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quinta-feira, 30 de maio de 2024

Missionários haitianos, vítimas de uma “trágica, desumana e absurda vida cotidiana”

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 

*Artigo de Giulia Mutti


O clima de violência no Haiti, que está nas mãos de gangues criminosas desde 29 de fevereiro, não para. ‘Em um lugar do qual não se fala mais há algum tempo, talvez para fazer as pessoas pensarem que as coisas já estão resolvidas’, explica Maddalena Boschetti, missionária italiana no estado caribenho, ‘este é o nosso trágico, desumano, absurdo, anormal, cotidiano’. Na semana passada, três missionários evangélicos, dois deles estadunidenses, foram mortos de forma extremamente violenta no orfanato pelo qual eram responsáveis, a poucos passos do Hospital São Camilo, em La Plaine, na capital Porto Príncipe, na frente das crianças que cuidavam.

A emboscada

De acordo com Maddalena Boschetti, a emboscada aconteceu repentinamente na quinta-feira, 23 de maio. Os três missionários deram a notícia da emboscada a seus entes queridos ao vivo, usando Wi-Fi, por meio de uma agitada troca de mensagens, e as imagens violentas apareceram posteriormente nas redes sociais. Apesar de todos os apelos, ninguém interveio e as gangues saquearam, vandalizaram, espancaram, mataram e queimaram os corpos com extrema violência. Dois jovens estadunidenese, Natalie e Davy Lloyd, de 21 e 23 anos, respectivamente filha e genro de um congressista republicano dos EUA, perderam a vida. Junto com eles, morreu também Jude Montis, o responsável haitiano do orfanato.

Violência silenciosa

A violência pode ser uma violência também com menos barulho. De acordo com o relato da missionária Boschetti, que está presente na área, as gangues mudaram de tática e estão ‘se disfarçando de heróis da pátria que libertaram o Haiti de um primeiro-ministro não eleito, não amado e indesejado’. No momento, eles estão usando alguns sequestros e algumas execuções, mas suas vítimas são principalmente motoristas de transporte público que, a cada poucos metros, ‘são obrigados a pagar um pedágio para a gangue que detém o poder naquele trecho da estrada’, explica a missionária. Por meio de um sistema violento, os bandidos param os veículos com armas de guerra, forçando os motoristas a entregar o dinheiro exigido, como se fossem tarifas reais que variam de acordo com os veículos.

A viagem da ‘esperança’

Diante dessa situação, são os passageiros que têm de pagar ‘porque’, conta Boschetti, ‘o custo da viagem aumentou de forma desproporcional. A conexão da capital para Mare Rouge, no noroeste do país, tornou-se muito cara, passando de 500 gourd para 7.500’. Uma proporção muito alta quando se considera que 60% da população do Haiti vive abaixo da linha da pobreza. Além do aspecto econômico, há o perigo de emboscadas por gangues que ‘extorquem e sequestram ônibus inteiros’. O dinheiro extorquido é então distribuído em bairros devastados pela fome e usado para fomentar manifestações contra a intervenção estrangeira no país.

O martírio e a coragem da fé

‘Nosso Papa nos convida a refletir sobre como, no martírio, já se realiza a união entre os cristãos’, enfatiza o missionário. ‘Esses irmãos e irmãs evangélicos são mártires em meu coração, como a irmã Luisa Dell'Orto ou a irmã Isa Sola, e são luzes para nos ajudar a ver o martírio de tantos irmãos e irmãs haitianos que continua na indiferença’. No clima de violência, no entanto, os mártires inspiram ‘a coragem da fé no Senhor da Vida, que nos convida a não ter medo, a esperar e a dar esperança, e a nos tornarmos grãos de trigo que caem na terra, dando, N’Ele, frutos de vida para todos’.

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://www.vaticannews.va/pt/igreja/news/2024-05/missionarios-haitianos-vitimas-tragica-desumana-cotidiana-vida.html


quarta-feira, 29 de maio de 2024

Fé, comunidade e tradição em torno do corpo de Cristo

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 
*Artigo de Renata Moraes


Passados sessenta dias após a Páscoa, a Igreja Católica celebra a Solenidade do Santíssimo Sacramento do Corpo e do Sangue de Cristo, mais conhecida como Corpus Christi. Essa data especial tem como objetivo central manifestar publicamente a fé no mistério da Eucaristia, que representa a presença real de Jesus Cristo na hóstia consagrada.

Em outras palavras, a festa de Corpus Christi é um momento para celebrar e reafirmar a crença de que, ao receber a comunhão, os fiéis comungam com o próprio corpo e sangue de Jesus, fortalecendo sua ligação com Deus.

Por meio de procissões pelas ruas, a comunidade católica demonstra publicamente sua fé e homenageia o Santíssimo Sacramento. Altares ornamentados, cantos religiosos e a participação fervorosa dos fiéis transformam essa data em uma grande festa de fé e devoção.

Mais do que uma simples celebração religiosa, a solenidade de Corpus Christi é um convite à reflexão sobre a fé e à renovação do compromisso com os ensinamentos de Jesus. É um momento para aprofundar a relação com Deus e reforçar a importância da Eucaristia na vida dos fiéis. 

Eucaristia : ápice da fé cristã e sacrifício do Senhor

A Eucaristia ocupa uma posição central na vida da Igreja. Na carta encíclica intitulada Ecclesia de Eucharistia (A Igreja vive da Eucaristia), o Santo Papa João Paulo II reafirma a importância da Eucaristia como ‘o cerne do mistério da Igreja’. O Concílio Vaticano II também havia declarado que o Sacrifício Eucarístico é a ‘fonte e o ápice de toda a vida cristã’.

Acima de tudo, a Eucaristia é o grande mistério da fé, conforme destacado no primeiro capítulo da encíclica. É o presente supremo de Jesus, que se oferece pela nossa salvação. Ao celebrarmos a Eucaristia, o evento salvífico da morte e ressurreição de Jesus torna-se verdadeiramente presente e eficaz. Esse sacrifício é tão importante para a salvação da humanidade que Jesus Cristo ascendeu ao Pai somente depois de nos deixar o meio de participar e desfrutar dos seus frutos salvíficos. A Eucaristia é o pão vivo que nos fortalece e revigora diariamente.

‘A Eucaristia é o pão de cada dia que se toma como remédio para a nossa fraqueza de cada dia’, já expressava o filósofo cristão e doutor da Igreja Santo Agostinho. O próprio Papa Francisco em diversos momentos falou sobre a fortaleza espiritual desse banquete : ‘A Eucaristia não é um prêmio para os bons, mas remédio para os fracos’.

Presença de Cristo na eucaristia na vida espiritual dos católicos

Em entrevista à reportagem da Revista Ave Maria, o filósofo e professor de História, Alexandre Ferreira Santos, falou sobre o papel da contemplação do mistério da presença de Cristo na Eucaristia na vida espiritual de um fiel. De acordo com Santos, a compreensão desse fenômeno vai além do conceito metafísico de estar presente no mundo, adentrando a esfera da teologia e da experiência espiritual.

‘É importante termos em mente que a ‘presença’, enquanto fenômeno, fundamenta o nosso ser no mundo, isso é algo metafísico. Quer dizer, quando estamos conscientes de que ‘estamos presentes’ abrimos mão de nossas ilusões de futuro e de nossas culpas do passado, por exemplo. Ao estarmos conscientes do tempo presente, inclusive temos a oportunidade de valorizar ausências que são queridas. Não é à toa que estão tão em alta as técnicas de mindfulness, de atenção plena etc.’, destacou o docente.

O filósofo prosseguiu relacionando essa compreensão com a presença de Cristo na Eucaristia, enfatizando que a experiência vai além de simplesmente estar consciente do momento presente. ‘Tudo porque Jesus nos chama a ir além de uma mera ‘metafísica da presença’ e experimentar a sua ‘teologia da presença’. Quando ele nos diz, em Mateus 28,20, ‘Eis que estarei convosco até o fim dos tempos’, Ele oferece para a vida espiritual do fiel cristão algo muito maior que qualquer técnica e meditação pode fazer por si mesma’, explicou o também teólogo.

Segundo Alexandre, estar na presença de Cristo na Eucaristia significa experimentar o reino de amor e o perdão alcançado na cruz, superando tanto as preocupações com o futuro quanto o peso das culpas passadas. ‘Em espírito e verdade somos capazes de alcançar tal status interior, mas Jesus Mestre não espera que alcancemos tal iluminação sozinhos, por isso oferece sua presença no Santíssimo Sacramento’, ressaltou.

Ao questionar o filósofo e teólogo Alexandre Ferreira Santos sobre o impacto da Eucaristia na vida comunitária dos católicos, sua resposta revela uma profunda reflexão sobre os princípios fundamentais da fé cristã e sua aplicação prática. ‘Jesus nos deixou a Eucaristia no pão e no vinho consagrados e nos colocou em torno da mesma mesa’, afirma ele, destacando a dimensão simbólica e comunitária da Eucaristia. 

Ele enfatiza também a fé na capacidade humana de convivência e solidariedade, inspirada pela presença de Cristo na celebração. ‘Ao recebermos a comunhão, recebemos também o Espírito Santo, que inflama em nós o amor’, destaca o teólogo, ressaltando o papel transformador da Eucaristia na vivência do amor fraterno. Ele ressalta a importância de reconhecer a presença de Cristo em cada pessoa, especialmente nos mais necessitados, alinhando-se com a opção preferencial pelos pobres estabelecida em Mateus 25.

‘Um estilo de vida simples, práticas sustentáveis e a militância contra o colapso climático são apelos que emergem das palavras da bênção sobre os dons do ofertório : ‘Bendito sejais, Senhor, pelo fruto da terra e do trabalho humano’. A vida brota da vida’, afirma o especialista, ecoando a ideia de que a plenitude da graça divina permeia toda a criação. Ele conclui destacando a necessidade de uma conversão pessoal e comunitária para promover a vida em abundância para todos os seres da criação.

A resposta do filósofo ressoa com a mensagem evangélica de amor, solidariedade e compromisso com os mais vulneráveis, inspirando os fiéis a viverem sua fé de forma autêntica e transformadora na comunidade e no mundo.

Testemunho público da fé nas ruas de Santana de Parnaiba

A celebração do corpo de Cristo na cidade de Santana de Parnaíba (SP) sempre aliou a devoção à beleza dos enfeites confeccionados pela comunidade nas principais ruas do centro histórico e ao longo dos anos tornou-se uma das maiores manifestações religiosas do Estado de São Paulo. 

Os tapetes são confeccionados com serragem colorida, que encantam pelo tingimento (são diversas cores vivas). Na confecção vale a criatividade de cada um, assim vários outros materiais são usados, como pó de café, casca de ovo, cal, madeira, flores, tecidos e até esculturas de barro.

‘O evento cresceu e cerca de 60 mil turistas visitam a cidade na data, que fica repleta de barracas de alimentação e artesanato. Toda a infraestrutura é cedida pela Prefeitura de Santana de Parnaíba e a organização da programação religiosa (missas, procissões etc.) é de responsabilidade da Paróquia Santa Ana, assim como a elaboração do tema, projeto de desenhos e distribuição dos tapetes, hoje confeccionados pela comunidade religiosa’, informou a assessoria de imprensa da Prefeitura Municipal de Santana de Parnaíba.

No próximo dia 30 de maio, a cidade se prepara para receber o Corpus Christi, evento anual marcado por sua tradição e significado religioso. Com o tema ‘Eucaristia, fonte de unidade e fraternidade’, a comunidade se reúne para celebrar a presença de Cristo na Eucaristia.

As atividades têm início às cinco da manhã, quando os moradores responsáveis pela confecção dos tradicionais tapetes de serragem se encontram na escola mais próxima do centro histórico. Após um café reforçado, cerca de mil voluntários das comunidades locais iniciam o trabalho de elaboração dos coloridos tapetes.

Às sete da manhã, no palco principal na praça 14 de Novembro, tem início uma série de momentos de oração e meditação, com destaque para as laudes às sete, o Terço mariano às oito, a pregação às nove e a santa Missa na matriz às dez e ao meio-dia. A programação ainda inclui a coroação de Maria às catorze horas, seguida pela santa Missa campal e procissão às quinze, com uma ressalva de que a programação está sujeita a alterações.

Após a conclusão da santa Missa, os fiéis saem em procissão pelas ruas do centro histórico, acompanhando o Jesus eucarístico e percorrendo quase um quilômetro de tapetes formados por serragem colorida. O evento, além de ser uma manifestação de fé, representa um momento de união e comunhão entre os membros da comunidade.

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://revistaavemaria.com.br/fe-comunidade-e-tradicao-em-torno-do-corpo-de-cristo.html


segunda-feira, 27 de maio de 2024

Que tal para, olhar e seguir os mandamentos da lei de Deus?

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

*Artigo do Padre Luiz Antônio de Araújo Guimarães 


Os mandamentos da lei de Deus são possíveis de ser colocados em prática, porém, é necessária uma predisposição para cumpri-los. Se não há uma abertura de coração, consequentemente o jovem não vai querer conhecê-los, a primeira coisa que dirá é que não é possível viver praticando-os. Assim como um sinal de trânsito, com as luzes vermelha, amarela e verde, contemplar os mandamentos exige a leveza ao parar, a clareza da atenção e a disposição em segui-los. 

Veja bem : a luz vermelha constitui a leveza para parar. É preciso parar diante dos mandamentos sem preconceitos, isto é, sem ideias preconcebidas, que muitas vezes levam, sobretudo os jovens, a não querer ouvir falar de Deus, nem muito menos cumprir os seus mandamentos e sequer ir à Igreja. Quem entra sem preconceito numa análise daquilo que lhe é proposto vê quanto bem aquilo tem a lhe oferecer. Os mandamentos, recordemos, é para que tenha a vida – semelhantemente às leis de trânsito – e não a morte. Se você passa a observá-los com leveza de alma, a primeira coisa que faz é parar para conhecer e refletir sobre. Quem conhece o suficiente vai, sem sombra de dúvida, querer se aprofundar e colocá-los em prática. Contudo, exige-se atenção!

A atenção, implícita no sinal de luz amarela, é para que você conheça bem o que é apresentado. Conhecer exige paciência, tempo. Por exemplo, as pessoas que, no trânsito, desejam continuar avante mesmo com o sinal amarelo correm o risco de sofrer acidentes. O sinal amarelo exige uma atenção redobrada. No tocante aos mandamentos, essa orientação vale tanto para os jovens quanto para os seus superiores. Para os jovens, a fim de que reflitam sem pressa sobre o que é apresentado, saibam o porquê de tal lei divina; já para seus superiores, a luz amarela é uma chamada de atenção para que estes sejam pacientes com a conversão desses meninos e meninas. Muitas vezes, o jovem, para acreditar em alguma coisa, leva tempo, por isso os seus superiores – pais, catequistas, padres etc. – tem que ir apresentando a eles os preceitos da lei de Deus, mas não sufocá-los com palavras ou atitudes que exigem uma conversão imediata. 

Após parar, conhecer e refletir minuciosamente, os jovens acionarão o sinal verde, tendo a disposição em alta para seguir os mandamentos. Não é porque os mandamentos constituem uma norma do bem viver da moral cristã que devem ser empurrados ‘goela abaixo’ dos jovens. As normas devem ser apresentadas com leveza, sem imposição, visto que o que não é imposição é feito com o coração. Por mais difícil que pareça  ser cumprir determinado mandamento, se a pessoa coloca primeiro o coração torna-se leve. É preciso empregar amor em tudo o que se faz, pois o amor fará germinar a fé e o desejo do seguir o que está prescrito, ‘Pois amar a Deus consiste nisto : que guardemos os seus mandamentos. E os seus mandamentos não são pesados, pois todo o que foi gerado de Deus vence o mundo. E esta é a vitória que vence o mundo : a nossa fé’ (1Jo 5,3-4).

Por fim, não tenha medo, tenha fé! Pare, contemple os mandamentos da lei de Deus sem uma visão preconceituosa; busque conhecer profundamente sobre cada um deles e, consequentemente, haverá de amar e segui-los. A grande regra é, pois, pare, olhe e siga! Deus ajudará você nesse caminho!

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://revistaavemaria.com.br/que-tal-parar-olhar-e-seguir-os-mandamentos-da-lei-de-deus.html


sexta-feira, 24 de maio de 2024

Pai, Filho e Espírito Santo, três em unidade

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 
*Artigo do Padre Rivelino Nogueira


O mistério trinitário é envolvente em si mesmo, ultrapassando todo ser vivo, e também nos é dado para a nossa salvação. Tudo provém do Pai, passa pelo Filho e se completa no Espírito Santo.

Orígenes, padre dos séculos segundo e terceiro, afirmou Deus como mistério. Deus é incompreensível e inatingível pelo conhecimento. Se existe alguma coisa que se compreende a respeito de Deus, devemos acreditar que Ele está de muitas maneiras para além daquilo que podemos julgar a seu respeito. Deus ultrapassa todas as coisas na beleza e em excelência, de modo indizível e inapreensível. Sua natureza não pode de modo algum ser captada nem pela mais pura e límpida inteligência humana. 

Podemos aqui exemplificar com a história que se faz bem pertinente ao falarmos do mistério da Santíssima Trindade : veremos como Santo Agostinho tentou penetrar esse mistério e como um anjo advertiu-o da impossibilidade de compreendê-lo plenamente.

Andando pela areia da praia, Santo Agostinho submergia certa vez em pensamentos profundos e altíssimos que se elevavam ao Céu. Entre seus raciocínios, pensava ele no mistério da Santíssima Trindade : ‘Como é que pode haver três Pessoas distintas – Pai, Filho e Espírito Santo – em um mesmo e único Deus?’.

Ele avistou, de repente, um menino com um baldinho, que ia até a água do mar, enchia o seu pequeno balde e voltava, despejando a água em um buraco na areia. Santo Agostinho, observando atentamente o menino, perguntou-lhe :

– O que estás fazendo?

O menino, com grande simplicidade, olhou para Santo Agostinho e respondeu :

– Coloco neste buraco toda a água do mar!

Diante da inocência do menino, o santo lhe sorriu e disse :

– Isso é impossível, menino. Como podes querer colocar toda essa imensidão de água do mar nesse pequeno buraco

O anjo de Deus o olhou então profundamente e lhe disse com voz forte :

– Em verdade, eu lhe digo : é mais fácil colocar toda a água do oceano neste pequeno buraco na areia do que a inteligência humana compreender os mistérios de Deus!

Com essa leitura, podemos afirmar que o mistério de Deus ultrapassa a realidade humana. Nós adoramos esse mistério! Ele mora nos corações humanos. É oferecido para nós e para a nossa salvação. Somos chamados a viver o mistério em nossas vidas e em cada momento. O mundo será melhor quando louvar o Deus uno e trino, pois a vida estará sobre a morte, o amor sobre o ódio, porque Deus é um só, presente no Pai, no Filho e no Espírito Santo. 

São Basílio, bispo de Cesareia, no século quarto, falou de Deus como mistério que ultrapassa o pensamento humano. Não se deve abranger a Deus por conceitos corporais porque Ele não é circunscrito na mente humana. A pessoa de fé afirma que o raciocínio humano jamais atingirá o infinito. É preciso refletir sobre Deus de acordo com sua potência, simplicidade de natureza, estando em toda a parte e ultrapassando a tudo. É intangível, invisível e foge à percepção humana. Nada acontece em Deus de modo idêntico ao que sucede conosco. Esse mistério tão grande e infinito fez o ser humano à sua imagem e semelhança.

Só existe um Deus, mas nele há três Pessoas divinas distintas : Pai, Filho e Espírito Santo. Não pode haver mais que um Deus, pois este é absoluto. Se houvesse dois deuses, um deles seria menor que o outro e Deus não pode ser menor que outro, pois não seria Deus.

O ser humano, somente por meio da razão, não consegue deduzir que Deus é uno e trino. Ele reconhece, todavia, a razoabilidade desse mistério ao aceitar a revelação de Deus em Jesus Cristo. Se Deus fosse só e solitário não poderia amar desde toda a eternidade. Iluminados por Jesus, encontramos sinais da Trindade de Deus já no Antigo Testamento (Gn 1,2; 18,2; 2Sm 23,2) e até em toda a criação.

Nos evangelhos, Jesus nos revela o mistério da Santíssima Trindade aos poucos. Primeiro ensinou aos discípulos que o reconheceram com o Filho de Deus. Quando sua vida terrena chegava ao fim, prometeu que enviaria o Espírito Santo e, após a sua ressurreição, revelou : ‘Ide, pois, e ensinai a todos os povos, batizando-os em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo’ (Mt 28,19).

Segundo o Catecismo da Igreja Católica, ‘O mistério da Santíssima Trindade é o mistério central da fé e da vida cristã. É o mistério de Deus em si mesmo. E, portanto, a fonte de todos os outros mistérios da fé e a luz que os ilumina. É o ensinamento mais fundamental e essencial na ‘hierarquia das verdades da fé’. ‘Toda a história da salvação não é senão a história do caminho e dos meios pelos quais o Deus verdadeiro e único, Pai, Filho e Espírito Santo, se revela, reconcilia consigo e se une aos homens que se afastam do pecado’’ (234).

Não professamos três deuses, mas um só Deus em três Pessoas : a Trindade consubstancial. O Pai é aquilo que é o Filho, o Filho é aquilo que é o Pai, o Espírito Santo é aquilo que são o Pai e o Filho, isto é, um só Deus por natureza. Cada uma das três Pessoas é essa realidade, isto é, a substância, a essência ou a natureza divina. 

  Guardemos sempre em nossos corações : ‘Por causa dessa unidade, o Pai está todo inteiro no Filho, todo inteiro no Espírito Santo; o Filho está todo inteiro no Pai, todo inteiro no Espírito Santo; o Espírito Santo, todo inteiro no Pai, todo inteiro no Filho’ (Concílio de Florença, 1442: DS 1331).

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://revistaavemaria.com.br/pai-filho-e-espirito-santo-tres-em-unidade.html


quarta-feira, 22 de maio de 2024

Magnificat

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 

*Artigo de Ricardo Abrahão 


A minha alma engrandece o Senhor, exulta meu espírito em Deus, meu Salvador! Porque olhou para a humildade de sua serva, doravante as gerações hão de chamar-me de bendita! O Poderoso fez em mim maravilhas e santo é seu nome! Seu amor para sempre se estende, sobre aqueles que o temem! Manifesta o poder de seu braço, dispersa os soberbos; derruba os poderosos de seus tronos e eleva os humildes; sacia de bens os famintos, despede os ricos sem nada. Acolhe Israel, seu servidor, fiel ao seu amor, como havia prometido a nossos pais, em favor de Abraão e de seus filhos para sempre!’ (Magnificat)

Maria cantou! Cantou porque escutou. Escutou porque fez silêncio. O canto na Igreja não é simples emissão sonora. É mergulho no Espírito Santo e expressa o amor de Deus com todo o ser. E foi nessa escuta que Deus olhou para a humildade de sua serva. No livro Mariologia, do autor José Cristo Rey García Paredes, publicado no Brasil pela Editora Ave-Maria, encontramos a excelência do Espírito Santo no canto de Maria :

 ‘A comunicação do Espírito a Maria não foi passageira, nem simplesmente funcional, pois essas não são as características do Espírito no novo eon; é preciso afirmar com Paulo que ‘os dons de Deus são irrevogáveis’ (Rm 11,29). Não é o Espírito do Novo Testamento o dom de Deus por excelência? O Espírito que fez a mãe do Filho de Deus, de Jesus, permaneceu nela como permanente força criadora, como continua fonte de maternidade e de acolhida da vocação do Pai. Sem o Espírito, Maria teria cessado de ser a Theotokos. Pela força do Espírito, Maria respondeu ‘fiat’, isto é, viveu um fiat incessante. Não só se transformou em mãe, também em crente, como o reconheceu, movida pelo Espírito, Isabel. Sob a força do Espírito, Maria proclamou o Magnificat, ou fez de sua vida um Magnificat existencial’.

Por isso, não se pode cantar na Igreja sem jubilus! Só canta o canto novo quem canta com júbilo! É o verdadeiro canto do coração. Cantar com impulso próprio, com sentimentalismo, com emoções narcísicas não é cantar com o coração. É um cantar com ilusão. Júbilo e barulho estão muito longe um do outro! Santo Agostinho nos ensina : ‘O jubilus é um tom que significa permitir que o coração gere aquilo que não conseguimos dizer. E a quem cabe esse jubilus senão ao Deus inexprimível?’. Anselm Grün nos explica de forma clara o pensamento de São João da Cruz : ‘João da Cruz volta a acatar o tema da jubilatio. Ele a vê como nível mais alto da união mística : as bodas espirituais e a transformação em Deus. A jubilatio é o novo cântico que a alma canta interiormente com a voz que Deus lhe dá. Ela é expressão da alegria duradoura que Deus dá à alma por meio da experiência de seu amor’.

A Igreja, movida pelo Espírito Santo, oferece a nós a Liturgia das Horas, o Ofício Divino, como escola de oração e material suficiente para cantarmos o cântico novo. O Magnificat é a escola de canto de Maria que nos ensina o silêncio, a escuta e a humildade em que o Senhor faz maravilhas!’

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://revistaavemaria.com.br/magnificat-2.html


segunda-feira, 20 de maio de 2024

Santa Rita de Cassia : Como uma mulher simples se tornou uma das santas mais populares da igreja católica

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

*Artigo de Katia Viviane da Silva Vanzini


É justamente na simplicidade de Santa Rita de Cássia que se explica o fato de ela ser uma santa tão querida e venerada entre os católicos. Na sua vida simples – foi filha, esposa, mãe, viúva e religiosa – ela conseguiu realizar grandes coisas, os ‘impossíveis de Santa Rita’, porque a fé no Deus do impossível nunca lhe faltou.

O próprio nascimento de Rita pode ter sido um desses impossíveis, pois seus pais já eram considerados idosos quando ela nasceu, na localidade de Roccaporena, em Cássia, na Itália. O ano mais provável do seu nascimento seria 1373 (Arias, 2005), sendo batizada com o nome de Margarita. ‘Rita’ provavelmente era um diminutivo carinhoso.

Os Impossíveis de Santa Rita

São muitos os impossíveis que cercam a história de Santa Rita. Quando bebê, enquanto seus pais trabalhavam no campo, ela foi cercada por abelhas que depositavam mel em sua boca sem fazer mal algum. Conta a tradição que, nessa mesma ocasião, um agricultor passou pela bebê após ter ferido a mão no trabalho e, ao tentar afastar as abelhas com a mão ferida, teria sido curado imediatamente.

Casamento e Maternidade

Aos 14 anos, Rita foi prometida em casamento e, pouco tempo depois de casada, teve dois filhos. Seu marido tinha fama de ser de difícil convívio, com crenças opostas às dela, e há quem diga que era violento e rude. Ela conseguiu converter o marido e acabar com as desavenças familiares.

No entanto, o marido foi assassinado, começando o calvário na vida de Santa Rita. Alguns relatos afirmam que, temendo que os filhos vingassem a morte do pai, Rita teria pedido a Deus que os livrasse desse pecado mortal. Pouco tempo depois, os filhos faleceram, vítimas de uma doença que assolava a Europa.

Eis então mais um impossível que Santa Rita teria que buscar : sobreviver à morte do marido e dos filhos e à solidão.

Vida Religiosa

Rita resolveu realizar um sonho de infância, a vida religiosa, buscando o Mosteiro Santa Maria Madalena, em Cássia. Mas sua entrada foi negada três vezes. A sua aceitação no mosteiro dependia da pacificação das famílias envolvidas na morte do marido e, quando conseguiu esse grande impossível, com a ajuda de seus santos de devoção — São Nicolau Tolentino, São João Batista e Santo Agostinho — ela foi aceita no mosteiro.

O Estigma na Testa

Um dos maiores símbolos de Santa Rita é o estigma na testa. Conta a tradição que, numa Sexta-feira Santa, comovida com o sofrimento de Jesus Cristo, ela teria pedido para sentir uma parcela da dor que Ele sentiu. Um espinho da coroa se desprendeu e a atingiu na testa, o estigma, uma ferida com a qual conviveu até sua morte.

Rosas e Figos

Ao final dos seus dias, doente e debilitada, Santa Rita não deixava de rezar pelos seus e pediu a Deus um sinal. Pediu a uma parente para buscar no jardim de sua casa uma rosa e dois figos. Apesar de ser inverno, a parente encontrou uma rosa e dois figos e os levou à Santa Rita.

Morte

Santa Rita faleceu no dia 22 de maio em 1447, cercada pelas religiosas do mosteiro. A ferida se transformou numa cicatriz e o ambiente foi invadido pelo cheiro de rosas. Sua morte foi anunciada pelo replicar dos sinos que tocaram em toda a região e centenas de pessoas vieram se despedir da monja tão amada por tantos.

Beatificação e Canonização

O processo de beatificação e canonização de Santa Rita foi tão demorado que podemos dizer que foi mais um impossível de Santa Rita. A beatificação ocorreu em 1619 e a canonização em maio de 1900, a primeira santa canonizada no século XX.

Hoje, Santa Rita é considerada uma das santas mais populares da Igreja Católica e a Basílica de Santa Rita de Cássia, onde está o corpo incorrupto da santa, é um local de visitação de devotos do mundo inteiro.

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://revistaavemaria.com.br/santa-rita-de-cassia-como-uma-mulher-simples-se-tornou-uma-das-santas-mais-populares-da-igreja-catolica.html


sábado, 18 de maio de 2024

Pentecostes, não estou sozinho!

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 
*Artigo de Rosa Maria Dilelli Cruvinel


No Cenáculo, na última ceia com seus discípulos, em seu discurso de despedida, Jesus revela de forma profunda e surpreendente a pessoa do Espírito Santo. O Espírito é anunciado ao longo da vida e missão de Jesus, mas foi no Cenáculo que tal anúncio culminou na revelação mais completa da pessoa e da missão do Espírito Santo. Eis a promessa que Jesus fez aos seus seguidores, que chega até hoje a todo aquele que crê : ‘E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Paráclito, para que convosco permaneça para sempre, o Espírito da Verdade, que o mundo não pode acolher, porque não o vê nem o conhece. Vós o conheceis, porque permanece convosco. Não vos deixarei órfãos’ (Jo 14,16-18).

No fim das sete semanas pascais, chegando o dia de Pentecostes, os Apóstolos estavam reunidos no Cenáculo à espera da realização da promessa do derramamento do Espírito (cf. At 2). Jesus derrama em profusão o Espírito como prometeu, a Páscoa de Cristo chega ao seu ápice na efusão do Espírito Santo, que é plenamente ‘manifestado, dado e comunicado como Pessoa Divina’ (Catecismo da Igreja Católica, 731).

Aqueles que recebem o dom do Espírito Santo e seus carismas são introduzidos pessoal e comunitariamente numa contínua relação de fé e comunhão com a Santíssima Trindade. Esta experiência pessoal com o Espírito Santo gera um ‘mais vivo sentido de Deus’ (Gaudium et Spes, 7). Por isso, é tão vital a necessidade do Espírito e dos seus carismas para a renovação e a vida da Igreja em seus membros.

Que beleza a obra que o Espírito realiza na vida dos nossos santos. Este ano, de forma particular, o Papa Francisco declarou que canonizará a Beata Elena Guerra, a quem o Papa João XXIII chamou ‘Apóstola do Espírito Santo’. Assim, ela escreveu ao Papa Leão XIII, no desejo de que toda a Igreja clamasse constantemente por um novo Pentecostes : ‘O Pentecostes não terminou; de fato, é sempre Pentecostes em todos os tempos e em todos os lugares, porque o Espírito Santo deseja ardentemente dar-se a todos os homens e, aqueles que o desejam, podem recebê-lo sempre; portanto, não temos nada a invejar dos Apóstolos e dos primeiros cristãos; nós temos que nos dispor, como eles, a recebê-lo bem e Ele virá a nós como veio a eles’ (Elena Guerra, 1985, p. 27).

A irmã Elena escreveu muitos livros estimulando as pessoas a viver uma vida no Espírito a fim de dar um testemunho autêntico de vida cristã e para tornar o Espírito Santo mais conhecido, amado e adorado a todos os povos.

Oremos a oração que Elena nos ensinou em sua Novena ao Espírito Santo : ‘Pai Santo, em nome de Jesus, envia seu Espírito para renovar o mundo.’

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://revistaavemaria.com.br/pentecostes-nao-estou-sozinho.html


quinta-feira, 16 de maio de 2024

Nigéria: religiosa cria grupo de ação comunitária para lutar contra o tráfico de pessoas

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 
A Ir. Anthonia Essien e sua equipa em Akwa Ibom, na Nigéria 

*Artigo da Irmã Oluwakemi Akinleye


A irmã Anthonia M. Essien é membro da Congregação das Servas do Santo Menino Jesus, na Nigéria. É professora de sociologia da religião e atual vice-chanceler da Universidade de Uyo, na Nigéria. Apesar da sua agenda sobrecarregada como professora universitária, a irmã Anthonia respondeu ao flagelo das vítimas do tráfico, aderindo de todo o coração à luta contra o tráfico de seres humanos através de programas de sensibilização e de aquisição de competências. «Fiquei comovida com as histórias das vítimas. Não conseguia dormir. Tinha que fazer alguma coisa por elas», disse a irmã Anthonia.

Vidas de crianças e adolescentes salvas

Desde 2021, a irmã Anthonia tem levado a cabo várias atividades pastorais nas aldeias rurais do Estado de Akwa Ibom, sensibilizando a população para os males do tráfico de seres humanos. Ela trabalha ativamente em colaboração com as agências locais de aplicação da lei para facilitar a detenção de traficantes e garantir que respondam à lei.

Recentemente, os seus esforços levaram ao resgate de várias crianças e adolescentes que tinham sido vendidos a traficantes no país. «Fiquei impressionada ao saber que algumas das crianças tinham sido vendidas por um adulto que conheciam», disse a irmã Anthonia. «A minha primeira reação, quando o pai de duas das crianças me disse que elas tinham desaparecido, foi envolver a polícia e o departamento estatal de combate ao tráfico. A sua resposta imediata levou ao salvamento das crianças».

Grupo de Ação Comunitária

A irmã Anthonia criou o conceito de um Grupo de Ação Comunitária (Yak Iyamma no dialeto da região para mobilizar a comunidade local na prevenção do tráfico de pessoas. Isto implica a formação dos líderes comunitários e dos jovens para que se tornem embaixadores da proteção dos membros da sua comunidade local contra os traficantes, e a capacitação dos jovens para a sua subsistência.

Graças ao apoio das suas religiosas, aos financiamentos de doadores locais e à Fundação Arise do Reino Unido, a irmã Anthonia e a sua equipa têm conseguido chegar a muitas pessoas vulneráveis nas comunidades rurais de Abiaokpo Ikot Abasi Inyang, no Estado de Akwa Ibom. «Todos os dias agradeço a Deus e rezo por quantos apoiam este trabalho, especialmente os nossos benfeitores», realçou a irmã Anthonia.

Campanhas contra o tráfico

Algumas das campanhas contra o tráfico do Yak Iyamma no Estado de Akwa Ibom foram realizadas nos mercados, nas ruas e nas aldeias do interior. A irmã Anthonia e a sua equipa foram ao encontro das pessoas sob o calor abrasador e as fortes chuvas. O seu objetivo era sensibilizar para as recentes atividades dos traficantes que roubam crianças e aliciam adolescentes da comunidade local e para a forma de unir esforços para travar este mal. «Temos de continuar a educar o nosso povo sobre as várias formas como os traficantes de seres humanos os enganam e as nossas vozes têm de ser mais altas, especialmente nos casos em que alguns membros da comunidade se tornaram vítimas», exortou a irmã Anthonia. Por vezes, o Team Yak Iyama teve de caminhar muitas horas para chegar a algumas comunidades locais, mas levou a cabo estas atividades de sensibilização com alegria e satisfação. 

Infelizmente, os traficantes de seres humanos na Nigéria continuam a alvejar as comunidades mais vulneráveis e marginalizadas. No entanto, a irmã Anthonia e a sua equipa, apesar de terem recebido muitas ameaças, não se deixaram intimidar na sua determinação de continuar a sensibilizar as comunidades rurais e a oferecer programas de aquisição de competências para responsabilizar os jovens, na sua luta contra o tráfico de seres humanos e no seu esforço por promover a proteção dos menores e dos mais vulneráveis na sociedade.

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://www.vaticannews.va/pt/igreja/news/2024-05/projeto-sisters-nigeria-irma-yak-lyamma-luta-trafico-pessoas.html


terça-feira, 14 de maio de 2024

Abadia mais antiga do mundo tem quase mil anos e mais de 100 monges: um oásis da Igreja na Europa

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 
Abadia de Heiligenkreuz, na Áustria. Rudolf Gehrig/CNA Deustch

*Artigo de CNA Deutsch


A abadia cisterciense de Heiligenkreuz, na Áustria, é a mais antiga ainda em atividade no mundo, com quase mil anos e mais de 100 monges. Nunca teve ‘interrupções’ na sua história e é agora um oásis da Igreja Católica na Europa.

Heiligenkreuz fica a cerca de 30 quilômetros de Viena, capital da Áustria. Os monges têm uma idade média de 49 anos, o que significa que são ‘jovens’ no ambiente eclesial, especialmente na Europa onde há cada vez menos vocações, diz o jornal italiano Avvenire.

Além disso, quatro ou cinco homens juntam-se todos os anos à abadia fundada em 1135.

Atualmente vivem ali 103 monges, 11 religiosos com votos temporários e seis noviços, todos liderados pelo abade Maximilian Heim.

‘O mais importante é o amor a Deus e aos outros’, diz o abade. ‘Num mosteiro beneditino [os cistercienses seguem a regra de São Bento], isto se completa com a tríade ora, lege et labora, ou seja, rezar, ler e trabalhar’.

Para o abade, também é importante ‘honrar o mandamento de Jesus ‘para que todos sejam um’ : a unidade dentro da comunidade sem igualitarismo e com a liberdade necessária para cada indivíduo, bem como a unidade com a Igreja na prática, isto significa unidade dentro da ordem, bem como com o papa e o bispo diocesano’.

O trabalho para resgatar outros mosteiros na Europa

No dia 21 de novembro de 2021, as duas últimas freiras beneditinas do mosteiro de Sabiona, em Chiusa, na província italiana de Bolzano, deixaram o local depois de 335 anos de presença ali.

O bispo de Bolzano-Bressanone, dom Ivo Muser, e a abadessa Maria Ancilla Hohenegger lamentaram o fato e manifestaram o desejo de que o mosteiro localizado continue a ser um lugar de peregrinação e um centro de vida contemplativa. Isso só foi possível algum tempo depois, graças à abadia de Heiligenkreuz.

Depois de inúmeras consultas, o capítulo conventual da abadia de Heiligenkreuz decidiu assumir o mosteiro de Sabiona no dia 14 de março, com o objetivo de criar um ‘centro espiritual’ na chamada ‘montanha sagrada’, como é conhecido o local onde está localizado, conforme dito pelo padre Johannes Paul Chavanne.

Os monges que irão para o mosteiro de Sabiona continuarão pertencendo à abadia de Heiligenkreuz.

O mosteiro cisterciense localizado na diocese alemã de Görlitzer, na fronteira com a Polônia também recebeu ajuda da abadia de Heiligenkreuz.

Em 2018, o bispo de Görlitz, Alemanha, dom Wolfgang Ipolt, pediu ajuda para o mosteiro cisterciense de Neuzelle, e conseguiu que a abadia enviasse seis dos seus monges em setembro daquele ano.

Com eles foi possível devolver à região essa parte da vida contemplativa, depois de 200 anos.

O papa Bento XVI e a abadia de Heiligenkreuz

Ao lado da abadia de Heiligenkreuz fica a Faculdade de Teologia Bento XVI, reconhecida como pontifícia em 2007. Acadêmicos renomados como Hanna-Barbara Gerl-Falkovitz, uma das maiores especialistas na obra do teólogo Romano Guardini e de santa Teresa Benedita da Cruz, ou o canonista Alfred Hierold, ex-reitor da Universidade de Bamberg, são professores lá.

Atualmente conta com 342 alunos, de 39 países como Alemanha, Áustria, Índia, Itália, Nigéria, EUA e Vietnã.

O abade Heim de Heiligenkreuz, membro do círculo de ex-alunos do papa Bento XVI, recebeu em 2011 o Prêmio da Fundação Joseph Ratzinger-Bento XVI .

Além de monge e teólogo, ele divulga temas relativos à fé e à teologia por meio de conferências e da publicação de uma série de livros : ambas as iniciativas são chamadas de ‘Auditorium’, disse então o cardeal Camillo Ruini.

No dia 9 de setembro de 2007, o papa Bento XVI falou aos monges de Heiligenkreuz. ‘Quis vir a este lugar rico de história, para chamar a atenção para a diretriz fundamental de São Bento, sob cuja Regula vivem também os cistercienses’, disse o papa na ocasião.

Secretário de Bento XVI e o cardeal Koch em Heiligenkreuz

Em abril deste ano, foi feita na abadia uma conferência intitulada ‘Beleza, exigências e crise do sacerdócio’, da qual participou Dom Georg Gänswein, secretário do papa Bento XVI; e o cardeal Kurt Koch, prefeito do dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos da Santa Sé.

O cardeal falou sobre a importância da Eucaristia para a Igreja; também para os primeiros cristãos. O secretário de Bento XVI destacou a necessidade de promover ‘uma teologia sólida do sacerdócio que possa resistir aos mal-entendidos do mundo moderno’.

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://www.acidigital.com/noticia/58053/abadia-mais-antiga-do-mundo-tem-quase-mil-anos-e-mais-de-100-monges-um-oasis-da-igreja-na-europa