ser recebido plenamente na fraternidade da comunidade. Ele manterá também o seu lugar de ordem para eliminar as diferenças sociais e para que em tudo prevaleça a comunhão.

Quando os irmãos se encontrarem, eles se cumprimentarão de forma fraterna. Os jovens honrarão os mais velhos e esses amarão os mais jovens : eles se chamarão afetuosamente de ‘irmão’ e ‘nono’ (nonni). Isto caracterizará a relação vivida dentro do mosteiro : uma relação substancial com referência ao mandamento da caridade.

Deve-se evitar que os jovens sejam deixados juntos o tempo todo; eles devem ser integrados com os mais velhos para que tenham algum tempo para a reflexão e não sejam tentados a entrar em fácil contestação ou a se dispersarem do que é essencial (22).

Os irmãos se revezarão para servir uns aos outros à mesa e se assegurarão de que não falte nada a ninguém (38, 6). Haverá dois pratos de cozidos para que nenhum irmão seja privado se não puder comer de um deles.

Os irmãos assegurarão também a leitura à mesa a cada semana e, para que não lhes seja pesado, poderão tomar a refeição antes do serviço, especialmente se estiverem em jejum desde a manhã (38, 6.10).

É importante que os irmãos façam tudo o que têm que fazer sem serem tentados a murmurar interna ou externamente. São Bento é muito sensível a esta dimensão para a qualidade da vida fraterna.

Ele também é sensível ao fato de que tudo aconteça no devido tempo. Ele prevê que o próprio abade toque o sino para a liturgia ou então que ele confie essa tarefa a um irmão que seja pontual, de maneira que o ofício nunca seja perdido (47). E quando o ofício termina, todos os irmãos saem do oratório em sumo silêncio (52).

São Bento também prevê que alguns irmãos possam permanecer no oratório após o ofício. Neste caso, eles o farão com discrição, dirigindo a Deus suas súplicas sem rumores de voz (52).

Acolhida fraterna

Os irmãos são convidados a compartilhar sua oração e parte de sua vida com as pessoas que vêm se hospedar no mosteiro.  Este é um ponto forte da vida monástica de acordo com São Bento. Os irmãos não estão destinados a se isolar em si mesmos. Eles devem ser testemunhas da importância da comunhão fraterna para aqueles que eles acolhem (53).

São Bento especifica que todo hóspede será recebido como o Cristo, de tal modo que à sua chegada, o abade e todos os irmãos corram ao seu encontro, mostrando-lhe todos os sinais de caridade (53, 3). Eles rezarão juntos e o abade lavará seus pés, seguindo o exemplo de Cristo para com seus discípulos.

O abade tomará a refeição com os hóspedes e romperá o jejum por causa deles; ele poderá convidar outros monges para sua mesa (56, 2), enquanto que a comunidade dos irmãos manterá a prática do jejum de acordo com a Regra (53, 10).

Quando há muitos hóspedes, o importante é que tudo seja organizado de tal forma que a vida dos irmãos não seja perturbada em seus aspectos fundamentais (53, 16). É por isso que a função de hospedeiro requer grandes qualidades espirituais, especialmente a consciência da presença permanente de Deus, que dá sentido a todos os relacionamentos e a todos os atos da vida (53, 21).

Os monges não estão enclausurados de forma absoluta, segundo a Regra de São Bento. Eles viajam e estão em contato frequente com pessoas externas. Um capítulo inteiro é dedicado aos irmãos que partem em viagem (67). Quando os irmãos têm que deixar o mosteiro por algum tempo, eles pedem a oração da comunidade na partida e no retorno, e permanecem ligados a ela, na medida do possível, assegurando as horas de oração.

Conclusão

Enfim, a Regra de São Bento não é um tratado sobre a fraternidade como uma ideia generosa à qual seria bom estar ligado, mas sim um convite para colocá-la em prática dentro da estrutura de uma comunidade de vida permanente. Esta fraternidade se estende aos hóspedes, acolhidos no mosteiro e a todos aqueles que, perto ou longe, estão ligados à comunidade. Finalmente, como vemos ao longo da história humana, este testemunho fraterno é um elemento estimulante na construção de toda a sociedade. Na verdade, as comunidades monásticas provam que a fraternidade é possível; elas a vivem ao longo do tempo com estabilidade. O fator tempo é essencial no ideal monástico mesmo que, infelizmente, o espaço tenha muitas vezes desviado a atenção dele : às vezes estamos mais atentos à estrutura que pode se tornar fixação e incapaz de adaptação.

São Bento, como vemos em sua vida escrita por São Gregório Magno, amava este papel essencial da fraternidade na construção da sociedade. Ainda hoje, ele nos convida a sermos verdadeiras testemunhas que dão suas vidas por amor no seio de uma comunidade fraterna.’ 


[1] Christine Mohrmann, ‘Le rôle des moines dans la transmission du patrimoine latin’, Revue d’histoire de l’Église de France, 1961, n° 144, p. 185-198.

Fonte : *Artigo na íntegra

https://www.aimintl.org/pt/communication/report/121


segunda-feira, 9 de junho de 2025

O discernimento vocacional segundo a Regra de São Bento

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 

O jovem São Bento recebe do padre Romano o hábito dos eremitas

Afresco do mosteiro de Subiaco (Itália)

*Artigo de Dom Bernardo Olivera, OCSO

Antigo Abade Geral dos Trapistas

 

Esta intervenção [1] de Dom Bernardo Olivera sobre a formação inicial nos pareceu útil para iluminar essa formação muito concretamente, a partir do que São Bento pensa na sua Regra

(Sl 4,7)

 

‘A abundância e a falta de vocações são, geralmente, causas que sublinham a importância do discernimento. A falta de vocações convida, muitas vezes, a correr o risco de ‘aceitar’ qualquer tipo de candidatos; a abundância leva não os passar pela peneira da colheita.

Nosso objetivo é consultar o ensino de São Bento na sua Regra: um ensinamento que vai desde o antes da entrada, até à profissão monástica.

São Bento tinha certamente o carisma do discernimento dos espíritos, mas quando se trata de vocações, é muito prático : baseia-se no que se vê e pode ser observado. Eis quatro critérios particulares e gerais oferecidos pela Regra.

A paciência perseverante

O primeiro critério da Regra está no começo do cap. 58, e diz assim :

‘Apresentando-se alguém para a vida monástica, não se lhe conceda fácil ingresso, mas como diz o Apóstolo : ‘provai os espíritos, se são de Deus’. Portanto se aquele que vem, perseverar batendo à porta e se depois de quatro ou cinco dias, sendo-lhe feitas injúrias e dificuldade para entrar, parece suportar pacientemente e persistir no seu pedido, conceda-se lhe o ingresso, e permaneça alguns dias com os hóspedes’ (RB 58,1-4).

Trata-se de um discernimento preliminar para examinar se o candidato está tocado pelo Espírito de Deus, no que diz respeito à sua vinda ao mosteiro.

Bento indica dois pontos fáceis de verificar : a perseverança e a paciência. O fator tempo ajudará a verificar estas duas realidades. Se, por um período de alguns dias, o candidato perseverar no seu pedido, e tiver paciência diante da demora que lhe impõem, pode-se dizer que é o Espírito de Deus que o traz ao mosteiro. O que não significa, evidentemente, que deva abraçar obrigatoriamente a vida monástica. A paciência é a primeira virtude que o candidato deve praticar. A paciência - consigo mesmo e com os outros – é um fator prioritário de perseverança na vida monástica. Sem paciência não há comunhão com os sofrimentos pascais de Cristo, nem comunhão profunda e misericordiosa com as deficiências dos irmãos da comunidade (RB Prol 50;72,5).

Comentário pastoral : Muitas vezes condicionados pela falta de vocações, alguns ou algumas se precipitam para admitir candidatos, deixando de lado este critério que todas as regras mencionam, assim como a tradição monástica em geral. Pela mesma razão também, se omite dizer, de antemão, ao candidato as coisas duras e ásperas pelas quais se vai a Deus (58,8).

A verdadeira procura de Deus

O segundo critério beneditino diz assim :

‘Que haja solicitude em ver se procura verdadeiramente a Deus, se é solícito para com o Ofício Divino, a obediência e os opróbrios’ (58,7).

             A procura de Deus, neste contexto, não é a procura de um Deus escondido, mas de um Deus de quem nos afastamos e para o qual decidimos voltar, um Deus que precede a nossa procura, procurando-nos por primeiro (Prol 2,14; 58,8). Note-se que Bento recomenda ‘observar’. Por outras palavras, os critérios de discernimento que propõe, necessitam de uma observação atenta. O texto sugere quem são os que ‘observam’, é o conjunto da comunidade. O que precede supõe que o ancião (sênior) capaz de ganhar almas (o mestre de noviços) seja particularmente responsável por esta observação… O cuidado que caracteriza esta observação é que seja solícita, observação atenta. Esta atenção particular refere-se à intensidade e à duração. O que a sutilidade e a perspicácia não fazem, faz-se facilmente com o tempo. O tempo revela o coração. O objeto da observação não é a intenção (invisível) do candidato à vida monástica, mas o seu comportamento (visível), e isto numa tríplice perspectiva : o dom de si à vida de oração, a aceitação da vontade dos outros e tudo o que coloca o orgulho do candidato debaixo de seus pés. Note-se que não se trata de se dedicar à oração, à obediência e à humildade, mas de se dar a isso numa aceitação dada, fervorosa e cheia de bom zelo.

- A obra de Deus

No que diz respeito à Obra de Deus, a oração tem o primeiro lugar. Bento é coerente com o que diz no começo da Regra :

‘Antes de tudo, quando encetares algo de bom, pede-lhe com oração muito insistente que seja por ele realizado’ (Prol. 4).

E, querendo ser ainda mais claro, afirmará, para que não haja dúvidas : ‘Nada preferir à obra de Deus’ (43,3). Note-se que Opus Dei refere-se ao Ofício Divino, mas em relação com o esforço geral de atenção a Deus (cf. 19,1-2; 7,10 e ss).

Comentário pastoral : Não se trata somente de observar o pedido do candidato por meio da sua participação ativa e consciente na Obra de Deus… mas também seu modo de integrar o que os formadores lhe propõem na ordem da práxis  : utilização dos livros do coro, canto; estudo : história, teologia, estrutura da liturgia das horas; mistagogia : oração dos salmos, que o espírito esteja de acordo com o coração…

- A obediência

A obediência beneditina é uma consequência da oração (cf. 6,2), portanto comporta uma certa primazia. O 1º grau da humildade é a obediência sem demora (5,1).

O pedido de obediência (fervor, bom zelo) leva a obedecer não só aos superiores, mas também a todos os irmãos da comunidade (72,6). Esta obediência leva à união com Jesus Cristo, que disse ‘Eu não vim fazer a minha vontade, mas a daquele que me enviou’ (RB 7,32 citando Jo 6).

Comentário pastoral : não esquecer que existem dois tipos de obediência em relação à liberdade :

- obediência por coerção : é o medo que faz agir;

- obediência por convicção : é a escolha que faz agir.

Na primeira forma de obediência, a liberdade é condicionada pelo medo do castigo; no segundo caso, é o livre arbítrio que prevalece (liberdade motivada pela razão) : identifica-se com a obediência voluntária, de que fala Perfectae Caritatis.

- Opróbrios

Os opróbrios, se olharmos a possível fonte basiliana do texto (Basílio, Regra, 6-7), referem-se aos trabalhos modestos e seculares.

São Bento encarrega-se de toda a vida do candidato para ajudar na humildade por meio de inevitáveis humilhações (cf. 7,44-54). É assim que o candidato à vida monástica começa por aderir a Jesus Cristo, que se apresenta manso e humilde de coração, e que veio para servir e não para ser servido (Mt 11,29; Mc 10,45).

Comentário pastoral : não se trata de ser humilhado de propósito, intencionalmente, mas de aceitar uma vida de serviço e de simplicidade.

- Conclusão

São Bento é muito concreto : a procura de Deus manifesta-se combatendo o egoísmo e o orgulho, pois isso impede a comunhão com Jesus Cristo e com o próximo.

Note-se, igualmente, que os três critérios propostos pelo Patriarca têm uma certa correspondência na escada da humildade. De fato, o 1º grau corresponde à relação do monge com Deus; os graus 2 a 4 referem-se à obediência; os graus 5 a 8 propõem o modo de se abaixar com a vergonha e a humilhação.

Por que motivo São Bento não menciona o silêncio como critério de discernimento? Não sabemos. Talvez por motivos literários ou pedagógicos. No entanto, os graus 9 a 12 da humildade falam dele.

Resumindo, as propostas de São Bento podem ser reformuladas em duas perguntas : o candidato à vida monástica procura seguir e imitar o Cristo na sua oração, sua obediência e sua abnegação? Oração, obediência e humildade estão a serviço de uma verdadeira procura de Deus? 

A observância da Regra

O terceiro critério consiste na confrontação com a regra de vida da comunidade.

São Bento diz que ela deve ser lida ao candidato, por inteiro, três vezes antes da profissão final. A capacidade do candidato para observar pacientemente o que ela prescreve, é igualmente um critério de discernimento (58,9-16).

Comentário pastoral : Os comportamentos obedientes e humildes devem vivificar a observância da Regra inteira, sendo esta observância uma prova suplementar da procura de Deus. Além da Regra de São Bento o candidato deve conhecer os costumes da Ordem contidos nas Constituições e Usos da comunidade.

O bom zelo

O pedido que o candidato à vida monástica deve manifestar está intimamente ligado ao bom zelo, típico de quem decidiu afastar-se dos vícios e dirigir seus passos para Deus. Por conseguinte, o cap. 72 da Regra, sobre o Bom Zelo, ou o amor mais ardente, oferece critérios suplementares para verificar o dom da vida e o crescimento na vida divina.

Em resumo, os critérios do bom zelo podem ser apresentados assim :

- respeitar-se uns aos outros (honra);

- ajudar-se mutuamente (paciência);

- obedecer-se mutuamente (obediência);

- renunciar a si mesmo, não ao vizinho (abnegação – oblação);

- amar-se (fraternidade, irmandade);

- temer a Deus com amor (começo da sabedoria);

- amar o abade / com afeição sincera (filiação);

- nada preferir ao Filho único! (Cristocentrismo).

Comentário pastoral : um noviço que não arde, pelo menos algumas vezes, com um zelo ardente, mesmo que seja excessivo, corre o risco de se tornar um professo solene medíocre. A sabedoria popular diz : ‘vassoura nova varre bem’ e ‘burro velho não anda a trote’.

Conclusão

É evidente que estes critérios, em particular o do bom zelo, valem, não só para a entrada na vida monástica e a perseverança, mas também para a passagem do monge e da monja para a vida eterna.

A doutrina do Patriarca, por causa de sua base evangélica, conserva seu valor. O ensinamento de São Bento exposto aqui deve ser levado em conta e traduzido para as circunstâncias do mundo de hoje.

O modo como seus princípios são encarnados pode mudar e enriquecer-se.’

 [1] Intervenção na sessão dos formadores da ABECCA (2019).

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://www.aimintl.org/pt/communication/report/119

quinta-feira, 1 de maio de 2025

Morte e vida na Regra de São Bento

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 
*Artigo do Padre Jean-Pierre Longeat, OSB


‘No livro do Deuteronômio, Moisés fala ao povo de Deus, de modo muito decisivo no momento em que ele mesmo ia morrer, sem ter visto a Terra Prometida :

‘Eu te proponho hoje a vida ou a morte, escolhe a vida e viverás’! (Deut 30,19).

A vida monástica levou a sério este apelo. Desde o começo da Regra São Bento retoma o apelo do Senhor :

‘E procurando o Senhor o seu operário na multidão, ao qual clama, retomando o salmo 33 : ‘Quem quer a vida? Quem deseja dias felizes?’diz ainda : ‘ Se, ouvindo, responderes : ‘Eu’, dir-te-á Deus ‘Se queres a verdadeira vida, a vida com Deus para sempre… Então procura a paz e segue-a’ (Pról. 14-16).

E também no fim do Prólogo :

‘De modo que não nos separando nunca do seu magistério e perseverando no mosteiro, sob sua doutrina, até a morte, participemos pela paciência, dos sofrimentos do Cristo a fim de também merecermos ser co-herdeiros do seu Reino’ (Prol. 50)

No cap. 4 sobre os instrumentos das boas obras, São Bento volta ao tema da morte e da vida na existência de um monge : ‘Ter diariamente diante dos olhos a morte a surpreendê-lo’ (RB 4, 46). Não há nada de mórbido nisso, é simplesmente sublinhar que a vida nesta terra, por mais importante que seja, é uma passagem e que agarrar-se a ela não dá a chave da existência. É, ao mesmo tempo, uma questão de orientação do desejo para a verdadeira vida e de vigilância sobre o cotidiano das palavras e dos atos.

Concretamente isto traduz-se por uma atenção na escuta obediente, para que o amor circule livremente entre nós. Assim no capítulo sobre a humildade, São Bento diz : ‘O terceiro grau da humildade consiste em que, por amor de Deus, se submeta o monge, com inteira obediência ao superior, imitando o Senhor, de quem disse o apóstolo : Fez-se obediente até à morte’ (RB 7, 34). Mais uma vez é questão do mistério pascal. O quarto grau completa o anterior, mostrando como isso exige paciência e perseverança; trata-se de ‘não se entregar, nem ir embora’ até ao fim, para saborear a vida verdadeira.

Isto se vive sobretudo no quadro da liturgia, em que a alternância regular do dia e da noite reatualiza na nossa vida o mistério pascal de Cristo : ao pôr do sol com as Vésperas, em que Cristo morre na cruz, na noite escura das Vigílias com o combate que se passa nos salmos, ao nascer do sol com as Laudes, manhã da ressurreição, e ao longo das Horas Menores seguindo o caminho do sol e a paixão do Filho do Homem.

Isto também interfere igualmente no comportamento para com os doentes. Estes nos lembram a fragilidade da existência e a proximidade da última passagem. São Bento diz para reconhecer neles o Cristo, o Cristo sofredor e moribundo, e, no entanto mesmo nessas circunstâncias, testemunha constante da vida que está em Deus.

Do mesmo modo, São Bento pede que se tenha cuidado com as crianças, os hóspedes, os peregrinos, os pobres; neles reconhece-se o Cristo pobre, confrontado com a fragilidade da existência.

Para mostrar ainda mais esta relação com Cristo no seu mistério da Páscoa, a Regra prevê em diversas circunstâncias o rito do lava-pés. Na acolhida dos hóspedes, e também cada semana, quando os monges entram no serviço do refeitório e da cozinha, mesmo se esse rito não se faz mais hoje. Esta dimensão do serviço manifesta a participação na morte e na ressurreição de Cristo. O rito do lava-pés tem todo o sentido em ligação com a refeição eucarística, como Jesus fez na véspera da sua paixão.

O monge torna-se pobre de qualquer pertença pessoal. No dia de sua profissão, faz doação de tudo o que possui; sobretudo de si mesmo, pois está dito que a ‘partir desse dia nem sobre o próprio corpo tem poder’ (RB 53, 25). É por isso que em certas épocas, a liturgia da profissão simbolizava a morte espiritual do novo candidato, que, prostrado, ficava coberto com um pano preto. Ou então, o professo ficava coberto com um capuz durante três ou oito dias, antes de se descobrir e aparecer como testemunha da ressurreição, segundo o modelo da liturgia do batismo. Lembremos também o ‘encorajamento’ que outrora os monges trapistas faziam quando se encontravam ‘Irmão, caminhemos para a morte’, ou então, aqueles monges que, cada dia, cavavam o seu túmulo para experimentarem a vaidade das coisas que passam. Estes costumes já não se praticam hoje, pois colocou-se o polo da vida e da ressurreição no seu devido lugar. Mas a vida monástica tem que vigiar para manter o equilíbrio das duas dimensões do mistério pascal. Uma nunca vai sem a outra.

No fim da Regra São Bento, resume-se assim a vida dos monges :

‘Nada absolutamente anteponham a Cristo, que nos conduza juntos para a vida eterna’ (RB 72, 11-12).

A morte e a vida só se compreendem bem, na vida monástica, à luz do mistério pascal de Cristo.’

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://www.aimintl.org/pt/communication/report/118

segunda-feira, 14 de agosto de 2023

A Regra de São Bento, um segredo para viver melhor

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 
*Artigo de Marie-Bénédicte Coz 


É sempre uma boa ideia refletir sobre como você pode viver melhor o seu dia. A Aleteia lhe dá algumas ideias, seguindo uma estrutura testada e comprovada que remonta a mais de 1.500 anos.

Atividades divertidas, relaxamento, descanso… Dependendo do seu perfil e orçamento, nem todas essas ideias são adequadas. Dê uma olhada nos monges, cujo ritmo diário é tão bem organizado que eles quase nunca tiram nem mesmo férias : na Regra de São Bento, os dias são estruturados em torno da oração, do trabalho manual e da lectio divina, em perfeito equilíbrio. Uma variação para os leigos poderia ser :

1.      Um tempo para o corpo

Seja para dormir um pouco, fazer uma dieta balanceada ou praticar algum esporte, o ritmo diário às vezes deixa pouco espaço para ouvir as necessidades do corpo. Aproveite ao máximo seus momentos de lazer e descanso para cuidar da saúde. Esse tempo dedicado ao seu corpo também pode ser usado para atividades manuais realizadas sozinho ou em família : bricolagem e jardinagem têm a vantagem de proporcionar uma satisfação gratificante depois de concluídas. Essas atividades, realizadas em conjunto, são um caldeirão de novos relacionamentos, fontes de alegria e boas lembranças, ainda mais se fizerem parte de um serviço!

2.     Um momento para a mente

Quando foi a última vez que você abriu um livro? Abra a porta de uma livraria e escolha sua próxima leitura! Hoje é o momento propício para fazer uma retrospectiva dos meses que já se passaram este ano, em casal ou em família, para analisar o que o ajudou a crescer e as dificuldades que enfrentou, mas também para olhar para os meses que estão por vir, os compromissos que você pode aceitar e as áreas em que deseja progredir.

3.     Um tempo para a alma

Para muitas pessoas, começar o dia cedo permite que elas o aproveitem ao máximo. Por que não usar esse recurso em seu telefone para definir um lembrete diário e fazer um momento de oração no início do dia? Comece com cinco minutos lendo as leituras do dia, e esse compromisso, honrado diariamente, será um bom hábito a ser adotado.

4.     Faça da sua casa um lugar de boas-vindas

São Bento dedica um capítulo inteiro à questão da hospitalidade. O capítulo 53 afirma : 'Todos os hóspedes que chegarem serão recebidos como Cristo, pois ele mesmo deverá dizer um dia : 'Pedi hospitalidade e vocês me receberam' (Mt 25:35)'.

Churrascos com amigos e aperitivos com a família ilustram o espírito festivo que é a marca registrada de um fim de semana bem-sucedido. Sejamos convidados ou anfitriões, muitas vezes pensamos nos fins de semana como uma forma de dar as boas-vindas aos outros e interagir. Assim, um fim de semana cristão pode ser também um momento em que nos permitimos ser surpreendidos pelo inesperado, seja por familiares ou amigos que se convidam para estar juntos, ou simplesmente por uma criança que traz um jogo de tabuleiro justamente quando queríamos tomar nosso café?

5.     Reconexão com a natureza

Aproveite especialmente seus finais de semana para se reconectar com a natureza, que às vezes é esquecida quando se vive em uma área urbana. Belas paisagens, sob um sol tímido ou durante a hora dourada – aqueles breves momentos após o nascer do sol ou antes do pôr do sol que são tão populares entre os fotógrafos – são lugares de admiração e contemplação. Estar em contato com a natureza dessa forma nos lembra que fomos criados pelo Deus que colocou todo o seu amor tanto para erguer o Everest quanto para fazer a mais simples margarida florescer. Reservar um tempo para entrar em contato com a natureza, em toda a sua simplicidade e beleza, nos permite vivenciar um momento de recriação no qual sentimos o gosto da paz em vez do relaxamento e da alegria em vez do prazer.

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://pt.aleteia.org/2023/08/11/a-regra-de-sao-bento-um-segredo-para-viver-melhor/