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quarta-feira, 1 de janeiro de 2025

Solenidade da Santa Mãe de Deus Maria

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 
*Artigo do Cardeal Dom Orani João Tempesta, O. Cist.,

Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

 

‘Celebramos no dia 1º de janeiro a Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus, e o mundo todo também celebra o Dia Mundial da Paz, ou confraternização universal. Peçamos a Nossa Senhora Mãe de Deus que interceda junto a Deus pela paz no mundo. Nossa Senhora é a Mãe de Deus justamente porque é a Mãe de Jesus, e Ele é o Filho de Deus.

Infelizmente, vivemos grandes guerras no mundo, além de algumas outras menores que não são noticiadas e as guerras urbanas de nossas cidades. Peçamos a intercessão de Nossa Senhora Mãe de Deus para que cessem as guerras em 2025 e, neste Dia Mundial da Paz, peçamos a paz tão necessária. Peçamos ainda que cada governante possa pensar em como pode controlar o avanço do aquecimento global, para que, dessa forma, o planeta possa ser salvo. O planeta precisa respirar, o futuro das próximas gerações está em risco, e não só os governantes, mas a população em geral precisa tomar uma atitude.

Em 2025, a Igreja viverá um momento especial, que é o ano jubilar da esperança. Somos todos peregrinos da esperança e chamados a encorajar aqueles que andam desanimados e sem fé. A cada vinte e cinco anos, a Igreja vive o ano jubilar. Somos convidados a nos mergulhar nesse ano jubilar e pedir a misericórdia do Senhor sobre nós. Peçamos a misericórdia do Senhor sobre todo o mundo, e que possamos nutrir em nós a esperança em um mundo melhor.

A Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus sempre ocorre no dia 1º de janeiro, concluindo a oitava de Natal, e é celebrada independentemente do dia da semana em que ocorre. Este ano, o dia 1º de janeiro cai numa quarta-feira; no domingo seguinte, dia 5 de janeiro, celebraremos a Solenidade da Epifania do Senhor, e no outro domingo, dia 12, encerraremos o Tempo do Natal com a festa do Batismo do Senhor.

Santa Maria Mãe de Deus é um dogma, ou seja, uma verdade de fé, que a Igreja, após muito estudo, propõe aos fiéis para que creiam. O dogma de Santa Maria Mãe de Deus é o mais antigo, foi proclamado em 431 durante o Concílio de Éfeso. Pois, se Maria é a Mãe de Jesus, e Ele é o Filho de Deus, logo, Ela é a Mãe de Deus. O termo ‘Mãe de Deus’ vem do grego (Theotókos), afirmando que Jesus Cristo possui as duas naturezas : Ele é plenamente humano e divino. Os outros dogmas marianos são : Virgindade Perpétua, Imaculada Conceição e Assunção de Nossa Senhora. Portanto, peçamos a intercessão de Nossa Senhora por nós e por nossa família.

Façamos um esforço para participarmos da Santa Missa da Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus no dia 1º de janeiro. Nesse dia 1º de janeiro, também acontece a tradicional bênção do Papa, diretamente de Roma para o mundo. Essa bênção é conhecida como ‘Bênção Urbi et Orbi’. Que a bênção que o Papa Francisco dará de Roma chegue aos nossos corações e ao coração de todos os habitantes deste mundo.

A primeira leitura da missa dessa quarta-feira é do livro dos Números (Nm 6, 22-27). O Senhor fala a Moisés para que ele possa dizer a Aarão e aos seus filhos como eles devem abençoar os seus filhos e parentes. A bênção que vem de Deus nos dá forças para seguirmos em frente e enfrentarmos as lutas diárias. Hoje em dia, perdeu-se o costume de pedir a bênção aos pais, avós e madrinhas. Esse é um costume que vem desde o Antigo Testamento e não devemos deixar que essa tradição se perca. Ao dizer ‘Deus te abençoe’ ao próximo, estamos desejando coisas boas a ele e que tudo o que ele fizer naquele dia, Deus o abençoará. Ensinemos novamente as gerações que estão surgindo a importância de pedir a bênção e manter viva a nossa tradição. Que a bênção do Senhor nos acompanhe ao longo deste ano e possamos ter muita paz.

O Salmo responsorial é o 66 (67). O refrão do salmo é a resposta daquilo que ouvimos na primeira leitura, e o salmista pede que o Senhor nos dê a sua graça e a sua bênção. Que todos os homens possam conhecer os caminhos do Senhor e descobrir que somente a paz pode construir um mundo melhor. Que Deus nos dê a graça de estarmos em paz com Ele, com o nosso próximo e com os nossos irmãos de comunidade.

A segunda leitura dessa missa é da carta de São Paulo aos Gálatas (Gl 4, 4-7). Paulo diz à comunidade de Gálatas que, no momento oportuno, Deus enviou o seu Filho ao mundo, nascido de uma mulher e sujeito à lei humana. Ele assumiu a condição humana para ensinar à Humanidade o caminho do amor e da fraternidade. Ensinou a importância de construirmos aqui na terra o Reino de Deus para vivê-lo de maneira plena no céu. Ele é o herdeiro e nós somos os co-herdeiros da graça.

O evangelho da missa dessa solenidade é de Lucas (Lc 2, 16-21). Esse trecho do Evangelho que ouvimos hoje retrata quando os pastores foram a Belém encontrar-se com Maria e José, com o intuito de adorar o Menino Deus. Eles contaram tudo o que ouviram a respeito do Menino, e todos ficaram admirados. Maria, porém, guardava e conservava tudo em seu coração.

Os pastores voltaram louvando e glorificando a Deus por tudo o que viram e ouviram, conforme o anjo lhes havia dito. O Menino que havia nascido veio para ser o rei de Israel e ensinar à Humanidade que somente o amor pode construir um mundo mais justo e fraterno. O Messias nasceu pobre e humilde, para confundir os ricos e ensinar-lhes que a riqueza não salva, mas o amor e a solidariedade.

José e Maria, ao completar-se o tempo previsto, levaram o Menino para circuncidá-lo e deram-lhe o nome de Jesus, como havia sido predito pelo anjo. Nessa celebração, rendemos graças a Deus por ter enviado o seu Filho Jesus e permitido que Ele nascesse de um ventre materno.

Neste dia, peçamos a Virgem Maria que nos proteja e nos guarde, e que possamos guardar e conservar tudo em nosso coração e fazer sempre a vontade de Deus.

Santa Maria Mãe de Deus, rogai por nós.’

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://arqrio.org.br/solenidade-da-santa-mae-de-deus-maria/

domingo, 1 de janeiro de 2017

Maria, Mãe de Deus e Rainha da Paz!

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

*Artigo do Cardeal Dom Orani João Tempesta, O. Cist.,
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ


 ‘No dia primeiro de janeiro, celebramos a Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus e, também, o Dia Mundial da Paz. Diante disso, não podemos nos esquecer, de modo algum, que a mesma Virgem Maria, por quem nos veio o Salvador, cujo nascimento é celebrado em 25 de dezembro, é também a Rainha da Paz.

Oito dias antes desta solenidade, celebramos o Natal: uma criança que nasce, mas não uma criança a mais, e sim o Filho de Deus feito homem por amor de nós. Pois bem, o Eterno entrou na História, de modo que, como diz São Paulo, ‘o tempo se fez breve’ (1 Cor 7,29). Não há mais momento a perder. É preciso trabalhar, incansavelmente, pela nossa santificação e a dos que nos cercam : Uma alma que se eleva, eleva o mundo inteiro. O contrário também deve ser real : Uma alma que se perde arrasta muitos consigo. Peçamos a Deus a graça de estar entre os que desejam a própria salvação e a dos que nos cercam.

Agora nasce um Novo Ano cronológico, marcado pela sucessão do tempo : desde os segundos até os meses que o formam. E esta é a desafiante ligação : no Natal, o Eterno entra na História e Se faz um de nós; no Ano Novo vem um tempo diferenciado, que nos convida a fazer de cada minuto o tempo oportuno da graça de Deus, o Kairós. O tempo é o dom básico para a nossa santificação; é nele que nós nos perdemos ou nos salvamos. Seja 2017 um ano de muita fé e paz, apesar das tantas dificuldades que nos cercam, mas com Deus as venceremos! O Novo Ano será bom se procurarmos corresponder ao Plano de Deus a cada dia. Em meio ao caos do mundo de hoje, os cristãos são chamados a serem sinais de esperança, pois estamos alicerçados na fé em Cristo que morreu e ressuscitou e está vivo entre nós.

No dia 1º de janeiro, celebramos, de modo solene, Santa Maria, a Mãe de Deus. Aqui uma profunda questão teológica ou mesmo de fé se põe a algumas pessoas : como pode Maria ser a Mãe de Deus se Ele é eterno, portanto não tem começo nem fim? – A resposta não é difícil a quem se empenha no estudo e melhor compreensão da nossa fé – afinal, nunca é demasiado lembrar quanta falta faz uma catequese séria e continuada de cada homem e mulher batizados, mas não devidamente evangelizados. Eis a resposta à questão: Deus, na sua eternidade não pode ter mãe. Ele é o criador incriado.

No entanto, na plenitude dos tempos (cf. Gl 4,4), Deus se fez homem e quis – dentre as tantas formas de vir a este mundo – nascer de uma mulher especial, Maria Santíssima. Ora, o Senhor Jesus é Deus e Homem verdadeiro, assumiu a natureza humana sem deixar de ser Deus. Nesse ponto, Maria é Mãe de Deus. Não de Deus em sua eternidade, mas quando assumiu a nossa humanidade. Atente-se bem : Mãe de Deus feito Homem, pois a mulher que dá à luz traz a este mundo um ser inteiro. Portanto, Maria nos trouxe o Homem-Deus ou o Deus-Homem, conforme o ângulo que se queira vê-Lo.

Em Lucas 1,43, ao ser saudada por Isabel, parenta de Maria, está lhe diz, de modo claro : ‘De onde me vem a graça de que a Mãe do meu Senhor (Kyrios) me venha visitar’? Ora, a palavra Kyrios foi a forma que a chamada ‘Bíblia dos Setenta (LXX)’ traduziu o nome santo e impronunciável de Deus, IHWH (o tetragrama sagrado), de modo que bem se pode dizer que a Mãe de Deus visitou Isabel. Aliás, esse título de Maria, como Mãe de Deus (Theotokos), foi definido como dogma pelo Concílio de Éfeso, em 431, atestando assim essa fé da Igreja. Se Cristo é Deus e Homem verdadeiro, Maria é também Mãe de Deus. Tal doutrina, antiquíssima na Igreja, sempre foi mantida, de modo que até o fim dos tempos celebraremos Nossa Senhora como Mãe de Deus e nossa Mãe.

Junto a isso, importa dizer que a Virgem Maria é invocada como a Rainha da Paz, ou seja, a Mãe do Príncipe da Paz, Jesus Cristo, e que deseja o bem dos Seus filhos. Por ‘Paz’ entendemos a tranquilidade da ordem, ou seja, cada coisa em seu devido lugar, quer no plano espiritual, quer no âmbito material. Com falta de confissão sacramental, de Eucaristia, de oração, de caridade, de misericórdia etc. é muito difícil ou mesmo impossível ter a paz de alma duradoura. Também no aspecto material, só a correria diária, a corrupção, a mentira, o empoderamento, as vantagens só para si etc. nunca trarão paz de consciência.

Afora isso, temos a guerra ora declarada, ora velada, mas existente entre não poucos países, em nossos Estados ou nossas cidades, sem que nem sempre se valorize a saúde, a moradia digna, a educação de qualidade, a segurança adequada pela devida honra a ser prestada àqueles que, por profissão, mas também poderia se dizer, por vocação, arriscam suas vidas a fim de salvar as de outros. Aí não pode haver paz que se prolongue. É nesse contexto, um tanto sombrio, mas permeado pela esperança cristã, que pedimos à Mãe de Deus e Senhora da Paz para, junto ao seu Filho Jesus Cristo, interceder por nós, como fez em Caná da Galileia (cf. Jo 2,1-12).

Destaco importantes eventos marianos deste ano : o Ano Mariano, no Brasil, o centenário das visões de Fátima, em Portugal, e o tricentenário de Nossa Senhora Aparecida, em nosso País.

Possa Maria Santíssima, a Estrela da Evangelização, ajudar-nos a mais e melhor anunciar Jesus Cristo em todos os recantos desta Nação-Continente. Sejamos, de fato, ‘uma Igreja em saída’, como nos exorta o Papa, e caminhemos ao encontro de todos aqueles e aquelas que vivem nas periferias existenciais e geográficas, a fim de lhes dizermos – enquanto Igreja – como Maria Santíssima, sob o título de Guadalupe, disse no México : ‘Não estou eu aqui que sou tua Mãe’?

Também no dia 13 de maio haverá a comemoração dos 100 anos das chamadas aparições de Nossa Senhora, em Fátima, a três pastorinhos : Lúcia, Francisco e Jacinta. Em síntese, nessa revelação particular (cf. o Catecismo da Igreja Católica n. 67), Maria pediu oração e penitência em favor da humanidade envolta em perigos.

Com relação aos ‘segredos de Fátima’, vem a interpretação do então Cardeal Ratzinger, depois Papa Bento XVI, um dos maiores teólogos da atualidade, a dizer o seguinte : ‘Os diversos acontecimentos [previstos em Fátima – nota nossa], na medida em que lá são representados, pertencem já ao passado. Quem estava à espera de impressionantes revelações apocalípticas sobre o fim do mundo, ou sobre o futuro desenrolar da História, deve ficar desiludido. Fátima não oferece tais satisfações à nossa curiosidade, como, aliás, a fé cristã em geral que não pretende nem pode ser alimento para a nossa curiosidade. O que permanece – dissemo-lo logo ao início das nossas reflexões sobre o texto do ‘segredo’ – é a exortação à oração como caminho para a ‘salvação das almas’, e, no mesmo sentido, o apelo à penitência e à conversão’. Por fim, o Seu Imaculado Coração triunfará (cf. Congregação para a Doutrina da Fé. A Mensagem de Fátima. www.vatican.va, acessado em 01/12/15).

Dia 12 de outubro, encerrando o Ano Mariano e a celebração dos 300 anos do encontro da Virgem Maria nas águas do Rio Paraíba do Sul, celebraremos, como fazemos todos os anos e neste de modo especialíssimo, a Solenidade de Nossa Senhora com o título de Conceição Aparecida.

Sua história é bela e pode-se dizer que se prende de algum modo ao Evangelho da pesca milagrosa (cf. Lc 5,4-7), pois em ambos os casos os peixes só aparecem em tamanha quantidade depois de uma intervenção divina. No Evangelho, é o próprio Cristo quem fala e, em Aparecida, é a Sua Mãe quem se manifesta. Ela, que não faz nem mais nem menos do que é a vontade do Filho. Nada fala com palavras, mas se mostra como a Mulher solícita de sempre junto aos necessitados. Era o tempo terrível da escravidão e sua cor relembra isso : em seu Filho somos todos irmãos e irmãs, sem quaisquer barreiras ou distinções. O Brasil é país da acolhida e da cordialidade, não da guerra fratricida a dividir pessoas em suas opções políticas ou classes sociais. Uma separação entre ‘nós e eles’ não pode existir aqui. Não faz parte da nossa cultura nem de nosso espírito cristão.

Assim o Papa Francisco rezou em Aparecida por ocasião de sua visita em 2013, quando esteve no Rio de Janeiro para a Jornada Mundial da Juventude : ‘Mãe Aparecida, como Vós um dia, assim me sinto hoje diante do vosso e meu Deus, que nos propõe para a vida uma missão cujos contornos e limites desconhecemos, cujas exigências apenas vislumbramos. Mas, em vossa fé de que ‘para Deus nada é impossível’, Vós, ó Mãe, não hesitastes, e eu não posso hesitar’.

Assim, ó Mãe, como Vós, eu abraço minha missão. Em vossas mãos coloco minha vida e vamos, Vós-Mãe e Eu-Filho, caminhar juntos, crer juntos, lutar juntos, vencer juntos como sempre juntos caminhastes vosso Filho e Vós. Mãe Aparecida, um dia levastes vosso Filho ao templo para consagrá-Lo ao Pai, para que fosse inteira disponibilidade para a missão. Levai-me hoje ao mesmo Pai, consagrai-me a Ele com tudo o que sou e com tudo o que tenho. Mãe Aparecida, ponho em vossas mãos, e levai até o Pai a nossa e vossa juventude, a Jornada Mundial da Juventude : quanta força, quanta vida, quanto dinamismo brotando e explodindo e que podem estar a serviço da vida, da humanidade’.

Finalmente, ó Mãe, vos pedimos : permanecei aqui, sempre acolhendo vossos filhos e filhas peregrinos, mas também ide conosco, estai sempre ao nosso lado e acompanhai na missão a grande família dos devotos, principalmente quando a cruz mais nos pesar, sustentai nossa esperança de nossa fé.

Nossa Senhora, Mãe de Deus e nossa Mãe, sob os diversos títulos que sois lembrada, protegei e amparai o nosso Brasil neste ano de 2017 e sempre. Amém!’


Fonte :


domingo, 1 de janeiro de 2012

O Dia Mundial da Paz e a celebração de Maria a Mãe de Deus






Este artigo foi gentilmente cedido por Dom João Evangelista Kovas, OSB, monge beneditino do Mosteiro de São Bento de São Paulo. 


No primeiro dia do ano, 1º de janeiro, a Igreja celebra a Solenidade de Nossa Senhora Mãe de Deus. Nesta mesma data, é celebrado em todo mundo o Dia Mundial da Paz. A Igreja Católica contribuiu muito com o estabelecimento internacional da comemoração da paz, quando ela celebra em sua liturgia esse dia de Nossa Senhora. Nada mais conveniente do que celebrar a Paz em um dia de Nossa Senhora. Mas qual é a definição dada pela bíblia ao termo “paz”? 

Paz, em hebraico, é shalom. Até hoje os judeus se saúdam mutuamente com essa expressão. Jesus também fez isso. Na primeira vez que enviou os seus discípulos para anunciar a Boa Nova, ele os recomendou essa saudação. Assim que eles entrassem em uma casa, deveriam saudar os que nela habitavam com “a paz esteja nessa casa” (Lc 10,5). O próprio Jesus saudava os seus discípulos dessa maneira, sobretudo quando ele se reencontrou com eles, após sua ressurreição. Disse: “A paz esteja convosco” (Jo 20,19). Doravante, essa será a saudação que designará os cristãos dos primeiros séculos, quando se encontravam e se congratulavam com a ressurreição do Senhor. E a mensagem do perdão viria selar, com laços ainda mais fortes, essa paz confiada à comunidade cristã. 

Podemos entender a força dessa saudação evangélica, quando procuramos o seu sentido ao longo dos textos bíblicos. A paz é a plenitude de vida em Deus. Assim, nossos primeiros pais (que o Livro do Gênesis evoca como Adão e Eva) tinham a promessa de viver em paz, porque viviam na presença de Deus e Ele se manifestava às claras para eles. A paz era o patrimônio divino destinado à humanidade, confiado, no entanto, àqueles que viriam transmitir a vida a uma numerosa descendência. Em diversos momentos da Bíblia, o mesmo princípio é evocado. Quando o Povo de Israel é libertado do Egito, recebe de Deus a promessa de uma Terra boa, “que jorra leite e mel”, dizendo com isso que esse povo viria experimentar prosperidade, sempre que obedecesse aos santos mandamentos e conservasse sua fidelidade a Deus em seus corações. Em conseqüência, gozariam de paz por todos os seus dias.

A história de Israel não foi bem assim, posto que foi permeada de infidelidade da parte do povo e perdão da parte de Deus. A paz, porém, ficou sempre marcada como uma promessa de felicidade na presença salvífica de Deus, se o povo fosse fiel.

Nós cristãos sabemos que essa promessa viria tomar dimensões inauditas, quando contemplamos o enviado do Pai para a salvação de toda humanidade, restaurando a paz definitiva. Jesus Cristo é o mediador da verdadeira paz, pois restitui à humanidade, de um modo todo novo, sua comunhão com Deus. Ele mesmo é Deus que veio visitar o seu povo. Por isso, a “Paz pascal” de Jesus Cristo ressuscitado é o protótipo da realização de todas as promessas feitas ao Povo de Israel, e inclusive da solene promessa que Deus fez a Noé, de que estabeleceria uma Nova Aliança com toda humanidade.

Maria, a Mãe de Jesus, é aquela que por primeiro recebe esse bom anúncio de paz e a transmite para nós, seus filhos na fé. Enquanto o “não” de Eva, nossa primeira mãe, nos mereceu perder tão grande riqueza, o “sim” de Maria nos restitui a presença de Deus entre os homens, Jesus Cristo Nosso Senhor. Doravante, o Espírito Santo formou no seio de Maria um corpo e uma alma humanos para a divindade do Filho. E a menina Maria, em nome de todos nós, deu o seu sim ao plano salvífico de Deus e “o Verbo de Deus se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,14). Ela tornou-se Mãe de Deus, uma vez que Jesus é seu filho legítimo, em sua humanidade.

Peçamos a intercessão de Maria Santíssima, a fim de que possamos também nós dar o nosso “sim” ao plano de salvação que o Senhor tem para nós e possamos viver em Paz, a começar restabelecendo a paz com nossos irmãos.