VII Domingo de Páscoa – Ascensão do Senhor
Ano B – 17 de Maio de 2015
Atos 1,1-11
Salmo 46
Efésios 1, 17-23 ou 4, 1-13
Marcos 16, 15-20
Reflexões
‘A Ascensão de Jesus ao céu apresenta-se sob três aspectos complementares :
1º, como gloriosa manifestação de Deus (I leitura) com a nuvem das aparições divinas, homens vestidos de branco, bem quatro referências ao céu em apenas dois versículos, anúncio do regresso futuro… (v. 9-11);
2º, como remate de uma empresa difícil e paradoxal, mas bem sucedida (II leitura) : Jesus, subindo ao céu, distribui dons aos homens e é a plenitude de todas as coisas (v. 8.10);
3º, como envio dos apóstolos para uma missão tão vasta como o mundo (Evangelho).
Os acontecimentos finais da vida terrena de Jesus dão sentido e iluminam o atribulado percurso anterior. ‘Por isso João fala de exaltação, fala de ascensão de Jesus no mesmo dia da morte na cruz : morte-ressurreição-ascensão constituem um único mistério pascal cristão que vê a recuperação em Deus da história humana e do ser cósmico. Também os quarenta dias, de que se faz menção em Atos 1,2-3, evocam um tempo perfeito e definitivo e não devem ser vistos como uma informação cronológica’ (G. Ravasi).
O cumprimento, o epílogo, da Páscoa de Jesus está na origem da alegre esperança da Igreja e da ‘confiança serena’ dos fiéis de um dia se encontrarem ‘na mesma glória de Cristo’ (Prefácio). É esta a origem do empenho apostólico e do optimismo que anima os missionários do Evangelho, na certeza de serem portadores de uma mensagem e de uma experiência de vida bem sucedida, graças à ressurreição. Acima de tudo, é vida plenamente alcançada em Cristo; e é já, ainda que só de forma inicial, uma vida bem sucedida nos membros da comunidade cristã. Os frutos estão aí : é preciso olhar para eles e saber apreciá-los.
Motivados interiormente por semelhante experiência positiva de vida em Cristo, os Apóstolos – e os missionários de todos os tempos – tornam-se suas ‘testemunhas em Jerusalém, em toda a Judeia e na Samaria e até aos confins da terra’ (At 1,8), num itinerário que se abre progressivamente do centro inicial (Jerusalém) em direção à periferia tão vasta como o mundo. O mundo inteiro é, de fato, o campo ao qual Jesus, antes de subir ao céu, envia os seus discípulos (Evangelho) : ‘Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a todas as criaturas’ (v. 15). Em algumas representações, a solenidade da Ascensão é retratada com dois pés que saem da nuvem que envolve o corpo de Jesus. São os pés da Igreja missionária, os pés com que Jesus continua a caminhar hoje pelos caminhos do mundo.
A Ascensão, portanto, não é festa de despedida ou de adeus, mas festa de envio, de missão. Uma missão que se realiza graças à presença permanente do Senhor, que atua juntamente com os evangelizadores e confirma a Palavra com os milagres (v. 20). Ele garante-nos : ‘Eu estarei convosco todos os dias’ (Mt 28,20).
Os verbos do envio em missão mantêm a sua perene atualidade : ‘ir’ indica o dinamismo e a coragem para se inserir nas sempre novas situações do mundo; ‘pregar o Evangelho’, para que os povos se tornem seguidores não tanto de uma doutrina, mas de uma Pessoa; ‘acreditar’ alude à obediência da fé; ‘batizar’ indica o sacramento que transforma e insere as pessoas na vida trinitária e eclesial.
Os apóstolos põem de imediato em prática o mandamento de Jesus : ‘Partiram a pregar por toda a parte’ (v. 20). As últimas palavras dos quatro Evangelhos são um lançamento da Igreja em missão – uma Igreja em estado permanente de Missão! – para continuar a obra de Jesus. Por toda a parte, sempre! Com o empenho de cada um, segundo o proverbial ‘arregaçar a mangas’, para que o projeto iniciado por Jesus chegue a transformar as pessoas a partir de dentro, no coração, e, dessa forma, se crie um mundo mais justo, fraterno, solidário. O olhar para o céu – meta final e inspiradora da grande viagem da vida – não distrai e não tira energias, antes estimula os cristãos e os evangelizadores a ter um olhar de amor sobre o mundo, um empenho missionário ajustado às situações concretas, generoso e criativo. Pela vida da família humana!’
Fonte :
* Artigo na íntegra de http://www.alem-mar.org/cgi-bin/quickregister/scripts/redirect.cgi?redirect=EuFEyApZAklXDxFVGW
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