Por Eliana Maria
(Ir. Gabriela, Obl. OSB)
Missionário Comboniano
‘Escrevo este texto quando em Roma, onde me encontro, decorre a segunda
sessão da XVI Assembleia do Sínodo dos Bispos, sob o tema Como ser uma
Igreja sinodal: Comunhão, Participação, Missão. Sinto que as palavras que
escrevo se devem inserir neste contexto eclesial para ajudar os leitores a
sintonizarem com esta importante assembleia e a interessarem-se pelo que dela
sair.
Curiosamente é difícil perceber bem o que os membros desta assembleia
estão a dizer uns aos outros, numa dinâmica que concede tudo à partilha de
reflexões e à escuta de Deus e dos outros (com o método da conversação
no Espírito); as conferências de imprensa organizadas pela sala de imprensa
filtram e resumem naturalmente os conteúdos. Restam os testemunhos e reflexões
de alguns participantes e teólogos/as nos fóruns que estão a ser organizados,
numa tarde cada semana. Talvez sejam estes últimos as instâncias de maior
interesse para quem deseja escrever sobre o sínodo.
A partilha de reflexões entre os participantes está a ser guiada
pelo Instrumento de Trabalho. O foco parece estar na Parte Segunda,
que propõe os Percursos a fazer para se realizar a desejada
transformação missionária da Igreja; esta sessão do sínodo deveria acentuar o
como, os percursos concretos a percorrer, nas várias dimensões do viver
eclesial. Mas, neste âmbito, as expectativas são muito contidas. Por um lado,
os intervenientes nos fóruns continuam a fazer chover sobre o molhado; isto é,
a propor reflexões sobre questões adquiridas e sobre as quais há um consenso
eclesial alargado (como a afirmação que a missão é de todos na Igreja). Por
outro lado, o Papa Francisco pediu a várias comissões de teólogos uma reflexão
sobre algumas questões (mais fraturantes na Igreja hoje, como o lugar da mulher
e a identidade e modelos dos ministérios ordenados, etc.); ora, este trabalho
só estará concluído em Maio próximo, o que esvazia a eventual reflexão sinodal
sobre estes temas.
A perspectiva continua a ser a de aprofundar a sinodalidade para se
chegar a uma compreensão mais articulada das três grandes dimensões da vida da
Igreja: a do Um (o Primado do Papa), a de alguns (a Colegialidade dos
Bispos) e a Co-responsabilidade de todos (da comunidade dos
fiéis). Neste sentido, a colegialidade, mais do que um princípio canónico a
aplicar, é uma dinâmica de vida eclesial que integra sempre o Primado do papa,
a Colegialidade dos bispos, e a Co-responsabilidade e Dignidade dos fiéis.
Compreendemos que é necessário aprofundar as questões e estamos com o Papa
Francisco quando diz que «a Igreja é obra de Deus e não a construímos nós com
as reformas da moda». Mas também temos de assumir que a transformação da Igreja
requer uma passagem das palavras aos atos; e que aqui podemos pecar por
omissão, demorando nas decisões que levam a uma reforma, ou confundindo reforma
da Igreja com alguma decisão pontual (por muito significativa que possa ser,
como a nomeação de mulheres para postos de responsabilidade no Vaticano). O
coração e centro da Igreja (não é o Vaticano) é a comunidade dos fiéis que
guiada por um presbítero celebra a memória de Jesus, a Igreja local que guiada
por um bispo (ubi episcopus, ibi ecclesia = onde está o bispo, aí
está a Igreja!) celebra a Fé e testemunha o Evangelho de Cristo e o seu poder
de transformação.’
Fonte : *Artigo na íntegra
https://www.combonianos.pt/alem-mar/opiniao/4/1268/palavras-accoes-e-omissoes/
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