O Turquemenistão é um país interior da Ásia
Central. Situa-se ao longo da antiga Rota da Seda, que liga Pequim ao mar
Mediterrâneo e que durante séculos foi a via mais importante de ideias e de
comércio entre a China e o mundo ocidental.
‘De
acordo com etimologias populares que remontam ao século XI, a palavra turkmen
deriva do termo persa tir, que os Turcos pronunciam «tür» (flecha) e kàmon, que se pronuncia «keman» (arco). Ao que se pensa, os Persas chamar-lhes-iam assim
para salientar que eram arqueiros experimentados. Mas, com o passar do tempo,
os povos turcos esqueceram-se do significado da palavra e confundiram o sufixo
«man» – que mais tarde se tornaria «men» – com a palavra turca que significa
«eu» (de fato, na maior parte das
línguas turcas, turkmen significa «eu sou
turco»). Geograficamente, o Turquemenistão estende-se por uma área de
aproximadamente 500 000 km² e tem fronteiras com o Cazaquistão e o Usbequistão
a nordeste, com o Afeganistão a sudeste, com o Irã ao sul e com o mar Cáspio a
ocidente.
As cordilheiras de
Kopet-Dag e Paropamisos (Indocuche), em forma de S, delimitam as fronteiras do
país, enquanto a leste existem os desfiladeiros e as luxuriantes montanhas da
Reserva Natural de Kugitang.
O deserto de
Caracum é o coração do país. Cobre cerca de 80 por cento do território – uma
área de quase 40 000 km² – criando uma paisagem deslumbrante, que é muito mais
variada do que seria de esperar. O nome Caracum, que significa «areias negras» em línguas turcas, é
emblemático, porque a areia é o elemento natural predominante nesta zona. A
areia do deserto de Caracum contém um sal característico, resultante da
evaporação das águas do mar e dos rios da região e os resquícios de depósitos
minerais e alcalinos.
Tal como a maioria
dos países da região, o Turquemenistão é uma terra de antigas tradições nômades.
A sociedade turcomana tem mantido vivos os seus traços culturais, por meio do
uso das roupas tradicionais, que em alguns casos são o emblema do estatuto
social de uma pessoa, do artesanato dos tapetes e jóias, bem como pelas atividades
como a criação de cavalos, a caça e as danças tradicionais. Os poemas e as
canções folclóricas foram transmitidos oralmente de geração em geração antes de
serem passados a escrito no século XX.
O Turquemenistão
tem uma população de aproximadamente cinco milhões de habitantes. Atualmente,
85 por cento destes habitantes são turcomanos, 5 por cento usbeques e 4 por
cento russos. A homogeneidade étnica resulta em parte dos fluxos migratórios
das minorias russa e usbeque que se seguiram à fragmentação da URSS e
independência do Turquemenistão em 1991.
Para lá do deserto
No início da
década de 90, alguns padres católicos chegaram à Ásia Central, precisamente ao
Cazaquistão. Um grupo de católicos de origem alemã residentes em Turkmenbashy,
junto ao mar Cáspio, tendo tido conhecimento da presença de alguns padres na
Ásia Central, escreveu ao Papa João Paulo II pedindo que fossem enviados
sacerdotes para a sua zona. O papa reencaminhou a carta para o núncio em
Almaty, no Cazaquistão, arcebispo Marian Oles, que se deslocou a Turkmenbashy e
depois informou o Vaticano sobre a sua visita a essa comunidade. O papa
entendeu que era altura de abrir uma missão católica no Turquemenistão e o
próprio núncio foi encarregado de encontrar os missionários adequados para
enviar para Turkmenbashy.
Os Oblatos de
Maria Imaculada aceitaram a incumbência. O padre Marcello Zago, o superior
geral, escolheu o padre Andrzej Madej, da província polaca, que chegou a
Ashgabat em 1997.
Passados dezoito
anos, a Igreja no Turquemenistão é composta hoje em dia por cerca de 160 batizados
e outros tantos catecúmenos, pessoas de diferentes nacionalidades e diferentes
origens. «Entre 1997 e Março de 2010, a
Igreja no Turquemenistão foi apenas um gabinete da Nunciatura Apostólica, com
estatuto diplomático», afirma o padre Andrzej. «Mas, em Março de 2010, obtivemos o reconhecimento legal do Ministério
da Justiça como Igreja Católica Romana do Turquemenistão. A comunidade de
Ashgabat era obviamente a maior, mas há também famílias católicas em
Turkmenbashy, Mary e mais algumas aldeias e vilas.» A comunidade católica
no Turquemenistão é servida por três padres e cinco religiosos.
O padre Andrzej
faz um balanço dos dezoito anos que passou no Turquemenistão. «Criamos uma missão católica romana e, apesar
de constituírem ainda uma comunidade pequena, os católicos estão a crescer. A
nossa prioridade é a evangelização. Temos também o ‘ministério dos sacramentos’.
A nossa missão pretende ser uma fonte de alegria e um raio de luz no deserto de
Caracum, espalhando a mensagem de Jesus de amor, solidariedade e esperança,
sempre no respeito pela cultura e pelas tradições deste belo país.»
O padre Andrzej
realça também os antecedentes e nacionalidades diferentes dos membros da
comunidade católica do Turquemenistão. «Todos
os domingos, fiéis de quinze nacionalidades diferentes celebram a Eucaristia.
São egípcios, filipinos, polacos, italianos, americanos, coreanos, etc. Ao
mesmo tempo, a comunidade católica foi estabelecendo uma boa relação com a
população do Turquemenistão.»
E, conclui o padre
Andrzej, «há também algumas vocações a
despontar dentro desta pequena comunidade. A nossa presença pretende ser um
sinal. Posso dizer que a vida da comunidade de Ashgabat é diferente todos os
dias, todos os dias existem novas oportunidades de encontro. Praticamos formas
de ecumenismo e cuidados aos outros. A Boa Nova fascina e atrai pessoas para
Jesus. A Palavra de Deus tem o poder de unir pessoas que estão dispersas ‘como
ovelhas sem pastor’. Hoje, a Igreja é uma comunidade de reconciliação, que cura
os corações e as feridas da separação, proporcionando nova paz e confiança»’
Fonte :
* Artigo na íntegra http://www.alem-mar.org/cgi-bin/quickregister/scripts/redirect.cgi?redirect=EuuAulZyVyTJCeQNBD
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