Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
‘Questão
Caro
Padre Angelo, São Tomás de Aquino fala da caridade somente na Suma Teológica?
Obrigado
Resposta
do sacerdote
Caro,
Sim,
e ele fala também em outros lugares, como por exemplo no terceiro livro do
Comentário às Sentenças de Pietro Lombardo. Mas eu quero relembrar
também uma breve apresentação dos efeitos e das vantagens da caridade, que
São Tomás escreveu.
Comentando
os dois preceitos da caridade (amar a Deus e ao próximo), ele enumera quatro
efeitos desta virtude, que a tornam muito agradável, aos quais
acrescenta outros cinco. Exponho a síntese dos primeiros quatro (São
Tomás, In duo praecepta caritatis et in decem legis praecepta expositio,
nn. 1139-1154).
1. Infunde no homem a vida espiritual (causat in
eo spiritualem vitam)
É
manifesto que o amado vive naturalmente no coração daquele que o ama. E por
isso quem ama a Deus o possui dentro de si (qui diligit Deum, ipsum habet in
se) : ‘quem permanece na caridade, permanece em Deus, e Deus nele’ (1Jo
4,16).
Por
seu dinamismo natural, o amor transforma o amante no amado; por isso, se amamos
coisas sem valor e passageiras, tornamo-nos também nós sem valor e efêmeros,
como diz o profeta Oseias : ‘tornaram-se abomináveis como aquilo que amaram’
(Os 9, 10). Se amamos a Deus, tornamo-nos divinos, porque ‘quem se une ao
Senhor torna-se com ele um só espírito’ (1Cor 6,17).
Mas
como diz Santo Agostinho, ‘como a alma é a vida do corpo, assim Deus é a vida
da alma’ (Confissões, X,1). E isto é obvio. De fato, digamos que o corpo vive
graças à alma quando possui as atividades próprias da vida, aquilo que age e se
move. Se a alma vai embora, o corpo não age e não se move mais. E assim, também
a alma age virtuosae e perfeitamente quando age movida pela caridade, por meio
da qual Deus habita nela. Sem caridade, porém, não age. De fato ‘quem não
ama, permanece na morte’ (1Jo 3,14).
Deve-se
considerar também que se uma pessoa tem todos os dons carismáticos do Espírito
Santo, mas não tem a caridade, não tem a vida. O carisma das línguas, da fé e
também qualquer outro carisma, sem a caridade, não comunica a vida. Um
cadáver, se revestido de ouro e de pedras preciosas, permanece igualmente um cadáver.
Isto é, portanto, o primeiro efeito do amor.
2. A caridade nos faz observar os mandamentos
São
Gregório diz que ‘o amor de Deus nunca se encontra no ocioso; porque existe,
faz coisas grandiosas. Se se recusasse a agir, não seria amor’. Ou seja, sinal
evidente da caridade é a prontidão no observar os mandamentos divinos. Nós
vemos, de fato, que o amante é capaz de coisas grandes e difíceis pelo amado :
‘se alguém me ama, guarda a minha palavra’ (Jo 14,23).
Gosto
de lembrar que João Paulo II, na Encíclica Veritatis Splendor, parece
se referir a este pensamento de São Tomás quando escreve : ‘Quem vive «segundo
a carne» sente a lei de Deus como um peso, mais, como uma negação ou, pelo
menos, uma restrição da própria liberdade. Ao contrário, quem é animado pelo
amor e «caminha segundo o Espírito» (Gál 5, 16) e deseja servir os outros,
encontra na lei de Deus o caminho fundamental e necessário para praticar o
amor, livremente escolhido e vivido’ (VS, 18).
3. A caridade é baluarte (praesidium) contra a
adversidade
Quando
uma pessoa possui a caridade, nenhum infortúnio ou dificuldade a prejudica, mas
volta ao seu favor : isso porque ‘todas as coisas concorrem para o bem dos que
amam a Deus’ (Rm 8, 28). Contrariedade e dificuldade parecem suaves a quem ama,
como atesta a experiência.
4. A caridade conduz à felicidade
Somente
a quem possui a caridade é prometida a bênção eterna. Sem a caridade, de
fato, tudo é insuficiente : ‘resta-me agora receber a coroa da justiça, que o
Senhor, justo Juiz, me dará naquele dia, e não somente a mim, mas a todos
aqueles que aguardam com amor a sua aparição’ (2Tm 4,8).’
Fonte : *Artigo na íntegra
https://pt.aleteia.org/2014/09/04/quatro-grande-vantagens-para-quem-possui-a-caridade/
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