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domingo, 12 de maio de 2024

Nossa Senhora de Fátima, mãe e madrinha

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 

*Artigo do Padre Brás e Lorenzetti


Em meados do mês de maio de um ano qualquer fui convidado para realizar um casamento numa cidade relativamente próxima de onde vivo atualmente.

Sabendo que estava na cidade, outra família me convidou para uma visita. O que aconteceu nessa visita acabou se tornando incomum, sobretudo pelo seu significado.

Em meio à conversa fiquei sabendo que a família tinha um presente para me oferecer. Até aí, nada de especial, pois a gente recebe e dá presentes com certa frequência. A questão era o tipo de presente : uma imagem linda de Nossa Senhora de Fátima, de pintura exclusiva, medindo uns oitenta centímetros. 

Depois do impacto inicial, veio a reflexão: o ‘presente’ foi recebido na semana da comemoração do dia 13 de maio, data da festa litúrgica de Nossa Senhora de Fátima. Até aí poderia ser apenas uma coincidência, porém, voltando na história, imediatamente lembrei que nesse dia 13 eu tinha sido batizado. 

Sem contar a emoção pelo presente recebido, veio muito forte o sentimento de que a Virgem de Fátima estava se manifestando para me dizer que justamente nesse dia me havia escolhido como seu afilhado e ela, portanto, é minha madrinha.

O restante da história é previsível : levei a imagem para casa, mandei fazer uma proteção para evitar acúmulo de pó, coloquei uma vela, que mantenho sempre acesa, aos seus pés.

Se a minha devoção à mãe de Jesus, sob o título de Nossa Senhora de Fátima, já era grande, agora se tornou ainda maior, especial e íntima. Ela é minha companheira de todos os dias, a inspiradora de todas as ações, força para superar as adversidades. 

O fato me fez compreender que, de maneira simples e carinhosa, Nossa Senhora quis confirmar sua presença de mãe e madrinha em minha vida. Claramente ela me diz que intercede por mim e por todos nós como filhos, dá-nos forças para superar as adversidades da vida, basta que haja fé e confiança suficiente de nossa parte, o que da minha espero nunca perder!

Nossa Senhora de Fátima, mãe e madrinha, rogai por nós!’

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://revistaavemaria.com.br/nossa-senhora-de-fatima-mae-e-madrinha.html

sexta-feira, 10 de maio de 2024

Maria, mãe da Igreja e nossa mãe

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

  

*Artigo do Padre Flávio José Lima da Silva


A pequena judia, a jovem Maria, conhecida como Maria de Nazaré foi agraciada para ser a mãe de Jesus Cristo, o Emanuel (Deus conosco). Quis Deus na plenitude do tempo enviar ao mundo o seu Filho, nascido de uma mulher (cf. Gl, 4,4-5). Esse querer de Deus para com a humanidade é um gesto de amor incondicional, pois Ele renova sua aliança com a encarnação do Verbo que se faz carne e habita no meio de nós. 

Maria, obediente à mensagem de Deus, transmitida pelo anjo, assume a maternidade e aceita ser a mãe do Verbo Divino. Esse ‘sim’ de Maria garante à humanidade a presença real do Filho de Deus, que traz o rosto misericordioso do Pai e apresenta o itinerário que devemos seguir para termos a certeza da salvação. Esse itinerário consiste em amar e perdoar sem medidas, acolher sem restrições e ensinar com fidelidade o que Jesus Cristo nos ensinou.

Maria teve um papel fundamental no projeto de Deus para a salvação da humanidade, pois ela educou Jesus, junto com José, pai adotivo dele, com maestria e Ele, certamente, foi obediente aos seus pais e colocou em prática tudo o que lhe fora ensinado. Para ilustrar, um exemplo claro de sua obediência encontra-se nas bordas de Caná (cf. Jo 2,1-12), em que numa festa de casamento o vinho veio a faltar e Maria falou com Jesus e orientou aos que estavam servindo para fazer tudo o que Ele pedisse. O autor sagrado diz que esse acontecimento foi o início dos milagres que Jesus. Daí surge uma pergunta : por que Maria falou com Jesus sobre a falta de vinho? Ela tinha consciência da missão de seu Filho e, como mãe, Maria estava atenta e percebeu que a falta do vinho era uma decepção para os convidados e também para o casal que festejava seu casamento. No entanto, o milagre aconteceu e a festa continuou, com o melhor vinho. Vale lembrar que a mãe jamais quer o sofrimento de seus filhos e filhas, faz de tudo para que a alegria esteja sempre presente. A mãe cuida, educa, protege, acolhe e orienta. Maria é o grande modelo de mãe.

Maria, mãe da Igreja e também nossa mãe, é assim que nós católicos a compreendemos e temos essa certeza, tendo em vista o ‘sim’ que ela deu ao mensageiro de Deus. A Constituição Dogmática Lumen Gentium dedica o capítulo oitavo a Maria, que em sua essência confirma-a como a mãe da Igreja, sendo o modelo que ela é para nós, a primeira cristã; foi ela que no seu ventre materno deu à luz Cristo, santo de Deus, o pão vivo que nos garante a vida eterna. Como mãe da Igreja e nossa, Maria é exemplo de doação e de fidelidade a Deus.

Peçamos a intercessão dela para viver o mais plenamente possível a vida cristã. Como discípulos(as) e missionários(as), busquemos dar sempre o nosso ‘sim’ na construção do Reino como Maria, nossa mãe e mãe da Igreja, deu.

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://revistaavemaria.com.br/maria-mae-da-igreja-e-nossa-mae.html 


terça-feira, 7 de maio de 2024

Dicas para quando estiver diante do Santíssimo Sacramento

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 

*Artigo da redação da revista Ave Maria

        

1.       Ajoelhe-se e faça o sinal da cruz : ao entrar no local de adoração onde o Santíssimo Sacramento está exposto, ajoelhe-se como sinal de reverência. Faça o sinal da cruz lentamente, envolvendo a presença da Santíssima Trindade em seu gesto : ‘Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém’.

 

2.      Inicie com um ato de fé : comece sua adoração reconhecendo a presença real de Cristo na Eucaristia com um ato de fé. Diga em silêncio : ‘Senhor, creio que estás verdadeiramente presente no Santíssimo Sacramento. Eu te adoro e te agradeço’.

 

3.      Desça ao seu coração : a adoração é um encontro de coração a coração com Deus. Simplesmente diga ‘Senhor, eu te amo. Abre meu coração à tua ação’. Permita-se sentir a profundidade desse encontro íntimo, pedindo ao Espírito Santo que o ajude a se entregar completamente.

 

4.      Ore com suas distrações : aceite que distrações podem surgir. Feche os olhos e ofereça a Jesus tudo o que você é e vive. Converse com Ele como com um amigo, trazendo suas preocupações e ansiedades. Lembre-se, Ele cuida de você.

 

5.      Contemple e ouça : olhe para o Santíssimo Sacramento e permita-se ser visto por Jesus. Esse simples ato de olhar e ser olhado pode ser profundamente transformador. Diga a Ele que você o ama, mesmo que não sinta nada, e ouça o que Ele tem a dizer.

 

6.      Repita uma pequena oração : escolha uma oração curta ou um versículo bíblico para repetir durante sua adoração, isso ajuda a manter a mente focada e o coração elevado a Deus.

 

7.      Exponha-se à presença de Jesus : permaneça aberto ao amor ardente de Cristo. Contemple-o e deixe sua luz e amor penetrarem seu ser. Peça ao seu anjo da guarda que o ajude a adorar melhor.

 

8.     Declare seu amor : independentemente de como você se sente, continue a expressar seu amor por Jesus; isso nutre a relação e fortalece sua fé.

 

EU VOS ADORO DEVOTAMENTE

Eu vos adoro devotamente, ó divindade escondida,

Que verdadeiramente se oculta sob estas aparências,

A vós, meu coração submete-se todo por inteiro,

Porque, contemplando-vos, tudo desfalece.

A vista, o tato, o gosto falham com relação a vós,

Mas, somente em vos ouvir em tudo creio.

Creio em tudo aquilo que disse o Filho de Deus,

Nada mais verdadeiro que essa Palavra de verdade.

Na cruz estava oculta somente a vossa divindade,

Mas, aqui, oculta-se também a vossa humanidade.

Eu, contudo, crendo e professando ambas,

Peço aquilo que pediu o ladrão arrependido.

Não vejo, como Tomé, as vossas chagas,

Entretanto, confesso a vós, meu Senhor e meu Deus,

Faça que eu sempre creia mais em vós,

Em vós esperar e vos amar.

Ó memorial da morte do Senhor,

Pão vivo que dá vida aos homens,

Faça que minha alma viva de vós

E que a ela seja sempre doce esse saber.

Senhor Jesus, bondoso pelicano,

Lavai-me, eu que sou imundo, em vosso sangue,

Pois que uma única gota faz salvar

Todo o mundo e apagar todo pecado.

Ó Jesus, que velado agora vejo,

Peço que se realize aquilo que tanto desejo,

Que eu veja claramente vossa face revelada,

Que eu seja feliz contemplando a vossa glória. Amém.

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://revistaavemaria.com.br/dicas-para-quando-estiver-diante-do-santissimo-sacramento.html


domingo, 5 de maio de 2024

A visão antropológica de Joseph Ratzinger - Papa Bento XVI - em relação ao homem

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

*Artigo do Padre Rodolfo Faria


Estimado leitor da Revista Ave Maria, começo nossa reflexão mensal de maio a partir do pensamento do Papa Bento XVI em relação à visão antropológica do homem e suas relações afetivas. Pensar sobre a humanidade contemporânea será sempre um desafio, sobretudo a partir das categorias que compõem a sociedade.

O homem contemporâneo para Ratzinger é aquele que vive no mundo secularizado, pós-metafísico, edificado substancialmente sobre a interpretação científico-matemática da realidade; aquilo que aparece dotado de valor é unicamente o ‘fato’, alcançado pelos métodos da ciência natural e que pode ser, em consequência, constatável, dominável, transformado pela intervenção do homem. O factum torna-se, assim, imediatamente faciendum, isto é, aquilo que pode ser programado e criado pelo homem e que o projeta para o futuro. O saber torna-se poder. Os processos são assim submetidos à única autoridade comumente reconhecida : a ratio técnica (razão técnica).

Os outros tipos de conhecimento não experimentável, não exprimível em termos científico-positivos, perdem o próprio direito de cidadania no reino do legitimamente comunicável e são confinados ao âmbito do privado, do subjetivo, ao domínio da opinião. Diz ele : ‘A verdade que ao homem cumpre manipular não é nem a verdade do ser, nem em última análise a dos seres realizados, feitos; mas a verdade da alteração do mundo – uma verdade dirigida para o futuro e para a ação’. Isso é chamado por Ratzinger predomínio do ‘saber-fazer’. Essa redução da natureza a dados de fatos exaurivelmente penetráveis, e com isso também manipuláveis, tem como consequência que nenhuma mensagem moral que provém de fora do perímetro do nosso eu pode alcançar-nos. 

O fenômeno moral, como aquele religioso, vem considerado como pertencente à esfera da subjetividade, não tendo cidadania alguma na dimensão da objetividade. Nesse círculo fechado, tem-se um homem que espera a salvação de si mesmo e parece ser incapaz de dá-la.

Sobre a crise da filosofia moderna, a crise da metafísica, ele diz que não se pode ignorar a pergunta metafísica da interrogação filosófica e continua ‘lá onde não se coloca mais a questão sobre a origem e fim do real se transcura próprio àquilo que é o mais específico da pesquisa filosófica’. Nesse cenário, qual o lugar de Deus e do fenômeno religioso? A questão de Deus resulta dessa forma estranha ou Deus é colocado à margem entre as coisas que são tidas como importantes para o homem, para o conhecimento e a transformação do mundo. Joseph Ratzinger não fala tanto de um ateísmo teórico, mas de um ateísmo prático, que poderia ser assim enunciado : ‘Também se Deus existe, este não modifica substancialmente a vida do homem e do mundo’. Essa lógica aprisiona o homem na sua fatualidade, traindo a sua natureza mais profunda, tendo como consequência última e lógica e ao mesmo tempo dramática a destruição do homem mesmo, a sua abolição. Então Ratzinger diz que esta ignora aquela abertura constitutiva do homem ao mistério do ser, que ele expressa e sintetiza em três aspectos característicos da dinâmica espiritual do homem: a procura de sentido; a lei fundamental do ekstasis como manifestação do significado da pessoa; a capacidade humana do divino.

A procura do sentido : a natureza humana não pode ser saciada pela pura positividade dos fatos. O texto de Mateus 4,4 oferece a Ratzinger o elemento para sublinhar o significado global da existência. Diz ele : ‘Com efeito, o homem não vive apenas do pão da fatualidade; com efeito, ele vive do amor, do sentido das coisas. O sentido é o pão que lhe possibilita subsistir, em sentido próprio como homem. Sem a palavra, sem uma finalidade, sem amor o homem chega à situação de não mais viver, mesmo cercado de todo conforto humano’. O homem necessita de um sentido que preencha a sua solidão : ‘Esta solidão pode ser superada não por meio da razão, mas por meio de uma presença, de um ser que o queira bem’. O homem pode vencer a solidão somente experimentando a existência como um ser amado. 

Ratzinger diz que a questão do sentido não opcional, elemento assessório a uma vida em si já completa, mas é a condição mesma para poder viver, é aquilo que só pode justificar a sua transmissão às futuras gerações. Enfim, o homem que busca um sentido último e onicompreesivo percebe que esse sentido não pode vir da ciência e nem criado do fazer e do operar, mas pode somente ser esperado e recebido daquele que é ‘outro’de si.

A lei fundamental do ekstasis como manifestação do significado original da pessoa : esse é um principio que norteia toda a teologia de Ratzinger. ‘De ekstasis’, sair de si. A história da salvação, por exemplo, vem compreendida à luz desse princípio como um grande êxodo. Da vocação de Abraão ao seu cumprimento no sacrifício pascal de Cristo, que permanece presente e se desenvolve no mundo pela abertura missionária da Igreja. A profissão batismal representa um sair do próprio ‘eu’ autônomo para entrar no ‘nós’ da comunidade eclesial. A vida cristã é caracterizada por essa dinâmica de ‘sair de si’ sobre a base de Mateus 10,39, ‘Somente quem perde a vida a encontra’.

Para Ratzinger, também a moderna pesquisa da antropologia filosófica consiste na própria superação de si : a abertura, a relação com a totalidade, faz parte da essência do Espírito, assim que somente no superar-se possui-se a si mesmo. O verdadeiro centro da existência humana aparece assim ser ‘ex sistere’, fora de si, somente movendo para o qual o homem pode atingir o seu ‘en si’ próprio. Para ele, Deus é um ser dialógico, em que a essência é ser relação; somente uma compreensão do homem como ‘pessoa’, entendido como relação e abertura ao outro, como atuação permanente da dinâmica do êxodo, respeita a peculiaridade do Espírito humano, criado ‘à imagem e semelhança de Deus’. Enfim, diz Ratzinger : ‘O outro, por meio do qual o Espírito torna-se a si mesmo, é aquele completamente outro, ao qual, balbuciando, pronunciamos o nome Deus’.

A capacidade humana do divino : se o homem é busca de significado da realidade, se o seu ser pessoa se realiza na abertura, no ekstasis, deve-se concluir que a sua medida é somente o infinito, o tudo, é Deus mesmo. Esse é o aspecto que distingue o espírito humano : ‘O homem é ser capaz de pensar o totalmente diverso, o transcendente, isto é, Deus, como quer que o chame’. Diz Ratzinger : ‘Se poderia dizer que o homem representa aquela fase da criação, aquela criatura à qual é dada a possibilidade de ver a Deus e então de participar a vida. (…) Devemos agora acrescentar que essa abertura não é um ‘a mais’ na existência, a qual poderia também ser vivida independente dessa, mas que tal abertura representa aquilo que é mais profundo no homem, ou seja, propriamente aquilo que chamamos alma’. Essa ‘capacidade’ humana do divino vem implicitamente, mas claramente sugerida pelo mesmo texto bíblico do Gênesis quando descreve a criação do homem. Aqui duas afirmações são significativas : Deus criou um ser que pode pensar e conhecer aquele que o criou; o fato de ser criado à imagem e semelhança de Deus, diz ele, ‘A semelhança com Deus significa ‘referência’, é uma dinâmica que coloca em movimento o homem e o orienta para o completamente outro, significa capacidade de relação, significa que o homem é capaz de Deus. Em consequência, o homem é ‘ele mesmo’ em máxima potência quando sai de si, quando é capaz de dizer ‘tu’ a Deus. Essa dinâmica se cumpre somente com o Adão definitivo, aquele que é a perfeita imagem e semelhança de Deus e que por isso revela exemplarmente que é o homem. A abertura para Deus torna-se, de fato, orientação para Cristo, para o seu corpo ressuscitado, para o qual não somente o homem, mas toda a realidade, tende, e na qual ambos se tornam plenamente ‘ele mesmo’.

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://revistaavemaria.com.br/a-visao-antropologica-de-joseph-ratzinger-papa-bento-xvi-em-relacao-ao-homem.html

sexta-feira, 3 de maio de 2024

Nossa Senhora da Ressurreição

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 
*Artigo do Padre Brás Lorenzetti


A espiritualidade da caminhada quaresmal nos conduz à conversão e ao amadurecimento na fé, tudo para vivenciar em profundidade e entusiasmo a Páscoa do Senhor.

Em paralelo a essa caminhada da Igreja, acompanhamos o amadurecer da fé da primitiva comunidade cristã, que passou da descrença e da falta de compreensão à profissão da fé na ressurreição.

Nessa caminhada, narrada pelo capítulo 20 do Evangelho de João, é impossível não pensar na presença constante de Maria acompanhando os discípulos e animando-os num momento de desânimo e tristeza pela morte de Jesus. É bem verdade que eles tinham sido advertidos : ‘É necessário que o Filho do Homem seja rejeitado (…) levado à morte e que ressuscite ao terceiro dia’ (Lc 9,22), porém, parecia uma realidade tanto distante quanto impossível de acreditar.

Foi com a sua intuição de mãe e sua fé inabalável que Maria ajudou a comunidade a acender a chama da fé, fazê-la crescer a ponto de todos se tornarem testemunhas. Assim é que podemos compreender as palavras de Jesus a Maria e ao discípulo – ‘Mulher, eis aí teu filho’ (Jo 19,26) – e ao discípulo – ‘Eis aí tua mãe’ (Jo 19,27). Nessas palavras podemos ver com propriedade que Jesus entrega a comunidade cristã aos cuidados de Maria e, ao mesmo tempo, entrega Maria à Igreja.

 Por trás da caminhada de fé da primitiva comunidade cristã está a presença e atuação da Virgem Maria, dando forças, alegria e coragem aos que agora se consideram irmãos na fé.

Maria não só deu o seu ‘sim’ para que Jesus Cristo, o Salvador, fizesse-se homem como colaborou decisivamente para o nascimento, o crescimento e o amadurecimento da comunidade cristã e por isso ela é chamada Maria da Ressurreição. Deus Pai ressuscitou Jesus Cristo no terceiro dia; da desesperança, depois de um simbólico terceiro dia, Maria reuniu e fez ressuscitar na fé a comunidade dos discípulos, chamando de volta os que já tinham retornado às suas antigas atividades.

Por que Maria não é citada nos evangelhos? Certamente porque a preocupação quando o Evangelho foi escrito era comunicar o fato absolutamente extraordinário da ressurreição; só mais tarde é que vem a reflexão sobre o papel de Maria, mãe de Jesus.

Ó, Maria da Ressurreição, rogai por nós!

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://revistaavemaria.com.br/nossa-senhora-da-ressurreicao.html

terça-feira, 30 de abril de 2024

Eucaristia, testemunho de fé da vida cristã

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 
*Artigo de Maria Dilelli Cruvinel Cruvinel


Certa vez, um homem indagou a outro : ‘Como pode Deus estar na hóstia?’ Uma resposta a tal questão está no campo da fé da Igreja na presença real de Cristo no santíssimo sacramento. A veracidade de algo é comprovada pelo testemunho de duas ou mais pessoas. A fé na eucaristia é apostólica; Jesus mesmo a instituiu na última ceia, estando reunido com seus apóstolos. A partir de Pentecostes, quando a Igreja iniciou sua peregrinação rumo à pátria celeste, este sacramento divino foi dando ritmo aos seus dias e conforto na presença do Senhor.

Sim, esta é a convicção de fé da Igreja. O Concílio Vaticano II afirmou que o sacrifício eucarístico é ‘fonte e centro de toda a vida cristã’. Com efeito, ‘na santíssima eucaristia, está contido todo o tesouro espiritual da Igreja, isto é, o próprio Cristo, a nossa Páscoa e o pão vivo que dá aos homens a vida mediante a sua carne, vivificada e vivificadora pelo Espírito Santo’, falou o papa João Paulo II (Ecclesia de Eucharistia, n. 1).

Quanto ao testemunho de fé dos fiéis na participação da eucaristia, a constituição sobre a Liturgia orienta que os cristãos não entrem neste mistério de fé como estranhos ou espectadores mudos, mas participem de forma consciente, ativa, piedosa, com boa compreensão dos ritos e orações da ação sagrada; sejam formados pela palavra de Deus; alimentem-se à mesa do Senhor; ofereçam ações de graças a Deus; ofereçam-se a si mesmos e, juntamente com o sacerdote, ofereçam a hóstia imaculada; que, por Cristo mediador, progridam na unidade com Deus e entre si, a fim de que Deus seja tudo em todos (Sacrosanctum Concilium, n. 47).

Que belo testemunho de amor e intimidade ao tão sublime sacramento a Igreja tem em São Tomás de Aquino, maior poeta e compositor sobre a eucaristia. Dele, comenta o papa Bento XVI que, ‘segundo os antigos biógrafos, costumava aproximar a sua cabeça do tabernáculo, como que para sentir palpitar o coração divino e humano de Jesus’ (Bento XVI. Audiência geral, 23/6/2010).

A indagação daquele homem sobre a fé na presença real de Cristo na eucaristia, de certo modo, revela um desejo de conhecer a Deus. Por isso, é tão valioso o pensamento do Padre Pedro Julião, apóstolo da eucaristia no texto ‘Le Trés Saint Sacrement’ : ‘O culto solene à exposição do Santíssimo é necessário para despertar a fé, adormecida em tantos homens honestos. (…) A sociedade morre quando não tem mais um centro de verdade e de caridade, e tampouco vida em família. Muitos se isolam, se concentram em si mesmos, querem ser autossuficientes. Assim, a dissolução é iminente! Ao contrário, a sociedade renasce com vigor quando todos os seus membros se reúnem em torno do Emanuel.’

Por isso, o convite da Igreja é que se volte o olhar continuamente para o seu Senhor, presente no sacramento do altar, pois é nele que se descobre a plena manifestação do seu imenso amor. Ao comungar do corpo e sangue de Cristo, nosso Senhor comunica também o seu Espírito. Escreve São Efrém : ‘Chamou o pão seu corpo vivo, encheu-o de Si próprio e do seu Espírito. […] E aquele que o come com fé, come Fogo e Espírito’ (Ecclesia de Eucharistia, n. 17).

Que o seu amor a Jesus Eucarístico seja renovado ao receber do seu Espírito a fim de que dê um bom testemunho de fé para que o mundo creia!

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://revistaavemaria.com.br/eucaristia-testemunho-de-fe-da-vida-crista.html


domingo, 28 de abril de 2024

A graça de não pertencer a si mesmo

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 
*Artigo do Padre Marlon Mucio


Há algo que verdadeiramente me fascina nesta vida : a possibilidade de não me pertencer, a graça de não ser de mim, a oportunidade de ser inteiramente de alguém. 

A sociedade atual fala de empoderamento, de autoestima. O mundo apregoa cada vez mais que a pessoa tem que ser isso ou aquilo, que ela tem que se valorizar e se impor, ter as rédeas de sua vida em suas mãos, ter sucesso. O Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo ensina totalmente o contrário! O Senhor nos disse para renunciarmos a nós mesmos, tomarmos a nossa cruz e segui-lo (cf. Lc 9,23). 

Quando eu tinha 22 anos de idade, no meu primeiro ano de seminário, dos estudos para ser padre junto aos salvistas, tive a graça de conhecer o Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem, do grande santo francês que entrou no Céu em 1716, o padre São Luís Maria Grignion de Montfort, e já me consagrei como escravo de Jesus, por meio de Maria. 

Sempre gosto de me referir ao Tratado como sendo uma pequena grande enciclopédia sobre Maria Santíssima. Piedoso e formativo, é um opúsculo, mas de uma densidade pouco vista em muitas obras sobre Nossa Senhora. 

O autor é cirúrgico, ele não se dá a meias palavras. São Luís é firme. Substitui o não me toque do jansenismo do século XVIII, uma heresia que combateu a devoção a Maria Santíssima, pelo desejo de salvar cada alma, apresentando sem rodeios quanto a devoção a Nossa Senhora é útil para a nossa salvação. São Luís mostra qual é a verdadeira devoção e qual é a falsa devoção a Nossa Senhora. 

Sempre ensinei que quem quer ser santo – e essa é a vocação de todos nós! – deve imitar os santos no caminho que os levou ao Céu. A consagração a Jesus, sabedoria encarnada, por meio de Maria Santíssima foi um necessário caminho que trilharam grandes santos como São João Paulo II, Santa Teresinha do Menino Jesus e Santo Antônio de Santana Galvão. Frei Galvão, o primeiro santo brasileiro elevado à honra dos altares, chegou até mesmo a assinar com seu próprio sangue a sua consagração. 

Sou muito feliz em não me pertencer, em viver numa livre escravidão de amor a Jesus por meio de Maria. ‘Totus tuus ego sum, et omnia mea tua sunt’ (‘Eu sou todo vosso, Maria, e tudo o que eu tenho vos pertence’).

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://revistaavemaria.com.br/a-graca-de-nao-pertencer-a-si-mesmo.html


sexta-feira, 26 de abril de 2024

Verdade e realidade : o real se impõe!

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 

*Artigo de Dom Luiz Antonio Lopes Ricci Lopes Ricci,

Bispo de Nova Friburgo, RJ 


A definição filosófica de verdade, como ‘adequação do pensamento à realidade’, serve para constatar, com pesar, um perigoso distanciamento entre pensamento e realidade em vários setores e pessoas, especialmente nos pronunciamentos de alguns políticos e ‘comunicadores’ digitais. Constata-se uma espécie de ‘esquizofrenia’ culposa, porque com conhecimento e consentimento fazem questão de dissociar e separar o mundo real de suas próprias ideologias, que ofuscam o pensamento reto e verdadeiro. Sem contar aqueles que vão além, disseminando as destrutivas fake news e o ódio, manipulando a dignidade da consciência dos indivíduos. Não se acaba jamais de procurar a verdade, porque algo de falso sempre se pode insinuar, mesmo ao dizer coisas verdadeiras. De fato, uma argumentação impecável pode basear-se em fatos inegáveis, mas, se for usada para ferir o outro e desacreditá-lo à vista alheia, por mais justa que pareça, não é habitada pela verdade. A partir dos frutos, podemos distinguir a verdade dos vários enunciados : se suscitam polêmica, fomentam divisões, infundem resignação ou se, em vez disso, levam a uma reflexão consciente e madura, ao diálogo construtivo, a uma profícua atividade, como afirma o Papa Francisco.

A emoção desmedida não pode colocar a verdade em segundo plano. As ideologias prejudicam grandemente a racionalidade. Urge colaborar, como exigência da fé em Cristo, para a superação de todas as formas de violência, especialmente a digital, que, infelizmente, ainda persiste. O cristão é chamado a agir de modo diferente : entre vocês não deverá ser assim (cf. Mt 20,26), já advertia Jesus.

A realidade é mais importante do que a ideia, afirma o Papa Francisco : ‘Existe uma tensão bipolar entre a ideia e a realidade : a realidade simplesmente é, a ideia elabora-se. Entre as duas deve-se estabelecer um diálogo constante, evitando que a ideia acabe por separar-se da realidade. É perigoso viver no reino só da palavra, da imagem, do sofisma. Isso supõe evitar várias formas de ocultar a realidade’ (Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, 231). A realidade deve ser iluminada pelo pensamento. Dessa forma, evitam-se idealismos ineficazes e autorreferencialidade, que pode levar a uma forma de narcisismo estéril, a uma perigosa ‘autoverdade’. Precisamos de frutos concretos para uma realidade concreta! ‘Produzir frutos no amor, para a vida do mundo’ (Decreto Optatam Totius, 16).

Nesta nossa reflexão, cabe recordar o conceito de pós-verdade : ‘Que se relaciona ou denota circunstâncias, nas quais fatos objetivos têm menos influência em moldar a opinião pública do que apelos à emoção e a crenças pessoais’ (Universidade de Oxford, 2016). A verdade é o que corresponde à opinião pessoal ou modo de pensar. Ocorre assim, infelizmente, a perda do senso crítico e a assimilação de uma ideologia. 

Pós-verdade não é a mesma coisa que mentira. Os políticos, afinal, mentem desde o início dos tempos. O que a pós-verdade traz de novo ‘não é a desonestidade dos políticos, mas a resposta do público a isso. A indignação dá lugar à indiferença e, por fim, à convivência’ (M. D’Ancona, 2018). Massacrado por informações verossímeis e contraditórias, o cidadão desiste de tentar discernir a agulha da verdade no palheiro da mentira e passa a aceitar, ainda que sem consciência plena disso, que tudo o que resta é escolher, entre as versões e narrativas, aquela que lhe traz segurança emocional.

A verdade, assim, perde a primazia epistemológica nas discussões públicas e passa a ser apenas um valor entre outros, relativo e negociável, ao passo que as emoções, por outro lado, assumem renovada importância. Na base do fenômeno, argumenta D’Ancona, está o colapso da confiança nas instituições tradicionais’ (Editores, Pós-verdade, 2018).

Enfrente com serenidade! Em frente com fé, fortaleza e esperança! Com o meu abraço virtual, gratidão e bênção.

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://revistaavemaria.com.br/verdade-e-realidade-o-real-se-impoe.html


quarta-feira, 24 de abril de 2024

Companheiros de Jesus : a conexão espiritual de Inácio

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)


*Artigo de João Melo


‘No coração da França renascentista, na prestigiada Universidade de Sorbonne, em Paris, dois jovens espanhóis cruzaram caminhos que mudariam não apenas suas vidas, mas também o curso da história espiritual da fé cristã. Inácio de Loyola, um ex-soldado ferido em batalha, e Francisco Xavier, um nobre ambicioso, encontraram-se em circunstâncias que pouco prometiam para uma amizade duradoura. Inicialmente, Francisco nutria uma antipatia por Inácio, cuja presença lhe era desagradável. Contudo, após viver a experiência inaciana dos exercícios espirituais propostos por Inácio, Francisco experimentou uma transformação profunda, abandonando sua vaidade e aspirações mundanas.

Em que consiste a experiência inaciana para transformar tanto a vida de uma pessoa? A aventura da experiência espiritual inaciana consiste em amar e deixar-se amar com coragem e generosidade. Deixar-se amar é acolher o dom do perdão, da cura e da misericórdia para a aceitação de si e do amor que nos alcança sem mérito ou merecimento. É o que nos tira do fechamento em nós mesmos e nos abre ao entendimento de nossa dignidade inalienável de filhos de Deus. É o que cria condições para que verdadeiramente possamos amar. Amar é missão; é, portanto, o mandamento de que Jesus fala no Evangelho. Não se trata de uma obrigação imputada pela lei, mas um estilo de vida, isto é, o seguimento ao modo de vida de Jesus. O discípulo, ao contemplar o jeito de Jesus, seu trato com as pessoas e seu projeto de vida, deseja assumir em sua vida e ao seu modo esse mesmo modo de proceder que lhe encanta, portanto, amar e deixar-se amar são duas atitudes e disposições interiores que estabelecem as bases para uma relação de confiança e de entrega na comunhão. Assim, o discípulo e o Mestre possuem um vínculo amoroso que é mais forte do que a morte. A generosidade é a força e a vontade do discípulo amado que contempla na vida de Jesus a entrega que Ele faz de sua vida ao anúncio e chegada do Reino de Deus, demonstrando muito amor aos menos amados. Esse amor generoso é paixão pelo gênero humano criado à imagem e semelhança do Deus, que é amor. Essa paixão ganha uma forma radical na paixão da cruz em que Jesus vive dando a vida pelo amor aos seus amigos. A coragem é a realidade da ressurreição, que leva o discípulo a superar a experiência de morte e o medo de seguir amando profundamente. Na coragem do Ressuscitado, o discípulo ousa construir mais vida a partir da aposta no amor generoso.

Em 1540, a Ordem dos Jesuítas foi erigida sob a bênção do Papa Paulo III, com Inácio de Loyola como seu primeiro superior-geral. Francisco Xavier, por sua vez, embarcou em uma jornada missionária que o levaria às terras distantes da Índia e do Japão. Os dois amigos nunca mais se viram pessoalmente. Foi nesse período que a expressão ‘amigos no Senhor’ ganhou vida, usada por Inácio para descrever a profunda ligação espiritual que compartilhava com seus companheiros de ordem, especialmente com Francisco.

Xavier, em suas viagens, carregava consigo, costurados em sua batina junto ao coração, os nomes de seus companheiros jesuítas, mantendo Inácio em um lugar de destaque. Essa prática simbolizava a conexão inquebrantável que transcendia as barreiras geográficas. As cartas trocadas entre eles eram o cordão umbilical que mantinha viva essa amizade, servindo como um meio vital de comunicação e apoio mútuo, mesmo separados por milhares de quilômetros.

A história de Inácio e Francisco é um testemunho do poder da convivência e do conhecimento mútuo para superar mal-entendidos e julgamentos precipitados. De estranhos com impressões erradas um sobre o outro, eles se tornaram ‘amigos no Senhor’, um exemplo luminoso de como o tempo e a experiência compartilhada podem transformar relações e fortalecer laços de amizade verdadeira. Eles nos ensinam que as primeiras impressões podem ser enganosas e que é no convívio que se revela a verdadeira essência das pessoas, permitindo que a amizade floresça e cresça em profundidade e significado.’

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://revistaavemaria.com.br/companheiros-de-jesus-a-conexao-espiritual-de-inacio.html

 

segunda-feira, 22 de abril de 2024

São Jorge, mártir (século IV)

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 
*Artigo da redação da revista Ave Maria


‘Os exemplos de todos os mártires nos primeiros séculos eram convites aos não cristãos à conversão e, nos séculos seguintes, quando o Batismo começou a ser ministrado às crianças, estimulava os cristãos a redescobrirem o valor desse Sacramento, encarnando com seriedade o Evangelho na vida pessoal e da comunidade.

São Jorge é um mártir do século III ou IV, certamente antes do Édito de Constantino. Sabemos que existiu uma antiquíssima igreja, construída em sua honra, em Lidda-Diospolis, Palestina. Exceto o fato de ter existido, nada mais sabemos de certo sobre esse santo e devemos nos contentar com aquilo que foi descrito em sua passio (atas do sofrimento) a respeito de seu martírio, historicamente incerta, escrita – diz-se – por seu ajudante de nome Pasicrate.

Segundo esse autor, Jorge era originário da Capadócia e tornou-se oficial do exército. Convertido ao cristianismo, renunciou a seu ofício e, quando foi preso por causa da fé, enfrentou com firmeza o martírio.

A lenda do dragão

À sua figura foi ligada a famosa lenda do dragão, que vale a pena ser contada, pois no imaginário popular queria significar que então a força desarmada do cristianismo estava para triunfar sobre a violência desumana do mal.

Próximo da cidade, havia um lago do qual de tempos em tempos saía um horrível dragão que, com seu hálito fétido, matava muitas pessoas inocentes.

Para aplacar sua ira era necessário lhe oferecer vítimas humanas e uma vez coube ao rei do lugar dar-lhe em alimento a própria filha. Mesmo profundamente entristecido, levou-a até o lago, acompanhado por uma multidão de pessoas aos prantos.

Quando o dragão saiu das águas para agarrar a jovem, encontrou ao seu lado um cavaleiro, Jorge, que lhe pôs uma corrente ao pescoço e entregou-o à jovem. Iniciou-se a procissão de volta para a cidade : caminhava a filha do rei e ao seu lado o corajoso cavaleiro, levando preso à corrente o monstro que se tornou manso como um cordeiro.

Quem permaneceu na cidade, ao ver o dragão acorrentado e então inofensivo teve medo, fechava a porta e espiava pela janela entreaberta o insólito espetáculo. O cavaleiro garantia a segurança a todos, afirmando que ele viera em nome de Cristo para libertar a cidade do dragão e anunciar a todos a salvação por meio do Batismo. O povo percebeu o significado do acontecimento e, a começar pela princesa e sua família, pediram o Batismo, deixando para sempre as práticas de escravidão às quais se submetiam até aquele momento.

O culto

O culto a São Jorge foi e continua sendo um dos mais difundidos no mundo cristão em todos os lugares. Sua imagem de cavaleiro com o dragão sob seus pés se de um lado alimenta a fantasia popular, de outro instrui também os analfabetos, infundindo nos cristãos a confiança na proteção divina também nos momentos mais difíceis da vida. Na Idade Média, São Jorge se tornou protetor dos cavaleiros e, de maneira particular, dos cruzados; numerosas igrejas foram dedicadas a ele. Devido a São Jorge, o reino da Geórgia e os reis da Inglaterra, a começar por Ricardo Coração de Leão, quiseram que ele fosse o patrono da casa real e de suas terras.

O imperador Constantino ergueu uma igreja em Constantinopla em homenagem a São Jorge. Entre os povos eslavos sua figura é muito apreciada.

Ainda hoje é incontável o número de igrejas católicas e ortodoxas dedicadas a ele, em todas as partes do mundo. Talvez a função histórica desses santos envoltos em lendas seja a de recordar ao mundo um só pensamento muito simples, mas fundamental : o bem, mesmo que demore, vence sempre o mal e a pessoa sábia nas escolhas fundamentais da vida não se deixa jamais enganar pelas aparências.’


Fonte : *Artigo na íntegra

https://revistaavemaria.com.br/sao-jorge-martir-seculo-iv.html