*Artigo de Ivanaldo Santos
‘A sociedade contemporânea é marcada
por dois fortes, problemáticos e tristes fenômenos. Esses fenômenos são o triunfo do niilismo e o genocídio dos
cristãos. O niilismo é uma expressão cultural, de origem filosófica, que
desde o século XIX prega, com agressividade, que não existe nenhum valor ético,
religioso ou princípio filosófico. Por causa disso, o niilismo defende a morte
de Deus, a dissolução da Igreja, o fim da família, o fim da sociedade
tradicional, herdada dos gregos antigos, e o abandono de qualquer idéia ou
noção que possa representar algum principio ético e filosófico. O niilismo
deseja criar uma sociedade pós-ocidental, pós-moderna, pós-cristã, pós-Igreja,
pós-metafísica, pós-ética e pós-família. Como representantes da cultura
niilista é possível citar, por exemplo, pensadores como : Marx, Freud,
Nietsche, Heidegger, Foucault e Rorty.
Desde o século XIX e principalmente
após a década de 1950 o niilismo faz muito sucesso entre a elite cultural,
artista, política e econômica do Ocidente. Trata-se de uma elite que, em grande
medida, se alto proclama como sendo pós-ocidental, pós-cristã e coisas
semelhantes. Por causa disso essa elite fala, entre outras coisas, em
democracia, em direitos das minorias, em direitos humanos e em pluralidade
cultural.
Como consequência do avanço do niilismo
no Ocidente vê-se, com frequência, políticas e ações sociais que valorizam, por
exemplo, o uso das drogas ilícitas, o aborto e a união homossexual, mas, na
contramão, poucas ações voltadas para a família e para a vida religiosa.
O grande grupo que é excluído das
políticas e ações niilistas são os cristãos. Atualmente os cristãos são o grupo
social mais perseguido em todo o planeta Terra. Da Ásia, da África, passando
pelo Oriente Médio, pelos países governados por regimes totalitários, como a
Coreia do Norte, China e Cuba, passando pelo círculo bolivariano (Venezuela,
Equador, Bolívia, etc) até chegar as democracias liberais (EUA, Inglaterra,
etc) os cristãos sofrem algum tipo de preconceito e de perseguição.
Praticamente todos os dias são publicados notícias que dizem, por exemplo, que
um grupo de cristãos fora queimado vivo, que outro grupo de cristãos
fora sumariamente fuzilado e outras coisas terríveis. Todos esses atos de
barbárie e violência acontecem apenas porque essas pessoas são cristãs.
O auge dessa perseguição contemporânea
aos cristãos, uma perseguição pós-ocidental, pós-moderna, etc... é o genocídio
praticado contra os cristãos e contra outras minorias religiosas e étnicas no Oriente
Médio. Esse genocídio acontece nos dias atuais e é praticado pelo Estado
Islâmico (EI) e por outros grupos radicais e fundamentalistas que, dentro do
Oriente Médio, desejam destruir totalmente os cristãos e as demais minorias.
Atualmente no Oriente Médio é comum os cristãos serem fuzilados, crucificados,
enforcados e degolados.
Dentro de toda essa triste realidade, o
surpreendente é que a atual elite Ocidental, uma elite niilista, que se alto
proclama de democrática e de pluralista, quase nada diz ou faz para proteger os
cristãos massacrados no Oriente Médio e até mesmo os cristãos perseguidos em
outras regiões do mundo. É surpreendente que a elite econômica e cultural do
Ocidente gaste milhões e milhões de dólares em projetos ambientais e em campanhas
a favor do aborto, mas fique quase que totalmente calada, paralisada diante das
atrocidades cometidas pelo Estado Islâmico e seus aliados contra os cristãos e
outras minorias.
Como adverte Richard Weaver, as idéias
têm consequências. Depois da elite ocidental se embriagar, por quase 180 anos,
com as ideias niilistas, essa mesma elite fica chocada ao ver uma árvore ser
derrubada, mas não diz quase nada, pouco fala diante da
perseguição aos cristãos em vários países do mundo e especialmente do genocídio
dos cristãos no Oriente Médio.
É tempo de haver uma reflexão
autenticamente crítica diante das ideias niilistas. Junto com essa reflexão,
reconhecer que os cristãos são seres humanos portadores de direitos humanos e
de dignidade e respeito Se as árvores precisam ser respeitadas, os cristãos
massacrados no Oriente Médio também necessitam ser protegidos e preservados. O
niilismo criou um homem que paradoxalmente não pensa no próprio homem. Por
causa disso, é tempo de criticar o niilismo e, com isso, passar a ver os seres
humanos que realmente estão sofrendo e sendo vítimas de todas as formas de
violência, de brutalidade, de tortura e de genocídio.’
Fonte :
* Ivanaldo
Santos, filósofo, doutor em estudos da linguagem pela UFRN e professor do
Departamento de Letras e do Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade
do Estado do Rio Grande do Norte (UERN)
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