Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
‘A data de 5 de
Outubro de 2017, com um ataque em Mocímboa da Praia, marcou o início da
violência terrorista em Moçambique que já causou, desde então, cerca de cinco
mil mortos e aproximadamente 1 milhão de deslocados.
A
data não foi esquecida pela Igreja Católica e a Diocese de Pemba divulgou mesmo
uma mensagem em que se fala nestes ‘6 anos de guerra’, em que aconteceram ‘assassinatos
brutais, raptos, destruição de casas e machambas, gente espalhada por muitos
sítios’.
A
mensagem, enviada para a Fundação AIS em Lisboa, denuncia que a violência
terrorista não tem abrandado nos últimos meses, e que, desde 2023, ‘constantemente
somos surpreendidos por novos ataques’, o que ‘deixa a população aterrorizada’.
‘Tempo de exílio’
Da
autoria do Padre Edegard Silva, um missionário saletino presente há vários anos
nesta região de Moçambique, esta mensagem é um grito de alerta para que o mundo
não ignore o que continua a acontecer neste país africano de língua oficial
portuguesa. ‘Assim tem sido a vida de milhares de deslocados espalhados por
todos os lados, pessoas com vidas despedaçadas que dependem da solidariedade e
da ação humanitária’.
No
texto refere-se ainda que estes seis anos, desde que ocorreu o primeiro ataque
terrorista, tem sido um ‘tempo de exílio’ em que o olhar das populações ‘é de
tristeza’, e recordam-se as palavras do Papa Francisco que tem apelado
constantemente ao fim da violência em África. A mensagem da Diocese de Pemba
termina com um apelo à ‘oração pela paz em Cabo Delgado’.
Ataque contra cristãos
Muita
da violência terrorista em Moçambique tem sido reivindicada pelo Daesh, o grupo
jihadista Estado Islâmico. Ainda esta semana, através das suas redes sociais, o
Daesh reivindicou, segundo a agência de notícias Lusa, ‘um ataque em Mocímboa
da Praia, com três engenhos explosivos, contra as forças armadas de Moçambique
e dos países da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC).
Corroborando
a mensagem divulgada pela Diocese de Pemba, ainda recentemente, em Setembro,
ocorreu um dos mais violentos ataques terroristas em Cabo Delgado, com a
particularidade de um grupo de cristãos ter sido o alvo da violência.
Tal
como a Fundação AIS noticiou então, no dia 15 de Setembro, um grupo de
terroristas atacou a aldeia de Naquitengue, tendo assassinado pelo menos 11
cristãos que foram separados previamente do resto da população muçulmana, num
sinal evidente de que se tratou de um ato premeditado contra a comunidade
cristã. Este ataque foi também reivindicado pelo Daesh.
Momentos de insegurança
Frei
Boaventura, um missionário do Instituto da Fraternidade dos Pobres de Jesus,
presente em Moçambique e que acompanha desde há vários anos a situação em Cabo
Delgado, confirmou, na ocasião, à Fundação AIS, os contornos extremamente
violentos deste ataque, salientando ‘o detalhe’ de que ‘esta estratégia já
aconteceu no passado’.
O
missionário referia-se ao fato de os terroristas já terem realizado ataques em
que ‘separaram os cristãos dos muçulmanos’. O religioso explicou ainda que, ‘infelizmente,
quando ocorre este tipo de situações, a população fica toda assustada’, e que
tudo isto gera ‘novos momentos de tensão e insegurança’.
País prioritário para a AIS
Moçambique
é um país prioritário para a Fundação AIS no continente africano. A
solidariedade dos benfeitores da Ajuda à Igreja que Sofre tem permitido levar a
este país, especialmente à região de Cabo Delgado, projetos de assistência
pastoral e de apoio psicossocial às populações vítimas do terrorismo, mas
também fornecimento de materiais para a construção de dezenas de casas, centros
comunitários e ainda a aquisição de veículos para os missionários que trabalham
junto dos centros de reassentamento que abrigam as famílias fugidas da
violência.’
Fonte : *Artigo na íntegra
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