*Artigo de Dom Demétrio Valentini,
Bispo de Jales - SP
‘Neste domingo dia 05, enquanto no
Brasil se realizam as eleições, em Roma começa o Sínodo Extraordinário sobre a
Família, convocado pelo Papa Francisco.
Nunca um sínodo suscitou tanto
interesse como desta vez.
Em primeiro lugar, porque o assunto é
urgente, e se reveste de dramaticidade, tal a problemática enfrentada hoje pela
família.
Mas a razão do interesse não é só esta.
Este Sínodo traz a marca registrada do Papa Francisco. Foi decisão sua,
convocar um Sínodo Extraordinário para a Igreja se defrontar, sem rodeios nem
evasivas, com a complexa realidade vivida hoje pelas famílias.
Visto na perspectiva mais ampla da
conjuntura atual, este Sínodo vem completar a definição do perfil deste
pontificado. É o arremate que faltava, para deixar bem desenhado o projeto que
este papa acalenta. Ele deseja ver a Igreja se aproximando da sociedade, não
para condená-la, mas para se colocar, solidariamente, ao lado da sociedade.
O foco desta solicitude pela família
não é em primeiro lugar urgir uma visão teologicamente correta da família. Mas
antes, de ir ao encontro das pessoas que se sentem envolvidas pela problemática
familiar, na tentativa de lhes oferecer apoio para as opções concretas que
precisam assumir.
Neste sentido, dá para transferir para
a família de hoje as palavras que Cristo pronunciou a respeito da missão que
ele tinha a cumprir neste mundo. ‘Deus
enviou o seu Filho ao mundo, não para condenar o mundo, mas para que o mundo
seja salvo por ele’.
Por mais complexas que sejam as
situações, vividas hoje pelas famílias, sempre é possível encontrar um terreno
comum, entre Igreja e Sociedade, entre Pastoral da família e situações
familiares problemáticas, e assim promover iniciativas válidas de enfrentamento
das dificuldades.
Algumas insistências do Papa Francisco
encontram na família a possível concretização.
Ele insiste numa Igreja misericordiosa,
portadora do perdão que Deus oferece a todos, gratuitamente, propõe uma Igreja
acolhedora, que não exclua ninguém de participar da comunidade e sonha com uma
Igreja de portas abertas, não só para acolher bem todos que a procuram, mas
também para sair e ir ao encontro de quem se encontra mais fragilizado e mais
necessitado de apoio.
Pois bem, estas recomendações todas
encontram concretude no contexto da realidade vivida hoje pelas famílias.
Sem deixar de apontar os valores
ideais, que sempre precisam servir de referência para qualquer abordagem que se
faça a respeito da família, sempre é possível promover ações solidárias em
benefício das famílias, em especial as que mais necessitam de apoio.
Toda a expectativa suscitada por este
sínodo, se volta para as possíveis medidas pastorais, que a Igreja poderá
assumir e propor em favor das famílias.
Esperamos que estas expectativas se
realizem, e não sejam bloqueadas por resistências internas que as inviabilizem.
Vale a pena continuar apostando na
família!’
Fonte :
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