Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
*Artigo
do Padre José Vieira,
Missionário Comboniano
‘Apesar
de o Estado Islâmico ter sido derrotado no Iraque e na Síria, a jihadi – a
guerra (nada) santa islâmica – continua a semear violência e morte no Mali,
Burkina Faso e Níger.
Os jihadistas
e o Governo do Mali estão atados num conflito mortal sem solução armada no
Centro do país. Os holofotes estão virados para os líderes religiosos que devem
mediar as negociações entre as partes envolvidas no conflito que matou muitos
civis indefesos e alguns elementos das forças de paz da ONU.
Militantes
islâmicos ligados à al-Qaeda desencadearam uma série de ataques contra igrejas
e escolas no Norte do Burkina Faso. A 20 de Março, assaltaram uma escola e
mataram quatro professores. O ataque levou ao encerramento de um milhar de
estabelecimentos de ensino e deixou 150 mil alunos sem aulas. Entre 5 de Abril
e 26 de Maio, terroristas islâmicos mataram 18 católicos (incluindo um padre) e
pelo menos seis protestantes em cinco ataques distintos a igrejas e a uma
procissão do 13 de Maio.
O
Papa Francisco apresentou em 2016 o Burkina Faso como exemplo de tolerância
religiosa. Mais de metade da população é muçulmana e o seu modo de viver a fé
pode ser considerado blasfemo para os integralistas salafitas. A campanha
violenta contra os cristãos pode querer inverter a boa convivência entre
crentes de fés diferentes e impor uma versão do Islã mais ortodoxa.
No
Níger, o Boko Haram – um movimento jihadista com origem na vizinha Nigéria –
tem intensificado os ataques no Sul do país. Atacam sobretudo forças de
segurança para capturar armamento, mas recentemente atacaram a sede de uma
organização não-governamental. Entretanto, a 13 de Maio um grupo não
identificado assaltou a missão católica de Dolbel, na fronteira com o Burkina
Faso e o Mali. O pároco ficou ferido. O ataque confirmou rumores de que as
missões católicas – e sobretudo os padres – são alvos a atacar.
Os
grupos extremistas islâmicos estão também a afetar o Norte do Benim, Togo e
Gana. A expansão para as florestas a sul do Sahel dá-lhes proteção contra os
ataques das forças governamentais.
Esta
onda de militância muçulmana armada na África Ocidental para a imposição de uma
prática islâmica mais radical ao jeito do salafismo, promovido pela Arábia
Saudita e financiado com os petrodólares, põe em causa a boa vizinhança secular
que pessoas de credos diferentes têm praticado. Afeta ainda a vida dos
muçulmanos comuns, aqueles que recitam o credo, rezam, dão esmola, cumprem o
jejum do Ramadão, se tiverem meios peregrinam a Meca e vivem em paz com os seus
vizinhos de outras religiões, gente com quem convivi na Etiópia e no Sudão do
Sul.
Os
atos dos militantes muçulmanos radicais representam o Islã como religião
violenta e obscurantista, contra a educação e contra a cultura. Islã rima
com salam (paz em árabe), mas também é verdade que o Alcorão e
a cimitarra andaram juntos como juntos andaram a cruz e a espada. A obra Vivências
Cristãs em Contexto Islâmico, do Professor Adel Yussef Sidarus, da
Universidade de Évora, dá a entender que o Islã medieval foi criador de
filosofia e ciência e manteve um forte diálogo científico com médicos cristãos.
É
pena que haja quem teime em usar e perverter o Islã para fins políticos de
domínio.’
Fonte
:
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