‘Na última quarta-feira (dia 12 de
novembro), na conclusão da Audiência geral na Praça São Pedro, no Vaticano, o
Papa Francisco, com a voz embargada, deu voz mais uma vez ao sofrimento de
milhares de cristãos em todas as partes do mundo. O Papa dirigiu seu pensamento
para aqueles que sofrem por causa da fé. Os tempos modernos nos levam ao
passado, ao tempo das primeiras perseguições, dos primeiros mártires, quando os
sequazes do Homem de Nazaré padeceram sob o fio da espada, da lapidação ou da
crucificação. Hoje o castigo infligido aos cristãos não é tão diferente dos
primeiros tempos. O que mudou talvez seja o número de pessoas que sofrem o
horror da perseguição : de todas as partes do planeta vozes sofredoras, sufocadas
pelo silêncio da indiferença, buscam respiro no cenário internacional,
para poder ver a sua dignidade preservada.
O Papa Francisco descreveu a sua grande
tristeza pelos casos dramáticos de cristãos que são perseguidos e mortos em
todas as partes do mundo por causa da sua fé. O Santo Padre não citou os casos,
mas basta falhar os jornais, visitar os sites na internet para ter o mapa do
sofrimento indescritível de pessoas inocentes, cujo pecado é ser seguidor de
Jesus Cristo. O Papa disse que sentia a necessidade de expressar a sua profunda
proximidade espiritual às comunidades cristãs duramente atingidas por uma
violência absurda que não dá sinais de aplacar-se.
Essa afirmação ‘não dar sinais de aplacar-se’, nos chama a atenção para o horror e
a violência que estão se desenvolvendo e crescendo na sociedade moderna, para o
fato que vão continuar, se quem tem o poder para frear a mão e a vontade de
Caim, não fizer algo para deter a insanidade de quem vê no outro um inimigo, e
não um irmão, com direitos e dignidade.
No mundo de hoje, são muitas as pessoas
que carregam a sua cruz que se tornou ainda mais pesada pelo ódio da fé,
carregam a cruz e suportam a coroa de espinhos. Seu único pecado, ser cristão.
São pessoas expulsas de suas casas, são torturadas, assassinadas. São
milhares os cristãos martirizados, em pleno século 21 : basta pensar em
países como, Paquistão, Afeganistão, Iraque, Síria, entre outros.
O Papa encorajou pastores e fiéis a
serem fortes e firmes na esperança. Sim, a esperança dá o tom ao cristão.
Esperar que os corações de pedra se transformem em corações de carne, onde o
sentimento e o respeito pelo outro seja o caminho comum que conduz o homem
pelas estradas da vida. Esperança de que os responsáveis políticos e todas as
pessoas de boa vontade, ‘empreendam uma
vasta mobilização de consciências em favor dos cristãos perseguidos. Eles têm o
direito de encontrarem em seus países segurança e serenidade, professando
livremente a nossa fé’, disse o Papa.
Ousamos dizer que a perseguição dos
cristãos, poderá se transformar, permitam-me a metáfora, num câncer sem
controle, que poderá atingir toda a sociedade; não serão então só os cristãos a
serem perseguidos, mas todos aqueles que tiverem ideias, costumes, cor, modos
diferentes. E vão pagar tudo isso com o alto custo do sangue derramado. Os
nossos irmãos cristãos pagam um preço por serem cristãos e não abandonarem a
sua fé. Esse é um grande ensinamento para todos nós.
Mas o que podemos fazer diante de
tamanho horror que se alastra : certamente a oração é a primeira arma do
cristão, na qual podermos oferecer e entregar tudo nas mãos de Deus. Mas também
devemos agir como cristãos, jamais sermos indiferentes a uma realidade que
corrói a dignidade da pessoa, a sua liberdade de expressar a sua fé, a sua
liberdade de vida. Devemos pedir, exigir que os governos e as pessoas
responsáveis pelo futuro de nossos países e do nosso mundo, protejam e
preservem os direitos e a liberdade fundamental dados por Deus. Os governos do
mundo têm o dever de agir para aliviar os sofrimentos dos inocentes.
O mundo deve combater pela vida de seus
habitantes, pela sobrevivência da dignidade do ser humano.
O silêncio não pode ser tolerado,
sobretudo diante do esforço de pessoas que continuam professando sua fé. A dor de um cristão que vê sua fé pisoteada
deve mexer com a nossa consciência.’
Fonte :
* Artigo na íntegra de http://www.news.va/pt/news/editorial-silencio-da-indiferenca
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