Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
‘São
Gregório Magno – Papa e doutor da Igreja – nasceu em 3 de setembro do ano 540 e
morreu a 12 de março do ano 604’
‘A música sempre teve um papel fundamental na
celebração litúrgica, mas, a partir de São Gregório Magno, ela recebe atenção
mais profunda e se torna necessária escola de oração. Após ter estudado Direito
e entrado para a política como prefeito de Roma, São Gregório Magno decidiu
retirar-se em um mosteiro, onde praticou a oração, o recolhimento e dedicou-se
aos estudos da Sagrada Escritura e dos padres da Igreja. De monge a Papa,
Gregório promove reforma litúrgica na Igreja e o canto e a música passam por
revisão e organização em vigor até os dias de hoje. Em sua obra Diálogos,
redigiu o exemplo de homens e mulheres com reflexões místicas e teológicas. O
segundo livro é sobre a vida de São Bento de Núrsia. O mosteiro beneditino
ofereceu grandes provas sobre a eficiência entre música, coro, oração e
trabalho. Inspirado no modelo musical que ressoa até os dias atuais pelos
claustros, Gregório compõe melodias próprias à liturgia e funda a Schola
Cantorum.
Antes de tudo, o canto gregoriano é oração. Sem
conceituar oração, não há possibilidade de entender e interpretá-lo. A Schola
Cantorum era inicialmente formada por clérigos e incluía um ‘cantor’
ou mais solistas. O sentido de haver um cantor ou solista é remontar à voz do
pastor que guia as ovelhas, isto é, quem nos guia é a Palavra de Deus e canto
gregoriano nada mais é do que a Palavra cantada. Por que cantada? Porque o
canto é a manifestação do corpo em movimento à Palavra, o exercício do Espírito
Santo para que a fé seja viva, pois a fé sem obras é morta. É um princípio que
o Concílio Vaticano II reforça com letras maiúsculas apontando o verdadeiro sentido
do canto em nossa vida de Igreja : ‘Os compositores, imbuídos do espírito
cristão, compreendam que foram chamados para cultivar a música sacra e para
aumentar-lhe o patrimônio. Que as suas composições se apresentem com as
características da verdadeira música sacra e possam ser cantadas não só pelos
grandes coros, mas se adaptem também aos pequenos e favoreçam uma ativa
participação de toda a assembleia dos fiéis. Os textos destinados ao canto
sacro devem estar de acordo com a doutrina católica e inspirar-se sobretudo na
Sagrada Escritura e nas fontes litúrgicas’ (Constituição Dogmática Sacrosanctum
Concilium, 121).
São Gregório faz reverberar em nossos ouvidos a
beleza da liturgia bem celebrada, da submissão do canto ao Espírito Santo e da
construção harmônica de sermos Igreja – o coro do Senhor. Interpretar a Palavra
de Deus pelo canto é mergulho na oração, meditação, contemplação interior. É
fazer da vida uma eterna salmodia! No livro Liturgia das horas e
contemplação, Anselm Grün diz : ‘Sem oração somos separados da vida divina
em nós. Sem oração ela é soterrada sob os escombros do barulho dos nossos
pensamentos e sentimentos’.
Que o canto da caridade seja o único canto de
nossos corações!’
Fonte : *Artigo na íntegra
https://revistaavemaria.com.br/gregorio-e-o-canto-gregoriano.html
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