Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
Papa Francisco inaugura centro de acolhida 'Palazzo Migliori', em 2019, destinado às populações carentes de Roma
*Artigo de Mirticeli Dias de Medeiros,
jornalista e mestre em História da Igreja, uma das
poucas brasileiras
credenciadas como vaticanista junto à Sala de Imprensa da Santa Sé
‘Quando
olhamos para a suntuosa basílica de São Pedro, do século 16, considerada uma
das obras barrocas mais impressionantes do período, vem à nossa mente o papa,
os concílios e a genialidade dos artistas Michelangelo e Lorenzo Bernini. É
quase impossível não associar a esses elementos. A Igreja, rodeada pelos
edifícios que compõem o complexo do Estado do Vaticano, abriga, em seu subsolo,
os restos mortais de São Pedro, o apóstolo que fora escolhido por Jesus para
ser o chefe da Igreja Católica.
A casa de Pedro
A
bíblia narra que, na casa de Pedro, em Cafarnaum, habitava um hóspede ilustre :
Jesus Cristo. O Messias morou ali por um período para que pudesse exercer sua
missão, que começou oficialmente quando ele completou 30 anos, de acordo com os
evangelhos.
Sendo
assim, podemos dizer que casa de Pedro, hoje, é o Vaticano. Entre idas e vindas
ao longo da história, foi lá que o sumo pontífice, na pessoa de Pio IX,
resolveu se estabelecer definitivamente em 1870. Desde então, o local tem sido
palco de inúmeros eventos históricos. Foi lá que Pio XII, durante a Segunda
Guerra Mundial, escondeu dezenas de judeus romanos que estavam na mira dos
oficiais nazistas.
Para
o papa Francisco, o local não é somente um centro administrativo ou espiritual.
É casa de Jesus e de Pedro. O lugar onde ambos dividem o mesmo teto. Só que,
desta vez, o ‘Pedro’ é argentino e o Jesus é o pobre abandonado, de
várias nacionalidades, que passa fome e frio nas ruas de Roma.
O
papa abriu, nas imediações de seu pequeno Estado, vizinho às famosas ‘colunatas
de Bernini’, um posto de saúde para atender as populações carentes da capital.
No local, também funciona uma barbearia e foram instaladas duchas com água
quente, que ficam à disposição de quem precisa. E é justamente nesse prédio
onde são distribuídos, desde a semana passada, testes de Covid-19
gratuitamente. Até agora, foram beneficiados não só os desabrigados da cidade,
mas também os italianos que, por causa da pandemia, acabaram ficando
desempregados.
Um hotel de luxo para
os pobres
E
quanto à mansão que o pontífice transformou em dormitório? Foi isso mesmo que
você leu. Se chama Palazzo Migliori, um prédio histórico do século 18, cujo
chão é todo em mármore e possui paredes repletas de afrescos. O local fica a
poucos metros do Vaticano e estava destinado a se tornar um hotel de luxo.
A
propriedade, que pertencia a uma família nobre da capital, foi doada à Santa Sé
na década de 1930. Francisco suspendeu a venda e o transformou num dormitório
com capacidade para abrigar 50 pessoas. O dinheiro arrecadado com a venda dos
famosos pergaminhos que contêm a bênção apostólica pontifícia financiou todo o
trabalho de reestruturação do prédio. Quem procura refúgio nesse centro de
acolhida, tem direito a café da manhã, jantar, acesso à internet e pode
consultar uma biblioteca repleta de livros interessantes.
O bispo de Roma em
ação
Só
na semana passada, o Vaticano, em parceria com alguns supermercados de Roma,
distribuiu 5 mil cestas básicas às famílias de 60 paróquias romanas que se
encontram em situação de dificuldade. Na ‘caixa de alimentos do papa’ um
bilhete assinado pelo pontífice e algumas máscaras de proteção. Além disso,
foram distribuídas outras 350 mil máscaras aos estudantes da rede pública de
ensino que vivem na periferia da capital.’
Fonte : *Artigo na íntegra https://domtotal.com/noticia/1484162/2020/11/o-vaticano-de-francisco-e-casa-dos-pobres/
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