Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
Patriarca Kirill no encontro de Primazes
das Igrejas Ortodoxas em Istambul
das Igrejas Ortodoxas em Istambul
*Artigo
de Giovanni Zavatta,
Osservatore Romano
Osservatore Romano
Kirill : criação da Igreja Ortodoxa da Ucrânia é ilegítima
O
Patriarcado de Moscou considera a criação de tal entidade totalmente ilegítima
e nula porque – reitera – ‘o atual
processo, politizado, de unificação forçada está longe das normas e do espírito
dos sagrados cânones’. É por isso que Kirill expressa ‘dor, espanto e indignação pelas ações anti-canônicas’ que levaram,
no dia 15 de dezembro na Catedral de Santa Sofia de Kiev, à realização do ‘Concílio de unificação’ e a consequente
eleição do metropolita de Perejaslav e Belaja Tserkov, Epiphanius (Dumenko), ‘Primaz da nova Igreja Ortodoxa Autocéfala da
Ucrânia’.
Kirill
recorda que na presidência do Concílio, além do metropolita Emmanuel -
representante de Constantinopla - havia um leigo - o presidente da República da
Ucrânia Petro Poroshenko - e sobretudo os líderes da ‘Igreja Ortodoxa Ucraniana - Patriarcado de Kiev’, Filaret
(Denisenko), e da ‘Igreja Ortodoxa
ucraniana Autocéfala’, Macario (Maletych), considerados pelos ortodoxos
russos como cismáticos, diferentemente do Metropolita Onófrio, primaz da ‘Igreja Ortodoxa ucraniana - Patriarcado de
Moscou’, a única ‘canônica’, de
acordo com o Patriarcado liderado por Kirill.
Ademais,
apenas dois dos noventa bispos desta Igreja participaram do encontro de
unificação, circunstância que levou Kirill afirmar a Bartolomeu : ‘Seus conselheiros haviam assegurado que o
episcopado da Igreja Ortodoxa Ucraniana (canônica) estava pronto a apoiar o
projeto político das autoridades de Kiev, que um número considerável de bispos
canônicos esperavam somente por sua bênção para separar-se de sua Igreja.
Repetidamente avisei a você - escreve Kirill dirigindo-se diretamente a
Bartolomeu – de ter sido enganado. Em suas decisões, você se refere à vontade
do povo ortodoxo ucraniano’, mas ‘foi
a vontade da esmagadora maioria do clero e leigos, o verdadeiro povo
eclesiástico da Ucrânia, que impeliu o episcopado da Igreja Ortodoxa Ucraniana
(canônica) a não responder aos seus convites e de se recusar a participar do ‘Concílio
de unificação’ do cisma ucraniano’.
O
patriarca de Moscou – em vista de 6 de janeiro, Solenidade da Teofania, dia em
que Bartolomeu fará a entrega no Fanar ‘do tomos de constituição da nova
Igreja autocéfala irmã’ – faz então uma tentativa extrema, pedindo ao
arcebispo de Constantinopla para reconsiderar as próprias decisões, para ‘salvaguardar a unidade da ortodoxia.’
Revogação do vínculo jurídico da carta de 1686
O
processo teve início oficialmente em 11 de outubro, quando por meio de uma nota
divulgada ao final do Sínodo do Patriarcado Ecumênico, era anunciado o
desejo de Bartolomeu de proceder à concessão de autocefalia da Igreja da
Ucrânia, de restabelecer o stauropegion do patriarca ecumênico
em Kiev e de reintegrar canonicamente ao seu grau hierárquico ou sacerdotal
Filaret Denisenko e Macario Maletych e os fiéis das suas Igrejas. Em resposta,
poucos dias mais tarde, Moscou rompeu a comunhão eucarística com
Constantinopla.
Com
o comunicado de 11 de outubro, Bartolomeu ‘revogou
o vínculo jurídico’ da carta sinodal de 1686, com a qual
Constantinopla, ‘pelas circunstâncias da
época’, concedia ao patriarca de Moscou o direito de ordenar o metropolita
de Kiev, eleito pela Assembleia clérico-laical da sua diocese, que
todavia ‘teria comemorado o patriarca
ecumênico em todas as celebrações da Divina Liturgia, proclamando e afirmando a
sua dependência canônica da Igreja mãe de Constantinopla’.
Kirill reivindica validade do documento
Na
carta de 31 de dezembro, Kirill refere-se de forma peremptória àquele
documento, reivindicando a sua validade. O Patriarcado de Moscou, de fato,
baseia-se neste documento para reivindicar sua ‘jurisdição’ sobre a autoridade de Kiev : ‘Vocês estão tentando reinterpretar o significado do conjunto dos
documentos assinados em 1686 pelo seu predecessor, o patriarca Dionisio IV e
pelo sacro sínodo da Igreja de Constantinopla. A matéria de tais documentos
históricos não provocou desacordos entre as nossas duas Igrejas por centenas de
ano. E agora vocês falam em ‘revogar’ a carta patriarcal e sinodal, porque ‘as
circunstâncias mudaram’’.
Entrega do tomos de
reconhecimento
O
apelo de Kirill a Bartolomeu, parece todavia superado pelos fatos. Uma nota da
sacra diocese ortodoxa da Itália e Malta (submetida à jurisdição canônica do
Patriarcado ecumênico) informa que ‘o
metropolita de Kiev e de toda a Ucrânia Epiphanius’ estará em Istambul na
manhã do sábado, 5 de janeiro, para visitar o patriarca Bartolomeu.
Naquele
dia, Epiphanius tomará parte no Te Deum na Igreja patriarcal e
após será recebido na Sala do Trono, onde haverá a ‘sagrada cerimônia de proclamação, com a assinatura do tomos de autocefalia da santíssima
Igreja da Ucrânia’. Também estará presente o presidente ucraniano
Poroshenko.
Domingo,
6 de janeiro, para a solene festa da santa Teofania, o metropolita Epiphanius
concelebrará com o patriarca Bartolomeu que, após a leitura do Evangelho,
entregará a ele oficialmente o pergaminho de autocefalia.’
Fonte
:
* Artigo na íntegra https://www.vaticannews.va/pt/igreja/news/2019-01/kirill-carta-bartolomeu-autocefalia-igreja-ucrania.html
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