Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
*Artigo
do Padre Geovane Saraiva,
jornalista, colunista e pároco
de Santo Afonso de Fortaleza, CE
‘Na
vastidão do enorme teatro da história e da vida humana, na ampla dinâmica de
seu todo, duas dramáticas, inquietantes e abissais forças edificaram duas
cidades, a saber, na repetição da pertinente afirmação do doutor da graça, Santo
Agostinho : ‘Dois amores fundaram, pois, duas cidades : o amor próprio,
levado ao desprezo a Deus, a terrena; e o amor a Deus, levado pelo despojamento
de si próprio, a cidade celestial’.
Aos
olhos da fé, como é imprescindível o sentido da transcendência! Ela agarra-se à
compaixão de Deus como irresistível, no seu coração em chamas num olhar
elevado, indo às alturas : ‘Chamaste, clamaste e rompeste minha surdez’.
Neste
mês de agosto pensemos, pois, nas vocações, no chamado que Deus constantemente
quer fazer a nós, interpelando com insistência, no exemplo do vocacionado do
primeiro dia do mês, Santo Afonso Maria de Ligório, uma vocação a serviço da
vida e do Reino de Deus; ele com o crucifixo às mãos, sem esquecer o Livro
Sagrado e a imagem daquela mulher da mão grande, a Senhora do Perpétuo Socorro,
estava sempre pronto para o bom combate da fé.
A
inspiração, que venha mesmo de Jesus, que, humanamente entristecido com a morte
de João Batista, não se sente impedido. Ao contrário, move-se de compaixão, não
permitindo que a tristeza o torne insensível à dor e à fome de uma multidão de
irmãos (cf. Mt 14, 14).
Que
saibamos, pois, ver a vida como insuspeita e comprovada, inaudito mistério de
amor, como dom e graça de Deus. O agosto vocacional pede de nós discernimento
no chamado de Deus, pede ânimo e coragem diante da falta de compromisso, no
desapego de si próprio, em vista da cidade celestial, idealizado por Santo
Agostinho e que se concretizou em Afonso Maria de Ligório, mas na convicção de
que o amor é gigantescamente maior e incomparável à tristeza de uma multidão
incontável de irmãos, pelos que passam a não existir mais.
É o
mesmo espírito de Jesus de Nazaré, diante da morte de João e da Covid-19,
dizendo-nos : deixe-nos livres, pois a morte de muitos irmãos nos inquieta e
nos compromete.
Só
mesmo num compenetrar sedutor e esperançoso, na alegria da manifestação do
Cristo Senhor, a nos dizer que em tudo somos mais que vencedores, graças àquele
que nos amou, na certeza de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os
poderes celestiais, nem o presente, nem o futuro, nem as forças cósmicas, nem a
altura, nem a profundeza, nem outra criatura qualquer nos poderá separar do
amor de Deus por nós (cf. Rm 8, 38-39). Assim seja!’
Fonte : *Artigo na íntegra https://domtotal.com/noticia/1463815/2020/08/vocacao-a-servico-da-vida/
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