Por Eliana Maria
(Ir. Gabriela, Obl. OSB)
‘Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das
coisas que não se veem.’(Hb 11,1)
‘Ter fé é ir com medo.’(Edith Stein)
‘A fé é o pilar central da vida cristã, uma resposta do coração e da
alma ao chamado divino que Deus dirige a cada pessoa humana. Nas Sagradas
Escrituras, encontramos o convite de Cristo para que entreguemos nossa
confiança no Pai que nunca nos abandona. Jesus nos lembra que ‘Se tiverdes fé
como um grão de mostarda, direis a este monte : ‘Passa daqui para lá’, e ele há
de passar’ (Mt 17,20). Entretanto, para que essa fé seja autêntica e floresça é
necessário que ela tenha uma atitude concreta e ao amor, pois ‘a fé sem obras é
morta’ (Tg 2,26).
A fé cristã, então, não é passiva : ela exige ação. As obras representam
a materialização do amor de Deus em nossas vidas, um reflexo de seu cuidado e
retenção. Jesus, em sua vida pública, exemplificou esse compromisso : Ele
curou, alimentou e confortou aqueles que encontrou em seu caminho, deixando-nos
um legado de misericórdia e compaixão. Em cada gesto de caridade, Jesus mostrou
que o amor é uma linguagem universal e que exige um comprometimento real com o
chão da vida. Como nos ensina São João, ‘Se alguém disser : ‘Eu amo a Deus’,
mas odiar o seu irmão, é mentiroso’ (1Jo 4,20).
O amor cristão é, antes de tudo, um amor que se faz, que vai ao encontro
do outro com generosidade. Em cada ato de caridade, Deus nos convida a
seguirmos o exemplo de Cristo, que, sendo o Filho de Deus, ‘não veio para ser
servido, mas para servir’ (Mt 20,28). Inspirados pelo exemplo de Jesus somos
chamados a manifestarmos a nossa fé por meio do amor ao próximo, criando laços
de solidariedade, fraternidade e cuidado, sobretudo com os mais necessitados.
Dentre as muitas cenas e imagens que temos de Cristo, convém recordarmos
aquela na qual Ele é apresentado como o ‘bom pastor’, aquele que conhece e
cuida de suas ovelhas com profundo amor e zelo.
A vida de Cristo nos ensina que a verdadeira fé não é uma mera adesão às
doutrinas, mas um caminho de transformação interior que se reflete na nossa
maneira de ser e de agir. Quando nos aproximamos dele, sentimos o impulso de
sermos melhores, de amarmos mais, de estendermos a mão a quem sofre. Essa
dinâmica entre fé e obras é uma expressão concreta do mandamento de amar a Deus
sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos (cf. Mt 22,37-39).
A fé cristã, em sua essência, é uma vivência encarnada, que não se
limita ao âmbito individual. Como corpo místico de Cristo, a Igreja é chamada a
agir no mundo, inspirando-se em seus ensinamentos para transformar a sociedade
à luz do Evangelho.
Nossos dias, muitas vezes marcados pela pressa e pelo individualismo, desafiam-nos
a redescobrirmos o valor da fé vivida em comunidade e traduzida em gestos
concretos de fraternidade. É nesse contexto que a mensagem de Cristo ‘Amai-vos
uns aos outros como eu vos amei’ (Jo 15,12) se torna uma luz que guia nossos
passos. Nossa fé só ganha sentido pleno quando se transforma em obras de amor,
pois é por meio do amor que Deus se manifesta no mundo.
Que possamos, como cristãos, seguir o exemplo de Cristo, integrando fé,
obras e amor em nossa caminhada. Que nossa fé seja o fundamento de nossas
ações, nosso amor seja a marca da presença de Deus em nós e que, unidos como
Igreja, possamos construir um mundo mais justo e fraterno, onde o amor de Deus
possa ser reconhecido em cada gesto de compaixão e solidariedade. Assim,
cumpriremos nossa missão de sermos, à imagem de Cristo, instrumentos do amor de
Deus no mundo.’
Fonte : *Artigo na íntegra
Nenhum comentário:
Postar um comentário