Por Eliana Maria
(Ir. Gabriela, Obl. OSB)
*Artigo de Luís Eugênio Sanábio e Souza,
escritor
‘A fé cristã é fruto da graça divina que nos conduz a acolher a Tradição
Apostólica e a Sagrada Escritura, que o Magistério da Igreja Católica guarda e
interpreta com autoridade ao longo dos séculos. Portanto, o verdadeiro
conhecimento sobre os ensinamentos de Jesus Cristo não nasce de opiniões ou
interpretações subjetivas e isoladas ao longo da história. Jesus Cristo
ordenou aos apóstolos que o Evangelho fosse por eles anunciado a todos os
homens (Mateus 28,19-20) e esta transmissão, segundo a ordem do Senhor, fez-se
de duas maneiras : oralmente e por escrito. A transmissão oral é
chamada de Tradição Apostólica enquanto distinta da Sagrada Escritura, embora
intimamente ligada a ela. Esta Tradição é a que vem dos apóstolos e
transmite o que estes receberam do ensinamento e do exemplo de Jesus e o que
receberam por meio do Espírito Santo que Jesus prometeu a eles (João
14,26). Daí resulta que a Igreja ‘não deriva a sua certeza a respeito de
tudo o que foi revelado somente da Sagrada Escritura. Por isso, ambas (Tradição
e Escritura) devem ser aceitas e veneradas com igual sentimento de piedade e
reverência’ (Concílio Vaticano II: DV, 9).
A Igreja explica que da Tradição Apostólica é preciso distinguir as ‘tradições’
teológicas, disciplinares, litúrgicas ou devocionais surgidas ao longo do tempo
nas comunidades locais. É à luz da grande Tradição que estas ‘tradições’
podem ser mantidas, modificadas ou mesmo abandonadas, sob a guia do Magistério
da Igreja. Comentando sobre a Tradição Apostólica, o memorável Papa
Bento XVI assim disse : ‘Podemos afirmar portanto que a Tradição não é
transmissão de coisas ou palavras, uma coleção de coisas mortas. A Tradição é o
rio vivo que nos liga às origens, o rio vivo no qual as origens estão sempre
presentes. O grande rio que nos conduz ao porto da eternidade. E sendo assim,
neste rio vivo realiza-se sempre de novo a palavra do Senhor : ‘E sabei que Eu
estarei sempre convosco até ao fim dos tempos’ (Mt 29, 20). Deus inspirou
os autores humanos dos livros sagrados. Escritos sob a inspiração do
Espírito Santo, os textos bíblicos têm Deus como autor.
Foi a Tradição Apostólica que fez a Igreja discernir que escritos deviam
ser enumerados na lista dos Livros Sagrados que é denominada ‘Cânon’ das
Escrituras. Esta lista comporta 46 escritos para o Antigo Testamento e 27
para o Novo Testamento. A primeira geração de cristãos ainda não dispunha
de um Novo Testamento escrito, e o próprio Novo Testamento atesta o importante
processo da Tradição viva. O Concílio Vaticano II indica três critérios para
ler a Sagrada Escritura : 1. Prestar atenção ao conteúdo e à unidade da
Escritura inteira ; 2. Ler a Escritura dentro da Tradição viva da Igreja
inteira; 3. Estar atento ‘à analogia da fé’ que é a coesão das verdades da fé
entre si e no projeto total da revelação divina. ‘O ofício de interpretar
autenticamente a Palavra de Deus escrita ou transmitida foi confiado unicamente
ao Magistério vivo da Igreja, cuja autoridade se exerce em nome de Jesus Cristo’
(Concílio Vaticano II: DV, 10). Crer é um ato pessoal e ao mesmo
tempo eclesial.
A fé da Igreja precede, gera, suporta e nutre a fé do fiel católico. ‘Ego
vero Evangelio non crederem, nisi me catholicae Ecclesiae commoveret auctoritas’
= ‘Eu não creria no Evangelho, se a isto não me levasse a autoridade da
Igreja Católica’ (disse Santo Agostinho, nascido no ano 354).
‘Fica, portanto, claro que, segundo o sapientíssimo plano divino, a
Sagrada Tradição, a Sagrada Escritura e o Magistério da Igreja estão de tal
modo entrelaçados e unidos que um não tem consistência sem os outros, e que,
juntos, cada qual a seu modo, sob a ação do mesmo Espírito Santo, contribuem
eficazmente para a salvação das almas’ (Concílio Vaticano II: DV n° 10).’
Fonte : *Artigo na íntegra
https://www.vaticannews.va/pt/mundo/news/2025-01/sagrada-tradicao-sagrada-escritura.html
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