Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
*Artigo
de Fernando Félix,
Jornalista
Testemunhas valentes
Se
a perseguição dos Fulani e de outros grupos radicais, como o Boko Haram ou os
ex-rebeldes Seleka na Nigéria, na República Centro-Africana e no Níger, ou pelo
al-Shabaab no Quénia e na Somália, é um dos maiores problemas para os cristãos
na região, o amor de Deus semeado pelos discípulos de Jesus Cristo, sobretudo
nas crianças, está a cultivar uma geração de pessoas capazes de testemunhar e
transmitir o Evangelho a outras gerações. Os mais novos aprenderam, na prática,
que a graça e a compaixão de Deus contrastam com os atos de ignorância, arrogância
e terrorismo praticados por extremistas religiosos e grupos interessados nos
recursos naturais.
O
testemunho heróico dos cristãos africanos acontece mesmo nos países onde os
ataques contra as comunidades cristãs são realizados pelo próprio Estado,
nomeadamente Argélia, Egito, Eritreia, Líbia, Sudão e Mauritânia. Nestes casos,
há uma institucionalização da intolerância, com leis e discursos de ódio contra
as religiões que não são as do Estado. O proselitismo, as conversões, a
presença de evangelizadores estrangeiros, por exemplo, são proibidos e
perseguidos, havendo casos punidos com pena de morte.
Alicerçados na fé
Qaraqosh
foi a última cidade de maioria cristã no Iraque a cair nas mãos do
autoproclamado Estado Islâmico (EI), em 2014. Como fez em outras localidades,
desde que surgiu em 2003, o EI quis subordinar os residentes. A maioria fugiu.
Houve assassínios e prática de escravatura ou violência sexual contra as
mulheres. Na altura, muitos prognosticaram que não haveria futuro para os cristãos
do país. Os números parecem dar razão aos pessimistas : antes de 2003, havia
cerca de milhão e meio de cristãos no Iraque, hoje, são perto de 300 mil.
Todavia,
em Junho de 2018, os extremistas islâmicos foram expulsos de Qaraqosh e os
antigos habitantes cristãos começaram a regressar à cidade. O padre George
Jahola, da Igreja Católica Síria, responsável pela paróquia, orgulha-se do modo
como a comunidade cristã está a reconstruir-se e a alicerçar o futuro do
Cristianismo no Iraque. «Uma das
primeiras coisas que me pediram, ainda antes de pensarmos na reconstrução das
casas, foi que celebrasse uma missa na igreja completamente danificada, por
dentro e por fora», lembrou o padre ao jornal digital Observador. Numa
cidade ainda sem escolas nem outros serviços públicos, são as Igrejas cristãs
(ortodoxas e católicas) que asseguram essas tarefas.
Em
Qaraqosh, como em muitas localidades iraquianas e na vizinha Síria, o objetivo
dos jihadistas de eliminar o Cristianismo não foi conseguido. Porque o
Cristianismo tem raízes naqueles territórios. No que é hoje o Iraque
aconteceram vários episódios bíblicos.
Resistência, diálogo e serviço
Na
Ásia, continente onde nasceram as grandes religiões, o Cristianismo continua a
ser obstruído e perseguido. Nos países onde os cristãos são minoritários, o
ateísmo do Estado (na China e Coreia do Norte) ou a religião que é maioritária
e, habitualmente, religião do Estado – seja Islã, Hinduísmo ou Budismo –
proíbem qualquer proselitismo que não seja praticado por eles, e os que se
convertem sofrem pressões para abandonar a nova religião, são discriminados,
presos por blasfêmia ou apostasia e, no extremo, são mortos.
Os
141 milhões de católicos que vivem nos 48 países asiáticos dão testemunho do
Evangelho por meio de uma convivência alicerçada no diálogo, na compreensão
mútua e na recusa de práticas violentas como retaliação ou afirmação.
São
duas as principais causas da perseguição aos cristãos americanos. Por um lado,
o conceito que se tem de secularismo e laicidade dos Estados, que tem promovido
uma verdadeira teofobia, isto é, rejeição absoluta de tudo o que tem que ver
com Deus e a religião. Neste ambiente, os cristãos aprendem a ser fermento. Por
outro lado, a lógica da corrupção e do capitalismo selvagem é intolerante para
com os cristãos que defendem os direitos dos pobres e do meio ambiente, mas
estes mantêm-se firmes.
A
Europa assemelha-se à América na teofobia. Todavia, a intolerância religiosa
vira-se para os imigrantes e refugiados muçulmanos que estão a chegar ao seu
território. Gerou-se uma cultura de suspeição e desconfiança, que quer impedir
novas vagas de migrantes.
Os
cristãos europeus são chamados a ter um coração inquieto, que não se deixe
acomodar, mas que procure fazer algo pela defesa da dignidade de cada pessoa e
da concórdia entre os povos e religiões.’
Fonte
:
* Artigo na íntegra http://www.alem-mar.org/cgi-bin/quickregister/scripts/redirect.cgi?redirect=EVuuuFZkuZQAGrjYRq
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