Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
*Artigo da Irmã Flor de Maria Decelis,
Missionária Comboniana
‘A
nossa comunidade de combonianas de Mongu, na Zâmbia, é constituída por seis
missionárias de quatro nacionalidades : Omaira (Colômbia), Anns (Índia), Evette
(EUA) e três mexicanas (Maru, Sonia e Flor de Maria).
Na
missão temos muitas tarefas e responsabilidades no campo social e pastoral.
Participamos na pastoral catequética, acompanhamos os jovens da diocese e da
paróquia, na pastoral da saúde e da mulher na paróquia de Santa Ágata. Também
colaboramos com as iniciativas de espiritualidade e cuidado da criação no
âmbito local e nacional.
Além
disso, cooperamos num projeto de promoção social chamado «Mãe Terra»,
que se iniciou há uns anos e visa apoiar os agricultores desta região na
produção de moringa, uma planta medicinal. O processo para conseguir a certificação
sanitária que lhes permitisse processar, embalar e vender o pó de moringa
desenvolveu-se muito lentamente e não foi fácil. São muitos os requisitos
exigidos e os custos econômicos são elevados, com muitas taxas para pagar. Mas,
finalmente, há algumas semanas, obtiveram a autorização oficial que permite à
associação comercializar o produto no país e no estrangeiro.
Neste
projeto do pó de moringa participam os agricultores associados, que recebem
constantemente capacitação em agricultura, nutrição e administração.
Outro
desafio que se procura superar relaciona-se com a situação de seca, tão comum
nestas regiões, que provoca colheitas muito fracas e escassas. Assim,
procura-se apoiar os agricultores, ajudando-os a conseguir os adubos a baixo
preço e bombas de água para regar as árvores, mas ainda falta que o apoio
chegue aos lugares mais distantes.
Promoção integral da
mulher
Eu
participo nos projetos de promoção da mulher na paróquia de Santa Ágata. Com a
ajuda de amigos e benfeitores, pudemos construir um pequeno centro. No local
iniciaram-se pequenos cursos básicos de corte e costura, informática, etc.
Também não faltam os cursos em que se ensina a ler e escrever na sua língua
local e inglês, o idioma oficial. São as mulheres as responsáveis na organização
dessas capacitações. As senhoras mais preparadas partilham os seus
conhecimentos com as outras mulheres, que não tiveram as mesmas possibilidades
de desenvolvimento técnico-profissional. Assim, muitas mulheres, com os
conhecimentos adquiridos podem dar uma reviravolta às suas vidas e pensar num
futuro melhor para elas e as suas famílias.
No
centro promovem-se também outras iniciativas que ajudam no crescimento humano,
espiritual e económico das mulheres. Por exemplo, organizam-se cursos em que se
instrui como preparar a terra para o cultivo de árvores e plantas ou como fazer
carvão fabricado em casa com materiais recicláveis. Também se fomenta a
participação em campanhas de conscientização ecológica e de saúde.
Testemunhas de Jesus
Há
onze anos, quando cheguei a Mongu, era uma povoação pequena. Agora está a
desenvolver-se graças à Igreja e a outras entidades que estão aqui presentes.
As
comunidades cristãs são entusiastas e, desde as propostas do Evangelho,
procuram responder a esta realidade concreta, cheia de desafios. No final do
ano passado constituiu-se na nossa paróquia um novo conselho pastoral e
estabeleceram-se novos objetivos, projetos e sonhos para as comunidades
eclesiais e os grupos laicais.
Mas
também há outros sinais de esperança na missão. Um dia, ao visitar uma comunidade
numa zona rural, conheci a Astrid. Ela acompanhava com amor e espírito de
liderança um grupo de mulheres. Mas no seu coração carregava uma grande dor : o
seu marido bebia demasiado. No entanto, ela educou todos os filhos, dando-lhes
a possibilidade de irem à escola. Um dia, o Senhor chamou-a para o seu seio e,
surpreendentemente, o marido mudou e deixou de beber álcool. Tempos depois, ao
visitar a comunidade cristã com outras companheiras, ele apresentou-nos um
grupo de 40 crianças de diversas idades, para as quais tinha iniciado uma
pré-escola. Ajudava também os que, por diferentes motivos, tinham abandonado o
ensino a que regularizassem a sua situação e regressassem à escola. Um dos seus
filhos tinha-se juntado ao projeto e animava as crianças a estudar e aprender.
Na
missão testemunhamos a fé em Jesus e experimentamos, igualmente, a alegria de
conviver com as pessoas, partilhar as suas dores e fracassos e colaborar na
construção de um futuro melhor para todos.’
Fonte : *Artigo na íntegra https://www.combonianos.pt/alem-mar/actualidade/6/355/sinais-de-vida-e-esperanca/
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